Baby Girl 2: DESTROYED

Capítulo 6

Z A Y N.

Está escuro, as coisas a minha volta não existem, estou preso em um ambiente vazio e escuro. O silêncio reina, escuto somente meu coração acelerado e minha respiração desregulada. A voz em minha cabeça soa alto como se meu eu maligno estivesse ao lado. Ando e corro na escuridão a procura de alguma coisa, uma luz, uma voz, uma pessoa. Não encontro nada. Estou sozinho. O som dos meus passos ecoa pelo ambiente silencioso. Estou desesperado, preciso sair desse maldito lugar, mas não há fim nessa sala escura, não há saída.
Sento-me no chão. As horas passam e nada muda, estar sozinho me faz pensar e pensar muito me faz querer morrer.

"Está na hora de voltar." Um sussurro é soprado da escuridão. E sem que precise me manifestar, uma imagem minha aparece. Ele, ao contrário do meu estado atual, estava sadio e com alguns músculos a mais. "Você precisa parar de achar que é o mocinho ou o herói. Você não é."

Olho para meu próprio rosto e acompanho seu olhar. Uma outra versão minha sai das sombras, coberto por sangue, carregando a Skye nos braços. Ela estava morta e eu a tinha matado.

"Pare de sentir pena de si mesmo." Minha imagem ensanguentada fala e  caminha até minha outra versão, ele tira uma arma da cintura e atira na cabeça do outro, virando-se em minha direção. "Precisa ter noção de quem você é se não quer vê-la morta!" Ele berra e aponta a arma em minha direção. "Você é o vilão!" E sem exitar, aperta o gatilho.

Abro os olhos, sentindo meu corpo doer. O lustre no teto me diz onde estou. Não lembro de ter chego até aqui. Com esforço, sento na cama, olho a minha volta, analiso meu corpo. Eu estava no meu quarto, estava limpo e com curativos feitos. Uma agulha depositava soro em minhas veias, eu a tiro. Retiro a coberta pesada de cima de mim e me esforço para levantar. Meus pés tocam o chão, no entanto minhas pernas me traem e caio. Meu corpo todo doía, se não estivesse acostumado a estar constantemente ferido, a dor seria um grande problema. No entanto, o que está me fodendo é o fato de não estar forte o suficiente para me manter em pé sozinho. Me concentro em depositar força nos braços, me apoio na cama e a pouca força que me resta uso para me levantar. Minhas pernas tremem e ameaçam me jogar no chão outra vez, mas me apoio na cama e começo a andar. Paro em frente ao espelho e vejo meu reflexo, estou preso em um corpo quase morto. Desvio o olhar, sentindo repúdio. Estou um lixo. Com muito esforço consigo sair do quarto e chegar até  uma janela, meus olhos vão até o cemitério, minhas rosas estavam quase mortas e os túmulos sem nada. As rosas brancas marchavam, quase mortas, assim como eu. Era como olhar no espelho outra vez e as rosas me refletissem. Morrendo junto comigo.
Observo cada canto da casa, estava tudo limpo, as marcas de tiro ainda estavam ali, porém, tudo estava organizado. Ao chegar na escada, me apoio no corrimão e desço os degraus com dificuldade. Tudo que faço agora é difícil e me causa dores intensas. Escuto algumas vozes na cozinha, não consigo reconhecer nenhuma até porque estavam abafadas por mais dois cômodos. Porém, antes que eu possa terminar de descer os últimos degraus, a mulher pela qual sou louco surge a minha frente. Meu coração dispara, eu devo ter morrido ou ainda estar sonhando. Ela estava com o Liam, certo? Pisco algumas vezes para ver se não é uma alucinação, mas a imagem da garota não some. Ela está bem a minha frente, tão surpresa quando eu, mas por que não estou feliz em vê-la? Ela está em perfeito estado, com o corpo mais gostoso do que me lembrava, e mais bela do que nunca. Mas algo não está certo. A Skye parece ficar pálida ao me ver. Uma mão em seu ombro chama minha atenção e imediatamente meu mundo desaba. Sinto como se estivesse sido jogado diretamente ao inferno. Imagens da minha mãe e de Aisha mortas bem onde eles estão invadem minha cabeça. Ele estava de volta, e eu não consigo me mexer, não consigo ao menos tirá-la de perto dele. Estou paralisado, como costumava fazer aos 10 anos de idade.