Capítulo 2

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Um arrepio perturbador atinge meu corpo, que estremasse no mesmo minuto. Sou capaz de notar meu nervosismo a flor da pele. Estava claro, para todos ali presentes, minha inquietação e medo. Depois de meses torno a temer alguém. Não esperava me sentir de tal forma depois de tudo pelo o que passei, e mesmo que já tenha cogitado a possibilidade disso acontecer novamente, não esperava que esse alguém fosse ele! Respiro fundo, percorrendo os olhos pelo o cômodo em uma análise cautelosa. Eu estava em menor número,  a saída estava sendo impedida por dois homens com os rostos deformados- devido a uma grande quantidade de agressões- meus únicos dois companheiros estavam sendo feitos reféns, e por mais que eu tentasse escapar, não adiantaria, matariam Toddy e Isaac e me pegariam antes que eu pudesse chegar a porta. Fecho os olhos, respiro fundo e solto todo o ar dos meus pulmões no momento em que abro os olhos, vislumbrando os rapazes. Qualquer ideia que me viesse a cabeça no momento era descartada no mesmo segundo, no fundo, a antiga Skye, assim como meu lado insano, sabe o quão errado daria tentar algo, ainda mais contra ele. Não havia outra opção a não ser permanecer ali. Retorno com minha atenção para o homem mais velho, por mais que toda a situação não esteja favorável, ele não parecia demonstrar  intenção alguma de me ferir, e isso me preocupa, afinal, se não fosse pra me matar, por que estaria aqui? Não consigo encontrar qualquer motivo que justifique sua vinda a não ser o óbvio.

"Acredito que não tenhamos um assunto em comum para falarmos." Digo com os dentes semicerrados, enquanto direciono minha atenção para o homem que mantinha-se tranquilo a minha frente. Sinto o desprezo ultrapassar meus sentimentos, ficando visível o suficiente para que ele solte uma risada que me contraria. Não estava nem um pouco surpreso com minha resposta.

"Sente-se, Srt.O'brien." Ele pede com pacatez.

"Solte meus amigos." Falo tentando não me abalar diante ao desconhecido. Ele olha para seus dois reféns com serenidade e depois se volta para mim, fazendo um gesto para que eu sente na poltrona em sua frente.

"Primeiro conversaremos, depois, se você for boazinha, soltarei seus amigos. Agora, sente-se." o homem fala em um tom de voz amargo. "Não me faça pedir novamente." Não o questiono, algo em seu olhar frio e a forma vazia de falar me lembram Zayn, e isso me faz obedece-lo. Afinal, eles eram realmente parecidos. No entanto, algo me intrigava, por mais que tentasse buscar motivos, não encontrava nenhum para que ele estivesse aqui, não sou mais a virgem de seu filho, e se fosse, Zayn jamais aceitaria sua aproximação- não depois de tudo o que lhe aconteceu. "Acredite, menina, não sou seu inimigo. Estou protegendo você e essa criança desde que meu filho se entregou por você." ele fala, me surpreendendo. Ninguém sabia sobre a suposta gravidez, era um segredo apenas meu, nem meus amigos estavam cientes de tal notícia- pelo menos, não até este momento- então como ele afirma aquilo com tanta certeza?

"C-como você..." Tento falar, no entanto as palavras ficam presas em minha garganta. Meu estômago se embrulha e minha cabeça pesa. Lanço um breve olhar para os rapazes atrás de mim, que agora tinham seus olhos arregalados direcionados para mim.

"Como eu disse, eu venho cuidando de vocês...todos vocês." ele fala apontando para todos nós. "Zayn realmente foi descuidado em deixar dois imprestáveis de olho em você."

"Até agora Liam não me achou, então, posso dizer que eles estão exercendo muito bem seus papéis." Defendo meus amigos, porém, o homem cuja o nome nunca me falaram cai na mais pura risada debochada, enquanto me mantenho inexpressível, vendo-o gargalhar da minha cara.

"E quem você acha que impedia aqueles homens de chegarem perto de vocês? Ou de voltarem com notícias de seu paradeiro? Esses dois são inexperientes. Enquanto brincavam de gastar o dinheiro de Zayn com hotéis, eu fazia o trabalho sujo que fora dado a eles." ele fala ainda aos risos. Atrás de mim, posso ouvir Isaac rosnar e se debater- em mais uma falha tentativa de sair de onde estava. 

"E acha que fazendo algo para o seu filho depois da morte dele vai compensar alguma coisa em sua vida miserável?" Pergunto. "Porque devo informar que é tarde demais, não acha?" Seu sorriso some no mesmo segundo. Ele se levanta, aproxima-se de mim- apoiando o peso de seu corpo no encosto da minha poltrona- e olha no fundo de meus olhos. 

"E quem disse para você que ele está morto?" O mesmo pergunta com a voz tomada pela seriedade, o que lhe deixava ainda mais parecido com Zayn.

"Eu o vi levar um tiro." Respondo ainda mais confiante.

"Então está me dizendo que não vi meu próprio filho acorrentado como um cachorro sarnento no porão dos Styles?" Ele pergunta novamente, e arqueia as sobrancelhas enquanto espera por uma resposta minha. No entanto não consigo demonstrar qualquer reação diante as suas palavras. Não era possível ele estar vivo, eu o vi cair no chão, vi a quantidade de sangue no local. E mesmo que eu aceite o que está sendo revelado, por que eu acreditaria no que ele me fala? Era o homem que fez o próprio filho ser tão cruel quanto ele, o mesmo homem que matou pessoas inocentes apenas pra ver a esperança de seu filho desfazer-se quase por completo.

"Talvez. Até agora não fez nada além de falar, se não tem provas para me mostrar que está certo, por que eu deveria acreditar em você?" Pergunto com a voz mais baixa. A dor que havia me dominado meses atrás volta ainda pior, meu coração se aperta em meu peito e as lágrimas ocupam meus olhos.  Por mais que minhas palavras soassem tão confiantes, e minha mente me avisasse que ele poderia estar mentindo, só a possibilidade de Zayn estar vivo abala completamente minhas estruturas. No entanto há coisas que me fazem duvidar de suas palavras, como por exemplo, Por que Harry permitiria que prendessem seu amigo? E por que ninguém fez nada para tira-lo de lá? Havia algo errado nisso, mas ainda assim a esperança de poder encontrá-lo vivo me consome.

"Porque Liam tocou no meu filho..." Ele responde com mais tranquilidade. Suas mãos soltam o encosto do móvel onde eu me encontrava, e o mesmo recua alguns passos. Mantenho minha atenção sobre ele, enquanto o mesmo mantem a face sem qualquer expressão. " E ninguém tenta matar um Malik de forma tão desonrosa."

"Então por qual motivo não o salvou quando teve a chance?" Pergunto ainda desconfiada.

"Conheço meu filho, sei que ele prefere a morte do que aceitar minha ajuda. No entanto, com você do meu lado, talvez, eu consiga tirá-lo de lá." O homem estava parado a minha frente, olhando-me com seriedade, porém, sua atenção não estava sobre mim, enquanto fala, ele parece estar submisso e perdido em memórias, mas não estava abalado, apenas relembrava sem demonstrar qualquer sentimento. "Não posso mudar o que fiz a ele durante tantos anos, mas posso começar devolvendo a unica coisa pela qual ele daria a vida. Você." E, ao terminar de falar, ele joga uma pilha de fotos e caminha tranquilo em direção a porta, parando diante a ela ao tocar na maçaneta. "Tem vinte e quatro horas para me dar a resposta." o mesmo concluí e vai embora. Poucos minutos depois de seu chefe deixar o local, os dois capangas soltam meus amigos e vão embora fechando a porta atrás deles.  

Com o corpo tremulo, pego uma das fotografias e imediatamente paraliso. Incrédula, analiso cada detalhe do corpo ossudo na imagem. Realmente era ele, em um corpo esquelético, ferido, coberto por hematomas e a barba por fazer, mas era ele. Zayn estava morrendo aos poucos. E eu precisava fazer alguma coisa para ajuda-lo. 

Baby Girl 2: DESTROYEDWhere stories live. Discover now