Baby Girl 2: DESTROYED

Capítulo 26

"Me surpreende ele sair vivo depois de ter dormido com a sua virgem." Zenon diz, o tom de sarcasmo em sua voz me deixa ainda mais irritado. Como se não bastasse a traição do meu melhor amigo, ainda sou obrigado a aturar esse babaca zombando da minha cara. Olho para ele sentindo o sangue ferver e meus olhos arregalados tremem de ódio. "Apropósito, lamento pela filha de vocês. Ela era...encantadora." há felicidade em sua voz. Não me surpreendo, no entanto, me questiono como ele podia sentir prazer com a dor do próprio filho. Certamente perder a verdadeira Lilith me deixaria ainda pior do que estou, mas ele não sabe da minha farsa e mesmo assim não se importa em mostrar seu contentamento com a situação. E o fato dele não deixar sua verdadeira personalidade de lado mostra o quão confiante está com seus planos.

"Sai daqui" Rosno para ele, que ri e levanta as mãos para o ar e se retira sem questionar. Surpreendo-me ao vê-lo me respeitar, sei que há interesses e motivos por trás de suas atitudes, sei que deveria investigá-lo para descobrir o que anda tramando, mas com todos os acontecimentos, ele era minha ultima preocupação. Eu ainda tinha que garantir a segurança da minha filha, e aprender a lidar com o fato da Skye ter sentimentos pelo meu melhor amigo ou causarei um problema ainda maior ao perder a cabeça. Se fosse meses atrás mataria Harry sem pensar duas vezes, mas agora com tudo fora de controle, eu não conseguiria, não ele sendo uma das pessoas com quem me importo... mesmo com sua traição. Ainda sentia a necessidade de ir atrás dele e socar seu rosto até toda a raiva passar, até que por fim as imagens projetadas dos dois transando finalmente sumissem da minha cabeça, mas não o faço. 

"Vamos, precisamos ir." Isaac diz, chamando minha atenção de volta para ele. Afirmo com a cabeça e caminho atrás dele até a garagem. Percebo que o garoto tem uma expressão preocupada no rosto e que me olha de canto, como se esperasse alguma reação a mais da minha parte, mas não diz nada e eu o agradeço mentalmente por isso.

 Assumo o banco do motorista de um dos meus carros, enquanto Toddy fingia-se de morto no banco de trás. Viro-me em sua direção para certificar que sua encenação era convincente e ligo o veículo. Pelo menos o  babaca era um bom ator.  Isaac havia embrulhado Lilith em mantas quentes e a escondia em uma mala de academia. Para todos os outros Isaac havia dito que daríamos fim ao corpo do babaca jogado no banco de trás, então não acharam estranho quando saiu com a mala e o restante dos materiais necessários para ocultar um cadáver. Saio da garagem com calma para não assustar a recém-nascida que dormia aos pés de Isaac e saio, dando uma breve olhada para a janela no meu quarto. Ao passarmos pelos portões e assumirmos uma boa distância da minha casa, Toddy se levanta e geme de dor com a ferida do tiro que levou na costela. Karen e Red não estavam por perto quando comecei o tiroteio, o barulho do tiro que dei em Toddy despertou os seguranças e usei isso a meu favor, dessa maneira ninguém questionaria como ele havia se ferido. Se não fosse pelo nascimento de minha filha, que me marcará por toda a eternidade, diria com certeza que atirar nele foi satisfatório e o principal motivo para relembrar desse dia como um dos meus favoritos. 

"Como a Skye está?" Ele pergunta acomodando-se no banco. 

"O que você acha?" Pergunto, minha voz estava tomada de raiva e só de ouvir a voz abobalhada do garoto fico ainda mais estressado. Escutar o nome dela me faz lembrar das cenas dela com o Harry e em como ela olhava para ele durante o parto. Por que todos a queriam? por que queriam tanto rouba-la de mim? Esse idiota que a conhece a anos até entendo, agora o Harry? Por que ele quis justo a minha mulher? 

"Escutei os gritos dela... como está a bebê?" Ele pergunta curioso e se debruça sobre o encosto dos bancos da frente para conseguir vê-la dormir tranquilamente. "Apesar de ser sua filha, ela é linda." Ele completa, fazendo-me revirar os olhos. Dirijo por algumas horas e quando visualizo o carro exageradamente chamativo de Niall, Isaac desce para verificar se era uma armadilha ou se ele realmente estava disposto a ajudar. Observo-o conversar com Niall e então olhar ao redor e dentro do carro amarelo. Me abaixo até a mala no chão do carro e, tomando o máximo de cuidado, pego minha filha, sentindo o cheiroso gostoso que ela tinha. Ela resmunga um pouco, mas logo volta a dormir. Não consigo conter o sorriso bobo que ocupa meu rosto. A aconchego em meu peito e a nino da melhor forma que consigo. Admiro cada detalhe de seu rosto pequeno e antes que possa me dar conta, mais lagrimas indesejadas escapam de meus olhos. Nunca imaginei sentir tanto amor por alguém, e muito menos imaginei que amar demais seria doloroso. Não há nada nesse mundo que eu não seria capaz de fazer por ela. Sentia que tudo não se passava de um sonho, que ela não era real, por um momento certifico-me que realmente a segurava para ter certeza de que não era apenas uma doce alucinação. Desejei tanto ter uma família e agora tinha, apesar de todo o caos que nos cercava, ali estava minha filha descansando inocentemente em meus braços. Fui capaz de fazer algo bom e inocente como ela e me surpreendo com isso, nunca em toda a minha existência considerei que algo puro sairia de mim. Deus não me agraciaria com tal benção sem me punir de outra forma e temo qual seja sua punição. Desperto de meus devaneios ao vislumbrar Isaac confirmar estar tudo em ordem. Abro a porta do carro e saio ajeitando a manta que cobria  a criança em meu colo, protegendo-a do vento frio. Toddy sai atrás de mim e me segue até o carro de Niall. Isaac passa por nós para pegar a outras duas malas com dinheiro. Não era tudo o que eu tinha, mas quando chegasse a hora certa ela receberia cada centavo de tudo o que tenho, por enquanto, ali tinha o suficiente para mantê-la em segurança e garantir seu conforto.