Capítulo 4

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SKYE.

Não preciso abrir os olhos para ter ideia de onde estou, o chão duro e as algemas em meus pulsos me dão a certeza de que estou de volta a uma sala de tortura. Esse é o único ambiente em que Liam me colocaria, afinal, ele está atrás de mim a muito tempo, apenas aguardando por esse momento.

"Sua respiração alta está me irritando." Uma voz familiar ecoa do outro lado do cômodo.

"O que?" Pergunto, por fim, abrindo os olhos. Mas graças a falta de qualquer tipo de iluminação não enxergo nada além da escuridão.

"Você respira muito alto e isso está me impedindo de dormir." o homem reclama mais uma vez.

"Desculpe." Respondo encarando o lugar de onde vinha a voz que era tão familiar. Uma risada nasala ecoa pelo lugar, aquela risada me faz soltar todo o ar de meus pulmões. Era ele, era o Zayn.

"Só cale a boca e faça silêncio." Ele diz e em seguida escuto suas correntes pesadas arrastarem no chão.

"Zayn." Chamo-o, sentindo o desejo desesperado de poder tocá-lo. Mas não obtenho respostas. "Zayn, sou eu." E mais uma vez o silêncio é tudo o que recebo. Tento gritar, mas minha voz fica presa em minha garganta. Tento me mover, mas meu corpo parece ter congelado. E no mesmo instante a porta se abre, me permitindo ver somente Liam adentrar o lugar e me arrastar de lá enquanto eu grito por Zayn, que está sentado em seu canto olhando para frente, sem nenhuma expressão no rosto.

"ZAYN!" Grito e abro os olhos, dando de cara com um quarto bem iluminado. Me encontrava sozinha, deitada em uma cama de casal bem luxuosa. Todo o cômodo era bem decorado, chegava a ser idêntico aqueles quartos de revista.
Preciso de um momento para poder me dar conta de que tudo era um sonho. O coração disparado em meu peito e a respiração desregulada começam a se acalmar. E a dor em meu peito parece ficar pior a cada minuto que passa. Com uma sensação terrível, levanto da cama, minhas pernas fraquejam, mas não me desapontam, caminho devagar até a janela da frente e tenho a visão de milhares de árvores, não reconheço a parte da frente da casa, mas sei que estou de volta ao lugar cheio de homens cruéis. Estou de volta ao lugar onde todos me querem morta.
Escolhas, opções, desejos, o poder de opinar sobre minha própria vida. Eu não tenho esse poder, não tenho opções e nem escolhas, me resta apenas os desejos, os quais me levam apenas para minha própria destruição. Gostaria de acreditar que viva conseguiria por fim no inferno em que me encontro, mas sempre que tento sair da realidade que Zayn me colocou, de alguma forma, sou arrastada de volta. Não importa o quanto eu tente ou o quanto eu reze, isso já se tornou um ciclo vicioso. E agora estou condenada e presa ao inferno outra vez. A dor de estar de volta me sufoca, o medo pressiona meu peito, minha respiração fica descompensada, levo as mãos ao peito, tentando me acalmar, mas o pânico me consome.

"Skye." Uma voz tranquila soa atrás de mim, me fazendo virar no mesmo instante. Dando de cara com um homem parecido com Zayn, só que mais forte e mais alto. Esse deveria ser o irmão mais novo dele. Sem esperar por uma resposta minha, o mesmo abre um sorriso reconfortante e caminha para a saída do quarto. "Me acompanhe por favor."

"O que te faz achar que eu faria isso? Eu ao menos sei onde estou." Respondo, minha voz entrega o medo, a raiva e o desespero que sentia.

"Meu pai gostaria de falar com você, por favor, não desobedeça." O homem pede. Olho para ele de cima a baixo e por fim olho em seus olhos, não se pareciam com os do irmão e os do pai, mas todo o resto fisicamente lembrava bastante.

"Como posso confiar em vocês? Afinal, estou aqui contra minha vontade." Digo, fazendo-o assumir uma expressão compreensiva, o que era difícil de ver em alguém de sua família.

Baby Girl 2: DESTROYEDWhere stories live. Discover now