Capítulo 27

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Minha cabeça lateja e meus olhos doem ao entrar em contato com a luz. Os socos que levei de Harry pareciam mais doloridos e meu queixo pulsa assim como a minha cabeça. Um grunhido escapa de meus lábios quando me sento e passo as mãos sobre o rosto, tentando me recuperar. Ainda sentia a bebida ter efeito sobre meu corpo, mas nada fora do normal. Encaro a sala que estou e não demoro para reconhecer, era a sala de estar de Liam, o  que significa que ele optou por não me matar quando teve a chance. Se fosse eu, teria livrado o mundo de sua existência. 

"Olha, a princesa adormecida acordou." Sua voz sarcástica diz ao atravessar o cômodo para se sentar na poltrona a minha frente. Ele bebia alguma coisa e não parecia preocupado com a minha aparição repentina.

"Vai se foder." Digo, mas minha voz soa mais como um gemido de dor. Ele ri e da de ombros. "Por que não me prendeu ou me matou quando teve a oportunidade?" Pergunto curioso. Ele jamais perderia a oportunidade se realmente quisesse me matar.

"Você não é burro. Sabe o motivo." Ele responde e bebe um gole do álcool em seu copo. "E ver o quanto foi impulsivo me lembrou de como era antes de ficar de quatro pela sua virgem, gostava de você naquela época." Sua resposta me faz rir,era a pior coisa que ele poderia dizer.

"Nunca gostou de mim, Liam." Respondo entre as risadas nasaladas. Sinto um sorriso maldoso se formar em meu rosto ao vê-lo concordar com a cabeça.

"De fato." Concorda e aponta para mim com a mão que segurava o copo de vidro. "Mas você me divertia com as suas bizarrices e era o mais prestativo. Olhando para você agora, não vejo a mesma pessoa." Suas palavras deveriam me confortar, provavelmente a Skye gostaria mais de mim se eu fosse esse homem patético de agora quando nos conhecemos, mas fico frustrado por minha vulnerabilidade estar tão óbvia. "Mas não serei injusto, você se manteve firme até a chegada de Zenon. Nós sabemos que ele foi o pior pai de todos os cinco quando se tratava de punições e exigências."

"Nossa, como você é compreensivo, estou comovido." Respondo sarcasticamente e reviro os olhos. Ele ri e se levanta, andando calmamente até o bar. Observo-o servir seu copo e encher outro com o mesmo whisky. E então volta para seu lugar, oferecendo-me o copo que havia acabado de pegar. Não exito em arranca-lo de sua mão e beber dois bons goles do líquido que desce rasgando pela minha garganta.

"A questão, Z, é que é compreensível você estar fora do seu estado normal mesmo após tantos anos." Ele responde e então se encosta na poltrona, olhando fixamente para mim. Seu olhar não tinha julgamentos, mas ele ainda mantinha o ar de superioridade. " Fiquei sabendo que seu pai anda planejando recuperar o poder desse lugar, o que acha que acontecerá a todos nós quando conseguir?"

"Não sou idiota. Sei, mais do que qualquer um, o que ele quer." Respondo, vendo o homem a minha frente arquear as sobrancelhas.

"E por que ainda não o matou? Está esperando ele fazer alguma coisa com a sua doce e amada Skye?" Ouvi-lo pronunciar o nome dela, fazendo parecer uma palavra suja, me irrita. Era sorte estar vivo, arrisquei tudo vindo até aqui e não pretendia prolongar  ainda mais minha estadia. Levanto-me, bebo o restante do álcool do meu copo e o coloco sobre a mesa de centro entre nós, o baque do objeto contra a madeira ecoa pelo comodo. "Não espere ele agir para tomar uma atitude. Minha proposta ainda está de pé."

"Não negocio com mortos." Falo, não dando importância para seus conselhos. E caminho até a porta da frente sendo seguido por ele, que não parece abalado com a minha resposta. Admiro sua confiança, mesmo com tudo indicando sua derrota, ele não abaixa a cabeça.

"Seu pai quer que fique psicótico. Ele sabe quem ele criou e sabe o quanto você gosta de matar e usará seu maior medo a favor dele. Se perder aqueles que ama, você entrará em frenesi e ele o usará como cão de caça para ajudá-lo a reconquistar o poder. Você é imbatível, Z, e ninguém conseguirá te parar quando estiver consumido pela dor. Seu pai tem medo de você e fará o que conseguir para que sinta o contrário." Ele diz, parando na varanda enquanto me observa caminhar até meu carro, ou pelo menos o que restou dele. "Não é segredo que quero você morto, mas seria burrice ficar contra a única pessoa capaz de matar Zenon. Se depois de tudo ainda quiser me matar, terá sua chance. Mas caso queira sumir daqui e viver sua vida com a sua virgem, eu o liberto de todas as dívidas que tem com a nossa sociedade e os deixo ir. É minha última oferta, se a recusar não polparei esforços para acabar com cada um de vocês, pense nisso." Ele completa e volta a entrar, batendo a porta atrás de seu corpo.
Entro em meu carro e saio de lá. Seria burrice acreditar que ele realmente me deixaria livre, mas a ideia de poder sair daqui com a Skye e criarmos nossa filha mexe comigo. Tudo o que eu mais queria era poder revê-la um dia, poder presenciar sua felicidade e conquistas, a proteger da crueldade do mundo. E devolver a vida de sua mãe, devolver a Skye a vida que arranquei dela. Lembrar dela me faz lembrar de Harry e isso me faz questionar, se ela fosse embora quem escolheria para acompanha-la? A resposta é óbvia e me deixa puto, mas prefiro me iludir e acreditar que seria eu.

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⏰ Last updated: May 07 ⏰

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