Sentimentos

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- Está ouvindo seu pai meu filho? – Medéia perguntou preocupada.

- Claro mãe, estou ouvindo sim. – Os olhos de Erick brilhavam enquanto ouvia toda história. – Estou surpreso e muito feliz que meu pai tenha sobrevivido, se já o admirava por tudo que ele representa para mim e para nosso reino, agora então, o admiro ainda mais.

- Calma filho, isso não é tudo. – A rainha assumiu a narrativa. – Ainda tem seu envolvimento nessa história.

A criatura havia poupado a vida de Rurubi, mas somente porque ele carregava a marca de uma cruz em seu peito, essa era uma marca de nascença que vinha sendo passada desde suas gerações anteriores. Ela foi a responsável por salvar a vida do pai de Erick, a criatura disse que era uma marca dos amaldiçoados por Deus. Somente por conter a marca ele seria poupado. Caberia ao filho dele retornar para recuperar o castelo. A criatura permaneceria no castelo aguardando a vinda de seu filho, pois ele ajudaria ela a cumprir seu plano. Se por algum motivo o rei não enviasse seu filho até o castelo, a criatura teria um enorme prazer em visitar o novo reino em que Rurubi estivesse vivendo para cometer um novo massacre, e dessa vez, sem sobreviventes.

- Sempre quis saber o significado dessa cruz em meu peito. – Comentou o príncipe com tranquilidade. – Agora eu sei.

- Você parece não estar preocupado meu filho. – Indagou a rainha. – Talvez seja o choque da notícia logo depois do que aconteceu com você na pequena floresta.

- Não mãe, finalmente minha vida tem um propósito, agora poderei mostrar a meu pai que posso ser um guerreiro melhor que ele, um que mereça assumir seu trono.

- O que é isso garoto, não me assuste. – A mãe protetora protestou.

- Agora minha mãe, meu pai terá que me treinar, não tem como ele adiar o que venho pedindo a tanto tempo. Vejo ele trinando Horus e assumo ter um pouco de ciúmes, sempre quis ser um guerreiro, agora não teremos como adiar isso, ele terá que me treinar.

- Não meu querido, você está em choque com a notícia, não está falando coisa com coisa, não pode estar falando sério. – Novamente a rainha protestou o comportamento de seu filho.

- Pare com isso Medéia! – O rei falou autoritário. – Não atrapalhe o crescimento de nosso filho. – O rei suspirou e olhou diretamente nos olhos do príncipe. – Não te treinava por querer que você levasse uma vida comum, uma vida livre de obrigações. Tenho que agradecer a Deus pelo filho que me deu, por mais que eu quisesse ter você aqui, seu espirito sempre foi livre, sempre se meteu em confusão, ora fosse sozinho ou com seus amigos. De certa forma eu sempre soube que você veria essa maldição como uma ótima aventura, mortal, mas uma aventura.

O clima realmente estava tenso naquela sala de jantar, em todos esses anos Erick nunca vira seu pai falando daquela forma com sua mãe. Talvez a situação pedisse mais atenção e tensão do que ele imaginava, mas o príncipe sabia o que queria desde sempre, se aquele era seu destino, iria abraça-lo com todo prazer.

No dia seguinte ainda existia a tensão daquele momento no castelo, seus pais não acordaram com o mesmo sorriso no rosto como de costume, embora tentassem transmitir o contrário, eram péssimos atores. Rurubi queria levar o garoto imediatamente ao mago para descobrirem a melhor maneira de conduzirem a história. A rainha pediu para que esperasse, que desse ao menos uma semana para o garoto poder assimilar toda história, sua vida mudara de um dia para o outro, de agora em diante tudo seria diferente, seria melhor dar esse tempo a ele. O rei concordou e avisou ao garoto que iria marcar um encontro com Hermes na semana seguinte, todos iriam se reunir com o mago para decidirem o melhor a ser feito.

Horus havia chegado ao castelo logo cedo, queria o príncipe como vítima de seu treinamento. Ele assim como Kéfera também era mais velho que Erick, na verdade, dos três ele era o mais velho, fazia pouco tempo que completara a idade de entrar para o exército do reino. Sempre que terminava seu treino com os demais soldados e o rei, corria para o castelo com o intuito de ensinar o que aprendia ao príncipe. Rurubi permitia esse tipo de condução desde que a rainha não ficasse sabendo de nada, não queria ter problemas em casa e dessa forma ainda ajudava o filho indiretamente, pois sabia que Horus já estava a caminho de se tornar um dos melhores guerreiros do reino.

O garoto que possuía uma forma física robusta, cabelos negros e olhos verdes como esmeralda, era filho do capitão da guarda real, assim como seu pai, tinha um futuro promissor pela frente, um que o rei fazia questão de acompanhar de perto. No aniversário de 20 anos do garoto que acontecera este ano, o rei o presenteou com uma espada de seu antigo reino, restavam poucas lembranças do Vale de Árnon, ele queria apenas que os melhores a compartilhassem.

A rainha bem que tentou impedir que o filho saísse naquela manhã, mas era impossível segurar o garoto, assim como seu pai, ele tinha o espirito livre e acabaria saindo com ou sem seu consentimento, a única coisa que pôde fazer foi pedir para que o garoto não voltasse tarde como no dia anterior, ele entendera o recado e seu significado. Passaram na casa de Kéfera e partiram para a floresta, gostavam da presença da garota, ela era uma ótima observadora e sempre dava dicas do que poderiam estar fazendo errado em seus movimentos, além de uma das garotas mais lindas do reino, ela também era muito astuta.

- Erick você precisa melhorar essa postura, afaste um pouco mais seus pés, os mantenha na mesma distância que os ombros. – A exigência da garota era sem igual. – Desse jeito você nunca vai conseguir derrotar Horus com essa moleza toda.

- Calma, ele já é um soldado, eu estou apenas começando. – Ele resmungou quando ela se aproximou.

- Veja bem, seus pés devem ficar bem aqui, para que possa manter um equilíbrio melhor de seu corpo e poder atacar com força. – Ela parecia ser melhor que ele, bem destemida.

Ao final do treino já cansados, os três deitaram entre as árvores, olhando na direção do céu, com as cabeças encostadas umas nas outras dando forma a um triângulo, mesmo que não percebessem, aquilo realmente era um triângulo. Sempre que entrava em contato intenso com o príncipe dessa forma, Kéfera suspirava e perdia a noção de todo tempo do mundo. Do outro lado, Horus sempre viajava para um mundo distante ao contato com a garota. Restava o príncipe que era alvo da paixão de sua amiga, sendo rival inconsciente de seu melhor amigo que gostava da garota, enquanto ele apenas sabia amar os dois da mesma forma, como se fossem seus irmãos.

Toda essa mistura de sentimentos se passava naqueles poucos instantes de contemplação coletiva do céu, o único consciente de tudo aquilo era Horus, ele já havia percebido a paixão da garota pelo príncipe e decidira eliminar seu sentimento por ela. Esperava que outra pessoa aparecesse em sua vida, mas sempre que ficavam entregues naquela conexão, tudo ia por água a baixo, ele suspirava pela garota ao seu lado mesmo sem querer.

- Ontem durante o jantar fiquei sabendo o motivo do acontecido, daquela criatura ter me atacado, agora muitas coisas estão claras para mim. – Erick deu um longo suspiro antes de prosseguir. – Lembram de quando eu ficava querendo saber da história que tinha acontecido no antigo castelo do meu pai? Agora eu sei de tudo.

- Nossa Erick! Essa história é proibida, você deveria ficar longe dela e ceder a vontade de seu pai. – A garota disse virando seu rosto até que seus olhares se cruzassem.

- Não se preocupe, ela não é mais proibida, meu pai me contou tudo. – O garoto disse com pesar. – O antigo castelo de meu pai continua amaldiçoado, e adivinhem quem deve ir lá recuperar o reino antes que a criatura venha até aqui e destrua tudo, assim como fez com o outro? Eu mesmo.

- Ótimo! Temos uma aventura então. – Horus falou em um salto se posicionando de frente ao príncipe.

- Não dessa vez meu amigo. Pelo pouco que pude entender, terei que ir ao castelo sozinho, vocês conhecem as histórias, ninguém jamais saiu daquele lugar com vida.

- Você é mesmo um egoísta! – Kéfera vociferou e saiu correndo de volta ao castelo.

- O que eu fiz dessa vez? – Ele olhou para seu amigo. Horus limitou-se a fazer uma careta que desse a entender que ele também não sabia, arqueando seus ombros com as palmas das mãos para cima.


A maldição do discípuloWhere stories live. Discover now