De volta para casa

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O príncipe estava muito calado enquanto regressava para casa, havia passado muito tempo ali fazendo a trajetória de recuperação do reino de seu pai. Já havia passado tantos dias, talvez meses ou até anos que ele havia saído de casa e sua mente estava em um complexo de ideias que apareciam e desapareciam a todo momento. Lembrava que no caminho de volta até onde Samael pôde acompanha-lo, ele também não fez muita questão de puxar conversa, mas ao contrário do príncipe que estava perdido em seus pensamentos confusos, o anjo pensava com clareza em todos os planos que havia arquitetado para que Erick retornasse o mais rápido possível até Jerusalém. Agora que o príncipe sabia que ele era um anjo e que estava tramando contra Deus, usando Erick como uma peça de seu jogo, ele não fazia tanta questão de conversar com Samael, para que não desconfiasse de tudo que acontecera. Ele agora tinha um compromisso com Metatron, estava preso a ele pela maldição.

Erick era uma peça fundamental na sua estratégia de acabar com os planos de Deus, Samael jamais deixaria que seu pai derramasse uma gota de sangue por aquela escória que era a humanidade. Tinha sido feito como ele e Deus haviam combinado, ele escolheu alguém que não fosse daquele reino ou próximo de Israel, para marcar com uma cruz no peito. Aqueles que carregassem aquela marca jamais poderiam ser mortos, sua descendência deveria existir até a decida de Deus a terra, como salvador do mundo.

O fim, seria somente quando o próprio criador descesse na terra, ora fosse para destruir completamente a humanidade, ora fosse para salva-los de todo mal que Samael espalhasse pelo mundo.

O fim, seria somente quando o próprio criador descesse na terra, ora fosse para destruir completamente a humanidade, ora fosse para salva-los de todo mal que Samael espalhasse pelo mundo

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A mente de Erick estava uma verdadeira confusão enquanto cavalgava sozinho de volta para casa. Havia deixado Samael em Jerusalém sem que ele desconfiasse de nada. Um anjo que queria interferir na briga entre Deus e o diabo o lançara uma maldição, o que ele poderia ou deveria fazer nesse momento? No dia de hoje o príncipe estava completando seus 28 anos, realmente já fazia muito tempo que ele partira de seu reino nessa jornada. Não existia outro lugar no mundo em que ele desejasse estar, o reino de Amom era seu lar, com ou sem maldição, era lá que ele tinha que estar.

Seu regresso estava sendo mais rápido, não tinha com o que se preocupar, sua meta ele já cumprira, agora seria apenas seguir direto e reto de volta ao lar. O ritmo era frenético, às vezes, ele parava a viagem por que o cavalo já não aguentava uma sequência tão longa de corrida em alta velocidade. Paravam para descansar várias vezes ao dia.

Nesses pequenos intervalos para o descanso do animal que o príncipe percebia aos poucos as alterações que seu corpo vinha sofrendo. Tinha momentos de extrema felicidade por estar voltando para casa, tinha momentos de extrema frustação por estar demorando demais. Nesses momentos olhava para o animal com vontade de mata-lo por atrasar o seu retorno. Era uma confusão enorme de sentimentos que estavam a flor da pele, testando a sanidade do príncipe a todo momento. Ele se assustava, quando era tomado por pensamentos sombrios contra o animal que o carregava de volta a seu reino.

Depois de tantos dias de viagem, tantas oscilações de humor, o príncipe acaba matando o animal em um ataque de raiva que surgiu do nada. Não aguentava mais ter que ficar parando para o animal descansar, decidiu fazer o restante do caminho com suas próprias pernas. Neste dia Erick adormeceu no mesmo lugar em que marara o animal. Não tinha animo para prosseguir, após matar o cavalo que vinha acompanhando sua jornada a tanto tempo, ele caiu em profundo desespero, havia mergulhado em um universo sem fim, de caos e sombras que o atormentavam a todo momento.

Os dias eram mais longos, e as noites eram mais curtas, estranhamente ele quase não sentia a necessidade de dormir, o que ele imaginava ser efeito da maldição que o anjo lhe colocara, tinha uma velocidade assustadora, ainda maior que a do animal que dispensara no caminho, matando-o. Sentia seus músculos tensos quase que o tempo todo, sempre prontos para a batalha, mas em suas tentativas de magia nada havia conseguido, restavam apenas suas habilidades de guerreiro no atual momento que enfrentava, realmente ele tinha perdido seus poderes místicos como o anjo dissera.

Ele sabia que seu corpo estava passando por mudanças e isso o afetava gravemente, fazia poucos dias que ele tivera uma nova convulsão causada pela fome, foi por pouco tempo assim como da outra vez, mas a fome parecia ter aumentado, isso estava o incomodando, seria realmente um sinal que ele poderia perder o controle de tudo se não ajudasse Metatron a concluir seus planos. Tentava elaborar alguma maneira de evitar esses ataques. O que sua mãe, seu pai, e sua noiva iriam dizer se presenciassem ele passando por uma crise dessas?

Era complicado, mas o príncipe teria uma batalha contra ele mesmo para enfrentar pela frente, e parecia ser a pior batalha de todas. Teria que vencer o monstro que havia se transformado para não ferir nenhum de seus entes queridos.

No dia seguinte as coisas pareciam estar melhores, ele sentia seu corpo revigorado, e a vontade de chegar em casa tomava conta de todos os seus pensamentos. Estava ansioso para encontrar com seu pai, contar a ele o que havia acontecido, explicar que recuperara seu reino, mas que o preço pago foi muito mais alto que poderiam imaginar.

Eram perspectivas enormes as que o príncipe alimentava enquanto caminhava para seu reino, ele estava bem próximo, a menos de um dia de chegar a seu reino e rever seu castelo, seu pai, sua mãe e ter notícias de sua noiva. Enquanto ele passava por uma pequena estrada que já saia em um dos vilarejos de seu reino encontrou Kéfera no caminho, ela por sua vez, correu na direção do príncipe. Um aceno rápido, ela pegou em seu braço e o arrastou para fora da pequena estrada.

- Finalmente você voltou. – A garota era tomada pela emoção, lágrimas escorriam por sua face. – Não se aproxime do castelo, você não imagina o desastre que aconteceu.

- O que foi? Me diga o que aconteceu. – O sangue do príncipe começou a ferver, o suposto controle que ele imaginava ter de seu corpo, se fora nesse momento.

- Nosso reino foi invadido. – Ela falava devagar com um soar triste de quase morte. – Nazir nos traiu. Um ano depois que você viajou, ele apareceu no meio da noite com seu exército e invadiu o reino.

- Você deve estar de brincadeira. – Seu corpo começava a expelir um calor incontrolável, em meio a sua fúria, a fome acompanhava sua revolta. – Mesmo que fosse verdade, meu pai poderia derrota-lo.

- Poderia realmente, mas Nazir é a criatura mais traiçoeira deste mundo. Dizem que ele usou Lilith como prisioneira para distrair Rurubi no último momento da batalha.

- Hermes, onde ele estava que não ajudou meu pai?

- Hermes preferiu atingir o adversário de seu pai a salvar a própria vida. Uma pena que tenha sido tarde demais, seu pai já tinha sido atingido. Os dois morreram como os melhores amigos que vinham sendo por todos esses anos.

- Horus? – A expressão do príncipe estava mudando, ele sentia que estava se transformando, enquanto a fome tomava conta de tudo.

- Ele morreu nos braços de seu pai. O único soldado que conseguiu aguentar até o final da batalha. De conhecidos do castelo, restamos apenas eu, sua mãe e Lilith. Ela realmente te ama, nunca concordou com essa traição. Está presa no castelo junto com sua mãe. Estou aqui por pertencer a parte nobre do reino. Nazir escravizou todos. Controla o reino de forma maldosa, tirando tudo o que o povo tem.

A garota levantou o rosto, enxugando as lagrimas para poder olhar direto nos olhos do príncipe. O grito de horror ecoou pelas arvores do caminho. Erick havia se transformado. Seus olhos estavam vermelhos e suas presas saltavam de sua boca. A garota não parava de gritar. Ele saltou em seu pescoço, partindo ao meio, alimentando-se de seu sangue. Aquele era o fim, não conseguia controlar a criatura malévola que se transformara. Sua primeira vítima, foi sua melhor amiga. Novamente suas emoções o jogaram em um abismo sem fim.


A maldição do discípuloWhere stories live. Discover now