A maldição do discípulo

A primeira prova

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O príncipe achou estranha a reação de sua amiga, mas logo Horus o distraiu dizendo que era por causa da criatura, todos conheciam as inúmeras histórias que se contavam sobre aquele reino. E mesmo com tantas versões para o mesmo monstro, um fato sempre era narrado em todas elas, esse fato todos conheciam e Erick estava bem consciente disto. Ninguém saia daquele lugar vivo.

Os garotos retornaram ao reino e naquele dia o príncipe não conseguiu mais conversar com Kéfera, ela se trancou no quarto e pediu para não ser incomodada, Erick respeitou sua decisão e seguiu direto para o castelo.

A semana passou praticamente em um piscar de olhos, já era chegado o dia em que o rei, a rainha e o príncipe se reuniriam com o mago Hermes para darem um rumo aos últimos acontecimentos. Assim que o sol começou a se por, no crepúsculo, todos partiram para a cabana do mago. Fazia bastante tempo que a rainha não visitava aquele lugar, já Erick e o rei estavam ali quase todos os dias. Assim que começaram a adentrar pela pequena trilha que existia entre as árvores a rainha pôde sentir a tremenda mudança no ambiente, o caminho era cercado por uma diversidade de plantas, em sua maioria grandes árvores, mas a sensação de paz que ela sentia ao caminhar era indescritível, mesmo estando perdida entre aquele emaranhado de vegetais.

Foram poucos metros até chegarem na cabana do mago e Medéia ainda estava surpresa com aquela sensação acolhedora do percurso, aumentada ainda mais após chegarem em seu destino, que era o local em que o mago vivia. Ele os recebeu com um largo sorriso em seu rosto preocupado.

- Meu rei, minha rainha, meu príncipe, como estão? – Essa cordialidade sempre foi costumeira do grande mago, afinal, ele pertencia a família.

- Sem formalidade. – Respondeu o rei. – Você é meu mestre e meu pai ao mesmo tempo, sabe que não há necessidade disso entre nós.

- Claro meu rei, sou muito grato, mas você sabe que minha natureza é essa, a de servir ao universo e as pessoas que escolhi.

- Sei sim meu amigo. Mas vamos direto ao que interessa. Conversei com Medéia sobre a visão que você teve, tentei ir adiantando as coisas para facilitar, ela está ciente de tudo.

- Que bom meu rei, isso nos poupara tempo. Vamos direto ao ritual então. – O mago falou caminhando até seu quarto e retornando com um saco que parecia conter sal dentro dele.

O mago desenhou um círculo no chão e pediu para que todos se sentassem a sua volta e dessem as mãos formando uma corrente ao redor da forma que ele havia desenhado no chão. Era necessária a união de todos para realização deste exercício magico.

- Eu preciso que vocês tentem relaxar o máximo possível. Quero que todos respirem fundo, lentamente, bem devagar. Quando relaxarem, a mente de vocês se perderá dentro de um plano do universo, quero que vocês se concentrem apenas em coisas boas e transmitam o melhor de vocês para que este exercício aconteça de forma correta. Assim poderemos receber algum sinal de Deus.

Todos acolheram o pedido do mago, se colocando à disposição o mais relaxado que puderam e tentando emitir o melhor que existia dentro do ser de cada um que estava ali.

A primeira pessoa a conseguir entrar em transe foi Medéia, como já fazia muito tempo que a rinha não visitava aquele lugar, a sensação de paz que já vinha sentindo até chegar a cabana do mago tomou conta de uma vez por todas de seu corpo, ela então relaxou e viajou. O segundo a conseguir foi o rei, estava acostumado em sua convivência com Hermes a passar longos momentos em silencio apenas contemplando o universo, isso era uma coisa que os dois já faziam. Logo em seguida foi a vez do príncipe, era a primeira vez que participava de algo assim, e a sensação realmente era de outro mundo, de outro universo. Sua mente começou a vagar, como se seu espirito saísse de seu corpo e transpassasse para um universo paralelo, mas que ainda assim, ele conseguia ver as pessoas ali naquela sala.