De volta a batalha

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Estava o rei totalmente descoberto, o muro da entrada de seu castelo havia desabado e junto com ele uma boa parte de seu exército. Restavam alguns soldados no pátio que tentavam armar novamente as catapultas para dispararem contra o inimigo. Nesse ponto o rei pôde reparar em como era a real devoção de seu povo e de seus soldados, nenhum abandonara a batalha, estavam todos no mesmo lugar e dispostos a lutar, dispostos a dar a vida pelo reino em que viviam. Esse era o maior orgulho de um guerreiro, lutar por algo em que se acredita, lutar e até mesmo morrer por aquilo. O rei pedira para que eles tentassem atingir as catapultas de Nazir, agora que não tinha mais muro, eles poderiam mirar e escolher o alvo deles, e este seria um ponto decisivo.

Eles acabaram de atacar derrubando os muros, enquanto armavam as catapultas novamente, seria tempo mais que suficiente para que Rurubi as atingisse. Uma ordem cumprida ao pé da letra, com todo sucesso que poderia se desejar em um arremesso, as duas pedras foram arremessadas, atingindo as duas catapultas do inimigo. Espalhando alguns destroços e matando alguns soldados.

Diante dessa situação desfavorável, Nazir reagrupou seus soldados mantendo uma formação vinda com os guerreiros de escudos com lança fazendo a linha de frente, seguidos por outra linha feita com soldados armados com espadas, uma terceira linha feita com os arqueiros. Só então vinha Nazir e sua família rodeados por guerreiros armados.

Destruir as catapultas do exército do rei assírio fornecia uma pequena vantagem a Rurubi. O número de guerreiros que tentavam invadir o castelo era bem superior aos que ele tinha sob seu comando, mas só precisavam ganhar um pouco mais de tempo até a chegada do mago. Era estranho, mas Lilith não acompanhava seu pai como uma figura do reino, mas sim como uma prisioneira. Estava acorrentada e gritava o tempo todo, embora não desse para ouvir bem seus gritos, o rei percebia que seus olhos estavam em prantos.

Antes que o rei pudesse armar novamente as catapultas, o exército de Nazir partiu em alta velocidade na direção do castelo que agora estava desprotegido, sem seus muros e seu portão principal. Foi uma avançada voraz, os guerreiros eram muito rápidos, estavam quase dentro do castelo enquanto os soldados de Rurubi ainda estavam fazendo força para armar as catapultas novamente. Foi nesse momento que Horus desceu com o restante dos soldados para frente das armas, na esperança de atrasar o ataque inimigo até que elas estivessem armadas. Rurubi gritou para que não fizesse, mas o garoto não ouviu.

O rei não queria que isso acontecesse e conseguiu conter alguns soldados a seu lado. O exército de Nazir chegou com tudo, os homens entravam na frente das catapultas e combatiam os soldados que tentavam mobilizar o que seria a melhor arma nesse momento. A luta era sangrenta, várias vidas foram dizimadas neste pequeno intervalo de tempo em que o exército assírio conseguiu entrar no pátio e cercar as catapultas.

Horus estava sendo formidável, era implacável em seus golpes, havia matado muitos soldados, estava liderando uma defesa impenetrável.

Ouvia-se sons de espadas batendo umas nas outras todo o tempo, o sangue se espalhara por todo o chão, se misturando junto aos corpos caídos. Mesmo com todo esse empecilho alguns soldados conseguiram disparar as catapultas que atingiram uma pequena parte do exército de Nazir. Foi somente neste momento que Rurubi pôde perceber que aquilo não passava de uma distração, que as catapultas deveriam ter atingido os arqueiros, mas estes já estavam bem próximos, colocados estrategicamente a uma distância fácil de atacar o inimigo, eles não poderiam ser impedidos. Antes mesmo que o rei pudesse avisar a seus soldados que lutavam bravamente no pátio para defender as armas que seriam sua vantagem na batalha, ele enxergou a nuvem negra no céu, eram inúmeras flechas que haviam sido lançadas pelos arqueiros do exército inimigo.

- Protejam-se. – A voz de Rurubi saiu arrastada e rouca de desespero. – Vamos protejam-se. – Ele gritou mais uma vez, e seria a última vez.

Como uma chuva que chega de repente, as flechas começaram a cair do céu. Alguns elas atingiam em cheio no peito, outros elas perfuravam os olhos, Horus havia sido atingido na coxa antes de pegar o escudo que estava em um corpo caído ao seu lado, a tempo de se proteger. De todos os guerreiros que estavam ali, ele foi o único com reflexo e velocidade para conseguir se proteger, era o único sobrevivente.

A visão que o rei tinha naquele momento era aterrorizante. O pátio de seu castelo estava coberto por corpos, em sua maioria mortos, mas alguns agonizando implorando por um socorro que não aconteceria. O que Nazir estava pensando, tinha entrado no pátio, estava dificultando o lançamento das catapultas, para que realizar um ataque maciço desse que mataria até mesmo seus soldados. A culpa era do rei, estava tão concentrado em proteger as catapultas para manter a vantagem da batalha que se esqueceu do restante do exército inimigo, eles se aproximaram e atacaram sem que ele pudesse notar.

Uma atitude covarde, matar seus próprios soldados apenas para garantis a vitória de uma batalha, Rurubi jamais faria isso. Esse era o terror assírio, a maldade desumana de sacrificar seus soldados em uma morte agonizante desde que isso significasse vencer a guerra. O rei nunca imaginou uma passagem dessas, e sua falta de observação lhe custou várias vidas de seu reino.

Os arqueiros já estavam praticamente todos em novas posições, prontos para lançarem suas flechas novamente, só que agora o alvo seria outro, seria a entrada do castelo onde estava o rei e o restante de seus soldados. Rurubi não tinha mais tempo para pensar e nem reagir, a única coisa que poderia fazer seria descer com o pouco que lhe restava, juntar-se a Horus e encarar seu inimigo de frente, aguardar onde estavam só iria matar a todos sem nenhuma chance de reação. Imediatamente os soldados começaram a descer as escadas com o rei mantendo a frente de sua formação.

Antes que terminassem todos os degraus da escadaria do castelo, uma luz passou por cima da cabeça de todos, atingindo o meio da formação do exército de Nazir, eliminando alguns soldados e espalhando para as laterais os que não foram atingidos. Todos olharam para traz e lá estava Hermes com sua túnica que cobria quase todo corpo, deixando apenas a cabeça, algumas partes dos braços e pernas descobertos. Estava escorado em seu cajado que seguia do chão até a altura de seus ombros com entalhes de forma espiral até o topo do cajado, onde localizava-se um símbolo que se parecia com uma estrela.

Agora que o mago aparecera as coisas mudariam de figura, Hermes era muito forte, apesar da idade avançada, ajudou Rurubi a vencer algumas batalhas, e alguns outros reis antes dele. Nos últimos anos Hermes não acompanhara o rei em suas batalhas pela idade avançada, mas o rei sempre ficava mais tranquilo com o fato de o mago estar no castelo para proteger sua família e seus súditos.

O mago tinha um passado glorioso de muitas vitórias e muita devoção a família de Medéia, era esse laço do passado de sua esposa que unia Hermes ao rei. Desde que Rurubi chegara a Amom ferido pela criatura que amaldiçoara seu reino, os dois se tornaram grandes amigos. Hermes ajudou na criação do rei até o casamento e a morte dos pais de Medéia, tinha ele como um filho querido.

O exército inimigo estava se reagrupando prontos para atacar novamente, embora o mago estivesse ao lado deles, a vitória ainda não era uma certeza, haviam restado muitos soldados, sem contar a guarnição do rei que todos imaginavam conter os melhores guerreiros. O mago agora seria uma arma que poderia mudar essa guerra, mas o rei sabia que embora poderoso a idade não permitia que Hermes esbanjasse sua mágica sempre que quisesse, ele tinha de se recompor e ganhar folego, era isto o que ele estava fazendo agora, e o exército inimigo estava pronto para atacar novamente.


A maldição do discípuloWhere stories live. Discover now