Capítulo 13

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"É meio que tudo, e não é nada. Quando penso na minha vida e quem eu sou, acho que luto pra acreditar que coisas boas acontecem a pessoas boas, que tudo vai dar certo, que vai melhorar. Todos lutamos. É parte da vida. É parte de viver. E a pior parte é a solidão, uma solidão negra e forte que te faz sentir como se não existisse mais mágica no mundo. Sei que o futuro é assustador, sei que o mundo pode intimidar, mas você precisa saber que as vezes quando tudo fica desesperador, as pessoas te acham. A ajuda esta lá fora e você não esta só."

Acordei parecendo um zumbi, mas me arrumei rapidamente. Recebi uma mensagem de Michael, dizendo que me esperaria na pracinha para podermos ir juntos para a escola. Abri a porta do meu quarto cuidadosamente para fazer o mínimo de barulho possível. Desci correndo, peguei uma maçã verde na fruteira e saí porta afora.

- Olha só se não é a miss saudável. - meu primo brincou assim que me viu, me dando o típico beijinho na testa.

- Estou tentando, já que depois de ontem eu comi feito uma cavala.

- Sobre ontem... E você e Ashton? - era a pergunta que não podia faltar.

- Na mesma. Eu disse que quero ser amiga dele, e até está dando certo, mas ontem rolou uns beijinhos de novo. - enfiei a boca na maçã logo após contar aquilo, dando um olhar inocente.

- E como você se sente sobre isso?

- Honestamente, eu não sei. Eu sinto que ele é diferente, sabe? Ele é tão fechado e cheio de segredos e eu tenho vontade de desvendar tudo isso, e eu nunca me senti assim sobre alguém. Mas ao mesmo tempo, eu não quero nada disso. Acho que eu ainda tenho um pouco de medo. - tentei ser o mais clara possível.

Dizem que quando seu coração é quebrado uma vez, o seu maior medo, é que isso aconteça de novo. E sinceramente? É a mais pura verdade.

- Tudo bem você se sentir assim, contando que você não deixe todas as incertezas ficarem á frente de tudo sempre. Ele é uma pessoa nova na sua vida, talvez isso tudo seja a animação de querer descobrir tudo de uma vez, e depois você se desanimar repentinamente e querer ele longe. Continue tentando ser amiga dele, e vamos ver até onde isso chega. Mas de preferência, sem os beijos. - frisou o fim da frase, fingindo estar bravo.

- Eu vou tentar me controlar, juro!

- E seu pai, Lu? - essa pergunta era de longe, a pior.

- Podemos não falar sobre ele, por favor? - mordi os lábios, fugindo desesperadamente do assunto.

Meu pai é meu maior medo, minha maior fraqueza, minha maior desgraça, e falar sobre ele, seria como jogar sal em meus cortes.

- Você sabe que pode contar comigo pra absolutamente tudo, não é? E se você quiser ficar lá em casa novamente, as portas estão abertas sempre. - me deu um abraço de lado enquanto andávamos, e não tem nada no mundo que fizesse eu me sentir mais segura do que seus braços.

- Você é maravilhoso, sabia? - sorri enquanto olhava em seus olhos, que tinham um brilho encantador - Mas podemos falar sobre como eu me sinto entediada na maior parte do tempo? Eu estou cansada de fazer a mesma coisa todo dia. - bufei frustrada. A mesmice realmente cansa.

- Podemos sair todo mundo para algum lugar diferente, o que você acha?

- Eu acho ótimo. - sorri.

Não menti, mas evitei o assunto, o que não era bom. É como se eu quisesse aquilo, todo aquele sofrimento, todas aquelas agressões verbais e físicas, mas digamos que eu não tinha muita opção. E talvez seja por isso que eu me odeio cada dia mais.

BlinkWhere stories live. Discover now