Capítulo 34

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"E até hoje, eu acredito que, na maior parte do tempo, o amor é uma questão de escolhas. É uma questão de tirar os venenos e as adagas da frente e criar o seu próprio final feliz."

Ashton's POV

- Ela me expulsou do quarto e está ouvindo o álbum do One Republic e chorando há mais de vinte minutos! - me manifestei assustado enquanto Marie mantinha o olhar pleno, como se aquilo fosse totalmente normal.

- Isso são os hormônios à flor da pele. Faltam apenas dois meses pra Hope nascer, e é aí que o desespero aumenta, é choro pra lá e pra cá. Se acostume com isso. - ela me encarou calma, ignorando totalmente o meu susto. Mas aquilo não era o pior... O pior era o que estava dentro de mim. O meu medo, o meu desespero, a minha insegurança em falhar como pai. Aquilo precisava sair de dentro de mim, e Marie era a única pessoa disponível no momento.

- Marie, eu... eu não sei se consigo fazer tudo isso. É muita coisa! Eu me mantive forte esse tempo todo, ou pelo menos, tentei, mas eu não sei fazer nada, nada mesmo! Eu não sei nem como limpar a bunda de um neném! Como é que eu vou lidar com tudo isso?

- Olha só quem está surtando. Até que demorou, hein? - ela arregalou os olhos minimamente em falsa surpresa, como se aquilo fosse algo esperado há algum tempo - Sei que é complicado, até porque você não sabia que seria tão difícil lidar com a sua demanda emocional e com a dela. Por isso, converse, desabafe, conte como está se sentindo, e se precisar, se junte e chore com ela. - ela deu um sorriso acolhedor, mas nem as suas sugestões foram capazes de me acalmar. Muito pelo contrário.

- Eu quero ajudá-la, não ficar igual ela! - retruquei indignado, ficando quase desesperado por nem a minha própria sogra conseguir me ajudar com a merda do meu surto.

- Mas você não pode ignorar suas inseguranças também, Ashton! Ela precisa justamente de alguém cuidando dela, e claro que você quer ser essa pessoa, mas você não pode se deixar de lado também, ok? - toda aquela calmaria finalmente se transformou em seriedade. Marie me encarou preocupada e foi nisso que entendi seu verdadeiro ponto. O tanto que estava sendo difícil pra Luna, também estava sendo pra mim. Claro, ela tem dificuldades maiores, mas creio que nosso desespero esteja no mesmo nível.

- Ok, eu acho... - respondi um tanto quanto inseguro, mas finalmente um pouco mais aliviado.

- Você vai se sair muito bem, tenho certeza disso! Você vai aprender a limpar a bunda da Hope e vai até sentir saudade do cheiro do cocô, e eu não estou brincando! - ela disse confiante, tentando segurar a risada ao ver minha careta ao ouvir sua última frase. Como é que sentir saudade do cheiro de cocô de neném é possível?

- Marie, você é doida!

- Me fale isso daqui 5 anos, meu querido! - ela pareceu muito convicta ao dizer sua última frase antes de se levantar com seu prato vazio em direção à cozinha.

Fiquei ali por mais alguns segundos antes de voltar para o quarto, encontrando Lu já recuperada, lendo um livro sobre cuidados com o bebê.

- Você está melhor? - me encostei na porta, observando minha namorada com aquele barrigão incrível.

- Me desculpe por te expulsar. - ela respondeu sem graça, largando o livro e batendo na cama para que eu me deitasse junto a ela.

- Eu entendo, Lu, de verdade mesmo. - usei meu tom mais compreensível, não deixando dúvidas de que aquilo não tinha me deixado bravo ou nada do tipo.

- Você deveria estar dormindo! Essa semana foi puxada com os treinos e amanhã é o grande dia, você precisa descansar! - ela disse autoritária, me dando um selinho demorado e um sussurro de boa noite, desligando o abajur na intenção que aquilo apressasse meu sono, que por sinal, estava longe.

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