Capítulo 15

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"Você já olhou para uma foto sua e viu um estranho no fundo? Te faz perguntar, quantos estranhos tem uma foto sua? Quantos momentos da vida dos outros nós fizemos parte? Ou se fomos parte da vida de alguém quando os sonhos dessa pessoa se tornaram realidade, ou se estivemos lá, quando os sonhos delas morreram. Nós continuamos a tentar nos aproximar? Como se fossemos destinados a estar lá, ou o tiro nos pegou de surpresa? Pense, podemos ser uma grande parte da vida de alguém e nem saber."

Uma semana se passou. Uma semana longa e estranha.

- Lu, você está me ouvindo? - Melissa balançou as mãos em frente aos meus olhos, tentando chamar minha atenção.

- Foi mal. O que você disse? - perguntei perdida. Minha atenção estava longe dali.

- Você pegou tudo o que precisava? Michael já deve estar chegando!

Foi uma semana inteira aguentando Jackson insistindo em tentar conversar comigo, receber olhares estranhos de Ashton, suportar as dores das surras recebidas, e explicar sobre a história do meu braço roxo, que acabou se espalhando entre o grupo tinha me deixado estranha e pensativa. Mas muito pensativa mesmo! Do tipo que te faz pensar em cada partezinha de toda a sua vida.

- Sim, senhora! Já podemos descer! - tentei me animar, pegando nossa pequena mala com roupas extras.

Michael levou a sério sobre sairmos para lugares diferentes e arranjou um lugar onde pudéssemos relaxar. Ele não disse aonde era, apenas que deveríamos levar comida e algumas roupas a mais. Descemos e pegamos nossas cestas onde estavam nossas comidas. E não era qualquer porcaria, não! Melissa conseguiu fazer panquecas doces recheadas com chocolate e morango, e com a ajuda da mãe, fez uma tortinha holandesa.

- Você acha que é um clube ou um spa? Eu morreria por um lugar desses nesse segundo! - a garota deduziu, se rendendo a preguiça matinal e se jogando no sofá, recebendo bronca da mãe em seguida, que a mandou tirar o pé sujo dali.

- Michael sempre gostou muito da natureza, então provavelmente vai nos levar para o meio do mato. - ri.

Eu já posso babar no meu primo e dizer o quanto ele é maravilhoso? Ele sempre foi assim, desde pequeno, sempre quis um tempo apenas para apreciar a natureza e tudo o que temos de bom e nem percebemos. Minutos depois, o som da buzina tocou e saímos de casa.

- Ashton está chegando com Jesse. - Michael avisou, encostando no carro, e fizemos o mesmo.

Estavam quase todos ali, só faltavam os dois, que não demoraram para chegar. Começamos a arrumar as coisas no carro de Michael, que na verdade era de sua mãe, mas ele era mais dono do que a própria.

- Coloca isso lá, preciso ir ao banheiro! - Lisa deu sua pequena bolsinha para Ashton, que se aproximou do porta-malas, que por sinal, era onde eu estava encostada.

Seus olhos azuis, sem brilho nenhum, mal conseguiam olhar para mim. Eu queria falar com ele. Queria continuar de onde paramos antes de toda essa confusão. Queria fazer dar certo. E mais uma vez: por que eu queria tanto isso, mesmo sabendo que na maior parte das vezes aquilo que queremos é aquilo que não podemos ter? O desejo de ter algo é desgastante, mas por mais duro que seja querer algo, posso garantir que as pessoas que mais sofrem são aquelas que não sabem o que realmente querem.

A última vez que nos falamos foi o dia que ele viu meu braço, e depois daquilo, ele abriu a boca para Michael, que abriu a boca para Callie, que abriu a boca para Jesse, e assim vai. Resumo da história: todos queriam saber o motivo do meu braço ter ficado tão machucado. Fui despertada de meus pensamentos com a maior surpresa que poderia ter no momento. A voz de Ashton.

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