Capítulo 28

262 39 0
                                    

"Às vezes focamos tanto em achar nosso final feliz que não aprendemos a ler os sinais, a diferenciar entre quem nos quer e quem não nos quer, entre os que vão ficar e os que vão te deixar. E talvez esse final feliz não inclua um cara incrível. Talvez seja você sozinha recolhendo os cacos e recomeçando, ficando livre para algo melhor no futuro. Talvez o final feliz seja só seguir em frente."

Luna's POV

Eu não dormi. Estava com a cabeça cheia demais para me sentir cansada. Tentei organizar meus pensamentos, tentei descobrir o que faria da vida, mas nada adiantou. Na verdade, eu pensei em mim. Pensei em tudo o que ocorreu durante todos esses anos e cheguei numa conclusão que nunca imaginei que poderia ter chegado.

O auto perdão vai muito além do que qualquer pessoa imagina. Às vezes precisamos nos enxergar como se fossemos outra pessoa, e quando você sai de você, acaba enxergando que é muito mais linda do que imaginava. Que você é uma pessoa que vale a pena não para os outros, mas para si. Eu passei todo esse tempo me perguntando o motivo de todas as minhas tentativas falhas em desistir da vida deram errado. Eu achei minha resposta. Aos poucos, a própria vida me mostrou que é bom dar risada com meu Eu interior e poder viver sem tantas culpas. Eu fui capaz de me abrir, me permitir, e me entregar. O auto perdão também é uma maneira de dizer "eu me aceito". Não vou dizer que tudo está cem por cento bem, mas assim que parei de pensar que tudo estava inteiramente ruim, as coisas automaticamente melhoraram. O sol pareceu mais brilhante. A tristeza pareceu mais distante. Foram coisas que eu só percebi que realmente tinham mudado quando me olhei no espelho e não senti mais aquele imenso desconforto de estar no meu próprio corpo. Foi como se eu finalmente tivesse conquistado a capacidade de olhar pra mim mesma e me enxergar como um passarinho com a asa quebrada, porém, que teve cuidados o suficiente de pessoas que em algum momento sussurraram carinhosamente: "viva!"

E então vem o enjoo matinal. Aquele que, me tira da cama rapidamente, e também faz meu pensamento funcionar a mil por hora. As dúvidas em relação ao bebê me fazem querer correr e me esconder. Cem por cento sem coragem de enfrentar isso tudo ainda.

Digamos que talvez eu tenha dormido demais e perdido a hora. Combinamos de sair para irmos ao parque às sete, e eu comecei a me arrumar às seis e meia. Algo que eu deveria me organizar também, aliás, mães são responsáveis, certo?!

Deus, eu vou ser mãe!

Eu e Michael fomos no carro com Callie. Tentei me distrair ao máximo com todo aquele papo aleatório que os dois conversavam, mas estava realmente difícil. Eu estava com um medo absurdamente gigante de ser julgada, largada ou de ouvir coisas que não gostaria. Ok, ok, estamos falando de Michael e Callie, mas também tem o resto. Eu não fazia ideia de como reagiriam, e a melhor solução seria manter a boca fechada pelo máximo de tempo que pudesse até conseguir pensar em algo. Chegamos ao parque, e a primeira atração que tomou toda a minha atenção foi o carrossel, que estava cheio de criancinhas. Continuamos andando até chegarmos em frente à uma gigante fila para a montanha russa. Encarei toda aquela loucura que o brinquedo fazia e me neguei em ir nele.

- Você vir ao parque e não ir à montanha russa é o mesmo que não vir. - Jesse se manifestou indignado, encarando a montanha russa como se fosse a coisa mais incrível que já tinha visto.

- Eu não confio no que não está no chão. Simples assim. - em minha defesa, exclamei a minha verdade.

- Você está é com medo. - ele continuou de maneira provocativa, e eu entrei em seu jogo, fingindo estar profundamente ofendida. Jesse e seu bom humor eram capazes de fazer um defunto levantar para rir.

- Eu não vou nesse negócio e pronto. - cruzei os braços e bati o pé, erguendo o queixo como se estivesse desafiando alguém a dizer algo, mas apenas riram.

BlinkWhere stories live. Discover now