I - Alianças Diferentes

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Manhã após o aniversário de Isabel Venezza

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Manhã após o aniversário de Isabel Venezza.

A noite passou como um flash confuso e escuro. Não havia muitas lâmpadas que funcionassem no hospital, e mesmo as que haviam eram usadas o mínimo possível para poupar despesas.

Cameron me explicou como na teoria, aquilo fazia sentido – todos deveriam dormir aquele horário. Mas a noite era fria, então todos acabavam dormindo durante o dia – à noite, as pessoas gritavam de dor, acordando umas as outras. Tremiam de frio, sem conseguir perder a consciência do ar gelado entrando pelas janelas quebradas e percorrendo os corredores.

Durante a noite, Elizabeth me falará longe do noivo, as pessoas também morriam.

Mas depois de toda a noite, havia um novo dia, e quando o sol nasceu brilhante no horizonte, pratos de comida quente foram servidos para os pacientes, que alimentados e aquecidos dormiam iluminados pela luz do sol.

O céu sequer havia perdido os tons de laranja e lilás, quando um grupo de jovens entrou. Os estudantes de medicina, amigos de Cameron, voluntários ali por nada além da vontade de salvar vidas. Observei eles se dispersarem entre os quartos, correndo de um lado para o outro tentando atender o máximo de pessoas possíveis – estavam fazendo algo real. Algo muito mais palpável do que qualquer um no palácio fazia por aquelas pessoas.

-Senhorita – uma menina com um tapa olho puxou da saia do meu vestido, manchando de sangue a saia perfeita feita por Tina – Estão esperando você.

-Quem está me esperando? – me sentei nas minhas pernas para observa-la. Ela estava tremendo, mas pegou minha mão e seguiu me puxando. – Está com frio?

Ela negou, corajosa como toda a criança que havia sofrido o bastante para não esperar nada mais do que um prato de comida como demonstração de generosidade. – Um homem grande. Muitos homens grandes. E carros grandes também.

Eu sabia que eles viriam por mim. Surpreendia-me que Fox não os tivesse mandado antes. Talvez nem sequer tivesse adivinhado onde eu estava antes para manda-los.

A menina me puxou até a entrada, onde junto com os casacos dos estudantes o meu casaco da noite anterior repousava. Não era o mais quente, mas mesmo assim o enrolei em volta da garotinha antes de sair – Fique longe das janelas.

Ela assentiu, sorrindo como quem havia ganhado o mundo, e correu para longe enquanto eu começava a tremer abrindo a porta o mais devagar possível. Nem todo o tempo do mundo me prepararia para o outro lado daquela porta.

Havia uma carruagem esperando na porta do hospital quando saí.

Não uma carruagem discreta como aquele que me trouxe de Corripo para Paris – uma carruagem do palácio, branco com bandeiras e um brasão dourado, com seis guardas parados em volta do prédio. A janela do banco de trás se abaixou, e Veronicca nem se deu ao trabalho de olhar para mim ao falar - Se entrar no carro agora, eu não direi nada sobre seu comportamento Bethany. Eu não acreditei nela, mas contrariada entrei no carro sem sequer me despedir de Elizabeth e Cameron.

O Que o Espelho Diz - A Rainha da Beleza Livro II [NÃO REVISADO]Where stories live. Discover now