IX - Cavaleiro de Prata

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-Mandou me chamar? – fechei a porta, enquanto Napho entregava uma carta a um menino que passava correndo por mim.

-Algo estranho aconteceu – falou ele, fazendo sinal para que eu me sentasse.

Olhei em volta, surpresa. – Não sabia que você tinha um escritório.

-São partes dos meus direitos como embaixador – ele deu os ombros, olhando para algo em seu colo.

-Disse que tinha algo para mim? – perguntei, e ele assentiu, tirando debaixo da mesa um envelope branco. Engoli em seco – O que é isso?

-Não sei. Não abri, ou li, embora tenha ficado tentado a fazê-lo diversas vezes nos últimos três dias – ele empurrou o envelope pela mesa – Mas está endereçado a você. Decida o que quer fazer.

-Endereçado a mim? – virei à carta diversas vezes, até achar um relevo na borda do envelope. "Gwendoline". – Essa não sou eu.

Ele bufou – Bem, obviamente não sou eu – ele ergueu as mãos, se levantando – Pode rasgar ou queimar, se quiser Bethany. Ou pode ler. Gostaria de lhe dar algum tempo para pensar, mas por mais que eu confie em você, e eu confio, terá de decidir isto aqui e agora.

-Três dias? – perguntei, ainda virando o envelope nas mãos. Ele deu os ombros, e eu repeti a pergunta – Três dias?

-Você esteve ocupada – ele falou, andando pela sala – Eu, sem duvidas, estive ocupado.

Abri a boca para responder, mas a fechei em seguida. Não havia sentido para discutir aquilo, mesmo que ambos passássemos a maior parte do dia nos salões com os outros. Abri o envelope, antes que realmente pudesse pensar sobre isso. De dentro, caiu um cartão branco com letras prateadas.

-É... – peguei o cartão que caíra no meu colo, erguendo – Um convite de casamento?

"O Rei Florence e a Rainha Loretta

Tem a honra de convida-lo (a) para o casamento do Príncipe Christopher e da Futura Princesa Seraphina.

Todos os convidados deverão estar no palácio até a terceira semana de verão, para aproveitarem o máximo da semana do casamento com os noivos.".

-Tem algo atrás – ele estreitou os olhos, torcendo um pouco a cabeça. Uma assinatura, em caneta prateada. Virei para ele, recebendo um olhar irritado – Claro que foi ela...

-Quem? – olhei novamente para a assinatura – Minha avó?

-Não, Bethany, a sua tia – ele suspirou – Cordelle.

-A que você abandonou no altar? – ergui uma sobrancelha, e ele gaguejou um pouco.

-Sim, a mesma – ele assentiu, por fim, ainda nervoso se sentando novamente – E então?

-Como ela era? – perguntei, aproximando a cadeira – Cordelle?

-Cordelle é a mulher mais linda do mundo, Bethany – ele falou, como se repetisse algo que ouviu dezenas de vezes – Mais do que a senhora mão de príncipe, Alicia ou mesmo você. Mais linda do que sua mãe costumava a ser. Ela se encaixaria melhor no seu mundo do que no dela, eu diria... Ama a beleza e abomina a guerra, e todos nas Américas amam a guerra. É inteligente e perspicaz, e muito solitária.

-Você a amava? – perguntei surpresa por como ele a descrevera. Parecia como se ele tivesse passado muito tempo pensando naquilo.

Ele sorriu – Não, Bethany, nunca amei Cordelle. Mas a verdade é que ela tão pouco me amou – ele deu os ombros – Mas eu a respeito, mais do que respeito a sua avó, ao seu pai ou a rainha que ele escolheu.

O Que o Espelho Diz - A Rainha da Beleza Livro II [NÃO REVISADO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora