XV - Sonhos de Marfim

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-Vamos partir em cinco dias, caso você comece a acreditar que Uzuri irá enlouquecer você – falou Tsehai, um dos rapazes negros que insistira em me ajudar a ir da biblioteca de Cléo até a tenda de Uzuri

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-Vamos partir em cinco dias, caso você comece a acreditar que Uzuri irá enlouquecer você – falou Tsehai, um dos rapazes negros que insistira em me ajudar a ir da biblioteca de Cléo até a tenda de Uzuri.

-Ora, cale a boca – ela grunhiu, acertando a palma da mão atrás da cabeça dele, mesmo precisando ficar na ponta dos pés para isso. Os outros dois rapazes, Tuwalole e Azizi, riram, recebendo um olhar enraivecido dela – Vocês dois também, nem sei o que estão fazendo aqui.

-Não é todo dia que temos a chance de ver uma rainha – falou Azizi, dando os ombros.

Tuwalole concordou, sem falar uma palavra. Era gêmeo de Tsehai, até onde haviam me explicado, mas embora parecidos na aparência, o que um tinha de falante o outro tinha de quieto e observador.

-É verdade que no palácio vocês podem comer bolo todos os dias? – perguntou Azizi, impressionado – Na hora do dia em que quiserem?

-E que tem pessoas que levam sanduiches e tortas para vocês nos quartos? – Tsehai se apressou em perguntar também.

-É verdade sim, mas a maioria de nós tenta não abusar dos bolos – falei, rindo, sentando na cama debaixo do beliche – E manter uma rotina de comer todos juntos a mesa.

-Tem uma mesa grande o bastante para que vocês possam comer todos juntos? – Tsehai perguntou impressionado, virando para Azizi – Todas aquelas pessoas que nós vimos naquela televisão na cidade!

-Não é possível que aja uma mesa tão grande! – exclamou Azizi, desconfiado – Deve ser uma mesa do tamanho de uma cidade.

-Talvez, do tamanho da cidade em que eu cresci – falei, sorrindo para meus próprios pés – Não são muitas mesas grandes assim, a maioria de nós almoça em pequenos grupos. Só comemos todos juntos em dias especiais.

Eles seguiram me enchendo de perguntas, sob os olhos atentos de Tuwalole e os comentários sarcásticos de Uzuri. Queria saber o que era uma ocasião especial no palácio, o que se comia, o que se vestia. Tsehai gostava de música, e ficava impressionado com cada descrição de instrumentos, com as diferentes composições de orquestras e os cantores que ia aos bailes – fossem como convidados ou para apresentarem-se a convite da rainha.

Azizi, filho de uma mulher branca com um homem negro, aprenderá a gostar de flores antes de a mãe ser morta como uma traidora e ele ser resgatado por Abba. Na vida que levavam, as únicas flores que ele conseguia ter contato eram aquelas que Cléo pedia que ele colhesse, ervas para a vida e para a morte.

-O que vocês três estão fazendo ai? – Kambani se aproximou, com um pequeno animal preso no ombro. Algo parecido com um pequeno rato, mas um pouco mais longo e com uma cola mais grossa – Não deviam estar se preparando para amanhã?

-Estão fazendo perguntas estúpidas – grunhiu Uzuri que, a este ponto, já estava em sua cama logo acima da minha cabeça, com as pernas balançando perto demais do meu rosto para que eu me sentisse segura.

O Que o Espelho Diz - A Rainha da Beleza Livro II [NÃO REVISADO]Where stories live. Discover now