XVI - Espadas de Madeira

2K 240 57
                                    

-Nossa – riu Uzuri, assim que eu entrei na cabana – O que fizeram com você?

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

-Nossa – riu Uzuri, assim que eu entrei na cabana – O que fizeram com você?

-Não gostou? – perguntei, torcendo uma mecha de cabelo.

Ela deu os ombros – Achei que elas tinham cortado você em pedaços e comido no jantar – ela brincou, esticando os braços – Ficou diferente.

-Isso é ruim? – ergui uma sobrancelha, e recebi outro dar de ombros de resposta – Certo.

-Se você quer brincar de ser um de nós, não sou eu quem vai te impedir – ela falou, quando eu me sentei na cama para tirar os sapatos, incapaz de vê-la – Mas em alguns dias estará de volta ao seu castelo grande e cheio de guardas para manter você segura, e vai esquecer tudo isso e deixar que mais de nós sigam morrendo.

-Eu... – pisquei surpresa, tirando os sapatos e ficando de pé, na ponta dos pés, para conseguir enxerga-la na cama de cima – Eu nunca vou esquecer o que vocês fizeram por mim. Todos vocês, se arriscaram demais para me ajudar.

-É o que você diz – ela murmurou, jogando um travesseiro em mim. Suspirei, jogando de volta e me deitando, olhando para os lastros da cama dela ainda sem sono, tentando convencer a mim mesma que eu não iria esquecer.

Eu não podia esquecer, não quando eu ainda estaria em perigo até descobrir quem era o dragão, não quando eu tinha visto como aquelas pessoas eram apaixonadas por coisas pequenas e ligadas umas as outras como uma família de verdade, mesmo que nenhum deles compartilhasse o sangue.

Surpresa percebi, que aquela noite era a primeira em um bom tempo em que eu olhava meu próprio reflexo. Aquele reflexo que sequer parecia o meu, por que a cada movimento eu ainda sentia como se estivesse em um penteado do palácio, maquiada e escondida atrás de joias que já não estavam ali.

-Se não esquecer... – falou Uzuri, quando eu pensei que ela já estava dormindo – Está acordada?

-Estou – falei, e ela seguiu em silêncio por mais um bom tempo.

-Sei que não pode mudar tudo da noite para o dia – ela falou rapidamente – Mas... Não precisam matar as crianças. Ninguém devia matar crianças.

Pisquei, contendo algumas lagrimas. Não, não deveriam – aquelas centenas de crianças em Corippo, nenhuma delas havia feito mal maior do que puxar o cabelo uma das outras. Ninguém tinha o direito de tirar a vida de uma criança. Se crianças não sofressem riscos, talvez fosse Annie ou Tina, quem assumiriam a coroa. Se crianças não sofressem riscos, talvez minha mãe não tivesse morrido por se afastar de seus dois filhos. Aquela garotinha em Paris, não estaria em frio sozinha em um hospital improvisado.

Mas eram sempre as crianças em maior risco.

-Vou lembrar-me disso – garanti, ouvindo ela se mexer – Eu prometo, vou lembrar-me das crianças.

-Bom – foi tudo que ela falou, antes de um ronco baixinho denunciar que ela estava dormindo.

-Bom – foi tudo que ela falou, antes de um ronco baixinho denunciar que ela estava dormindo

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
O Que o Espelho Diz - A Rainha da Beleza Livro II [NÃO REVISADO]Where stories live. Discover now