XXVI - Sapatos Brilhantes

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-Os fins justificam os meios

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-Os fins justificam os meios. Maquiavel. – falou Isabel, com uma voz entediada enquanto eu batia na porta – Entre.

-Você não pode fazer isso! – Annie arfou, enquanto eu entrava no quarto – Você precisa defender a ideia, não soltar frases como se fosse uma razão lógica.

-O que vocês duas estão fazendo? – perguntei, olhando um baralho de cartas negras sobre a cama.

-Jogos políticos – Isabel deu os ombros.

Pisquei – E o que são jogos políticos, exatamente?

-Nós jogávamos com nossos tutores quando éramos mais novas – Annie explicou, girando metade do corpo para poder me encarar – Provavelmente vá ter que jogar algumas vezes quando voltarmos a Paris e suas aulas recomeçarem.

Aulas. Respirei fundo, sim, aulas – línguas e políticas e finanças. Arte, literatura e esportes. Tudo que era esperado que uma rainha soubesse, mas um ano no palácio não fora o bastante para me ensinar.

-Cada carta tem um problema – Isabel falou indiferente – Se eu tiro uma carta, eu apresento a Antoinette aqui o problema. Ela tenta resolver.

-Mas os problemas têm minúcias que não são ditas no início, a cada resposta que eu dou, Isabel tem que me confrontar com um novo motivo pelo qual isso daria errado – Annie seguiu explicando – Se ela não conseguir usar mais nenhum dos pontos, eu ganho. Se ela chegar ao último ponto e eu não conseguir uma solução perfeita, ela ganha.

-Estamos contando os pontos com chocolates – Isabel falou, abrindo um bombom – O único remendo para os corações miseráveis.

Annie pareceu mais triste de repente, mas se limitou a repreender Isabel – Pare de comer, você não ganhou essa rodada.

-Mate todos os homens adultos. Crie os meninos em uma sociedade civilizada. Consiga a paz. – Isabel grunhiu, jogando o papel em Annie – Os fins justificam os meios.

-Não está falando sério – ri, pegando a carta da mãe de Annie e lendo – Em três de Outubro de 1470 o rei Eduardo IV morreu...

-Viu? Eu posso solucionar um problema do século quinze com uma solução do século quinze – Isabel grunhiu.

-Não é uma solução do século quinze esperar convencer todas as mulheres a se rebelarem – grunhiu Annie, mas também pegou um chocolate e colocou na boca.

-Isso só mostra o quanto elas eram tolas – Isabel resmungou, puxando a perna boa para perto do peito – Por deixar que homens as diminuíssem, mandassem nelas e julgassem suas atitudes a bel prazer.

-Era o século quinze! – Annie exclamou – E nós concordamos em não trazer nossos problemas para o jogo.

-Tudo bem – Isabel suspirou, cedendo – Isso é verdade. Quer jogar Bethany?

O Que o Espelho Diz - A Rainha da Beleza Livro II [NÃO REVISADO]Where stories live. Discover now