𝐈. 𝐃𝐞𝐬𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐢𝐝𝐨 𝐅𝐞𝐫𝐢𝐝𝐨ʳ

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      Para a sorte do garoto, aquele lugar tinha tudo o que precisava, incluindo uma área médica com objetos esterilizados em sacos e tudo o que precisavam, e mais

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      Para a sorte do garoto, aquele lugar tinha tudo o que precisava, incluindo uma área médica com objetos esterilizados em sacos e tudo o que precisavam, e mais. Annie colocou um pano em volta da lança mantendo pressão, manteve a lança estabilizada enquanto Mattie e outros dois homens o levantaram para levar até uma maca para levar até a ala médica.

      Graças a médica da base, Annie tinha todos os ensinamentos e práticas que precisava para ajudar o garoto. Por sorte, muitos homens metidos a valentões e nos primeiros estágios do fulgor entravam em várias brigas ficando extremamente feridos ao fim de cada batalha. Com ajuda de Mattie, que tinha um pouco de conhecimentos médicos, conseguiram retirar a lança e cuidar da hemorragia.

      Passaram-se dois dias desde a chegada ali, nesse tempo nenhum soldado do cruel apareceu no local para recuperar as coisas usadas, então Annie sentia que poderia relaxar aos poucos. Nesses dois dias, dormiu apenas cinco horas, intercalando o cuidado do garoto e a segurança de seu grupo.

*

 — Lawrence não vai gostar disso.

       Matie murmurou no volante, Annie bufou no banco de trás enquanto avaliava a ferida do garoto que seguia desacordado vendo se havia alguma possibilidade de estar infeccionada, tinham que chegar urgentemente ao acampamento para pegarem suas coisas e ir para a base.

       A busca pela construção no CRUEL foi um tiro no escuro, mas que milagrosamente atingiu o alvo de maneira certeira. Tinha comida, munição, armas e principalmente kit de primeiros socorros. 

 — Quando ele chamar, pode deixar que eu jogo a culpa tudo em você! – ele disse apertando o volante com mais força. – Você nem conhece esse garoto!

 — Mattie, você poderia calar a boca? – ela perguntou encarando a nuca do rapaz com raiva – Eu assumo as responsabilidades desse merdinha, mas você queria que eu fizesse o que? Que deixasse ele lá, morrendo?

 — Sim! Ele não é um dos nossos, então por que trazer ele? Por que salvar um desconhecido do CRUEL?

 — Eu era uma desconhecida. – murmurou voltando a atenção para o garoto desacordado – E vocês me aceitaram. 

 — Você era uma criança. É diferente.

 — E um cara ferido e desacordado é tão perigoso quanto uma criança de dez anos! – rebateu. – Se ele fizer merda, deixe que eu mato, mas enquanto ele tá assim poderia calar a merda da sua boca?

 — Tá bem. – suspirou irritado.

      Para Annie, as feições do garoto eram engraçadas, as sobrancelhas arqueadas e o nariz lhe traziam uma sensação estranha. Como se já o conhecesse antes, o que era difícil. Por segundo ficou curiosa sobre o que o CRUEL fez com ele e com as outras crianças, mas sabia que devia ser ruim. Muito ruim. Então tentou manter a mente focada no ferimento e não no que causou o ferimento.

      O acampamento temporário ficava escondido em meio a uma pilha de destroços, as enormes pedras serviam como paredes para que eles pudessem se proteger da vista de infectados e a entrada tinha diversos obstáculos que dificultavam o acesso. Foi difícil levá-lo até ali, foram precisos três homens, incluindo Mattie, para levá-lo e colocá-lo em segurança perto do fogo. O ferimento foi tratado com o que tinham saqueado, mas ainda assim precisavam chegar à base para terminarem os cuidados com o garoto.

 — Ele é do CRUEL. – analisou uma mulher do grupo. Annie apenas concordou enquanto passava um pano úmido na testa do garoto que suava e ofegava. – Ele é imune?

      Annie a encarou, não tinha pensado naquela possibilidade, se ele fosse imune então seria extremamente útil para o grupo, principalmente para Lawrence. E se não fosse, bom, soldados sempre são bem vindos. 

 — Vamos saber quando chegarmos na Base. – murmurou

 — Está tarde. Vou dormir, vai ficar de vigia?

 — Vou, vou. Eu preciso cuidar dele.

 — Boa sorte.

      A garota se ajeitou no chão, deitando-se e fazendo de sua mochila um travesseiro nada confortável. Matie estava do outro lado da fogueira, olhos fechados, provavelmente dormindo profundamente. Ninguém disse mais uma única palavra, o único som era o crepitar da madeira e as respirações pesadas mostrando que estavam todos dormindo profundamente. 

     Annie continuou sentada, os olhos cansados observando as chamas dançantes enquanto ouvia tudo à sua volta, esperava ouvir vez ou outra um grito agudo e gorgolejante de algum dos loucos, mas apenas ouviu os gemidos do garoto desacordado. Ela o encarou, então foi até ele com cuidado para não fazer barulho e avaliou a temperatura do menino. Estava fervendo.

     Rapidamente pegou um pano, jogou um pouco da água de seu cantil e passou na testa suada do garoto. Logo limpou seu rosto e pescoço. Ele tossiu algumas vezes, então lentamente abriu os olhos revelando um par de orbes esverdeadas com pupilas dilatadas. Com a voz rouca e arrastada, ele perguntou com dificuldade:

 — Eu tô morto?

 — Está. Eu sou o anjo da morte. – ela respondeu avaliando a ferida do garoto enquanto sorria de lado.

 — Que bom.

      Ele sussurrou e então apagou novamente. Sua respiração estava normal, mas ainda estava quente. A ferida não tinha sinais de infecção, nem parecia que iria infeccionar a menos que fosse devidamente tratada. Ela suspirou, então sentou-se ao lado dele o encarando.

 — É bom você viver e não me dar nenhum trabalho, babaca. – murmurou.


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INFECTED (Gally Maze Runner)Where stories live. Discover now