𝐗𝐕𝐈: 𝐕𝐨𝐜𝐞̂ 𝐧𝐚̃𝐨 𝐬𝐚𝐛𝐞 𝐝𝐞 𝐧𝐚𝐝𝐚ʳ

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Nota:
Peço desculpas desde já pelo sumiço, não vou conseguir voltar com tudo pelos próximos dias, mas vou liberando uns capítulos de pouco em pouco. Não estava muito bem nos últimos dias. Além de que terei de começar a buscar emprego, então isso além de esgotar minha energia mental também reduz meu tempo livre.
Ainda tenho muitas ideias para essa fanfic, não acredito que ela seja loonga, mas vai demorar um pouquinho para acabar.

A RaissaA_M criou a capa e já digo: ficou perfeita! Do jeitinho que tinha imaginado!! Muito obrigada amore, você é incrível! ❤️

Bom, não digo que voltarei a ativa agora nem nos próximos dias, mas aqui vai mais um capitulozinho. Boa leitura!

*

      Eles correram pelas ruas, Gally seguia Annie que entrava em uma rua depois em outra, aquele local mais parecia um labirinto e aquilo lhe embrulhou o estômago. Quando finalmente pararam totalmente ofegantes, Annie apoiou-se nos próprios joelhos enquanto ria e o garoto que também ofegava não parecia nem um pouco feliz. Arrancou a coleira de seu pescoço e a atirou no chão. Aquilo atraiu o olhar da garota.

 — Qual o problema? – perguntou, a voz falhada pelo cansaço.

 — Nenhum! – exclamou furioso – Só saímos de um bar onde todos estão se matando enquanto eu tinha que ficar com essa merda! – no mesmo instante ele chutou a coleira para os pés da garota – Nada aconteceu.

       Ao terminar, Gally se virou e começou a andar. Estava furioso, dolorido e cansado. Todo aquele caos era demais para conseguir processar e apenas estava o sobrecarregando. Annie bufou pegando a coleira, revirou os olhos enquanto secava o buço e então correu atrás dele. 

 — Tá afim de ficar sozinho de novo? – perguntou ao parar ao lado do mesmo e então acompanhou seu ritmo – Tá sem sua arma.

 — Não me importo. Só quero ficar longe de você, trolho. – resmungou sem encará-la.

 — Sabe que não posso te deixar sozinho, não é? Além do mais, preciso te apresentar a cidade e os crancks.

 — Olha… – ele parou subitamente e se virou para ela – Eu não quero conhecer a cidade, eu não quero que me ajude, eu quero ir para a base. Agora!

 — Ah… – ela suspirou enquanto revirava os olhos – Você é tão sem humor. Vem. – ela se virou.

 — Eu já disse: não vou com você.

 — Acredito que não vá voltar para a base a pé, não é? Você não tem comida, água e nem arma. Uma carona até lá seria ótimo, não é? – ele deu de ombros – Vamos logo e pare de ser tão chato! Tenha senso de humor, o mundo já está ruim o suficiente para ser ranzinza.

*

      O caminho de volta foi silencioso, o sol já estava se pondo e não tinham chegado nem a metade do caminho. Gally nem sequer olhava para Annie, a confusão de sentimentos enchia sua cabeça e mente e não sabia o que fazer ou falar. Foi Annie, incomodada com a situação e o silêncio constrangedor, que o quebrou:

 — Desculpe. – murmurou tão baixo que se perguntava se Gally tinha entendido ou sequer ouvido – Eu… não sei como fazer isso. Quer dizer… eu só ensinei e treinei pessoas que nasceram e cresceram em ambientes como aqueles, é complicado apresentar algo para alguém que cresceu em um tipo de mundo diferente.

 — Mundo diferente? – a encarou.

 — É, quero dizer… Eu não sei o que vocês faziam no cruel, mas sei que não lutavam por suas vidas contra pessoas daquele jeito e contra Crancks. 

 — Tinha o labirinto. – comentou, o olhar perdido.

 — Você me disse, é eu acho que isso iguala um pouco as coisas.

       De repente o carro rugiu, a parte da frente explodiu e uma fumaça branca começou a sair e então parou. Annie olhou aquilo irritada, sem esperar saiu do veículo enquanto murmurava vários xingamentos e abriu o capô. A fumaça branca voou até sua face, ela tossiu algumas vezes e então mexeu em algumas peças. Gally permaneceu no veículo, sem vontade alguma de andar, mas a viu fechar com força o capô.

— Mudanças de plano, gatinho. – disse ao abrir a porta traseira do automóvel. – Vamos andando, espero que tenha uma condição física boa, pois o caminho é longo!

 — Espera, o quê? – ele a encarou pela janela.

 — Essa lata velha… – gritou chutando a roda do veículo – Pifou! 

 — Não me diga que não sabe cuidar de carros.

 — É exatamente isso! Vamos logo, estamos expostos aqui e há uma cidade a alguns quilômetros.

 — Igual aquela que a gente veio? – saiu do carro ajeitando a mochila em suas costas. 

 — Não. Aquela é pior, bem pior!

 — Pior quanto?

 — Vai saber quando chegar até lá. – suspirou – Vamos logo. – e a garota tomou a frente, em suas mãos tinha uma faca e uma arma, a mesma que ela havia dado a ele.

       O sol já tinha sumido no horizonte quando pararam, estavam na borda da cidade e ali só tinha destroços das antigas construções, então foi fácil encontrar um canto cercado e material para acender uma fogueira. Annie estava sentada do outro lado da fogueira rabiscando o caderno de couro marrom e gasto, a atenção toda voltada para as páginas, enquanto Gally apenas abraçava os próprios joelhos e observava os feijões enlatados começarem a borbulhar.

        Ele não estava com fome, mas muito cansado e a qualquer momento fecharia os olhos apagando totalmente. A última vez que andou tanto assim foi para sair do labirinto, embora suas lembranças sobre o caminho estivessem confusas devido a picada do verdugo.

      Um estalo chamou sua atenção e encarou a garota, ela retirava com cuidado uma das latas e a envolvia em um grosso pano.

  — Aqui. – disse ela entregando a lata para ele que aceitou – Tenha cuidado, está pelando.

 — Nem tinha percebido. – murmurou.

 — A culpa do carro pifar não foi minha. – bufou e entregou uma colher a ele.

 — Mas precisávamos ir naquela cidade?

 — Eu já disse que não temos tempo, Gally!

 — Por que não? – deixou o feijão de lado e a encarou.

 — Eu já disse, Gally, você é como uma criança e precisa aprender rápido. Se você não aprender, então vira um estorvo. Se virar um estorvo, então você morre ou faz seus colegas morrerem. Entende? É por isso que eu preciso que você aprenda rápido, que veja como o mundo é de verdade e não gradativamente.

 — Não parece que é só por isso. – estreitou os olhos ainda irritado – Tem algo a mais, eu sei disso!

 — Você não sabe de nada, Gally.

 — É claro, não sei. – ele bufou pegando feijão, remexeu o conteúdo e enfiou uma grande colher na boca. No mesmo segundo ele começou a ofegar, a mão na boca e os olhos lacrimejando. Annie riu de lado.

 — Não se esqueça de assoprar.

INFECTED (Gally Maze Runner)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora