𝐗𝐗𝐗𝐈𝐗: 𝐍𝐨𝐯𝐨𝐬 𝐈𝐧𝐬𝐭𝐫𝐮𝐭𝐨𝐫𝐞𝐬

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      Gally despertou no horário de sempre, tinha tentado ficar acordado para quando Annie chegasse, mas foi inútil. Ele apagou. O ponto positivo era que suas dores musculares tinham diminuído consideravelmente e estava mais descansado. Seu dia de folga tinha acabado e significava que naquele dia teria treino com Paulo.

      

  — Olha quem tá vivo! – Annie disse do topo da escada no local onde treinavam. O tom de sua voz preencheu o coração do garoto com uma sensação quente e agradável, poderia até chorar, embora não o fizesse na frente da garota. Ele sentia sua falta tão profundamente que chegava a doer.

 — Você voltou! – ele a encarou, com um sorriso e foi até ela. Sem perceber exatamente o que estava fazendo, agindo completamente pelo sentimento, ele a abraçou com força. – Bom te ver.

 — Bom te ver também. Não tive chance de ver Paulo, seus treinos estão indo bem?

 — Ah, é. É sim. – ele se afastou dela, segurou-a pelos ombros absorvendo cada detalhe de seu rosto, mesmo com o corte na testa e o curativo no nariz. – foi muito ruim?

 — O que? Isso? – ela apontou para o próprio rosto – Nah, foi de boa. O nariz quebrado foi um presente de um velho amigo e a testa foi no carro. Nada de mais. – ela riu e o som de sua risada provocou um arrepio em Gally que a seguiu e riu também.

 — É como dizem: os bons morrem cedo. – Paulo disse entrando ali, com uma bolsa cheia de equipamentos. – Isso explica porque você tá viva.

 — O mesmo para você, não é mesmo? – e Paulo soltou uma risada alta que encheu o local.

 — É bom ver sua cara por aqui, garota! – e então os olhos do velho recaíram sobre Gally e um sorrisinho brotou em seus lábios – Annie, eu preciso te contar uma coisa sobre Gally.

       A frase fez Gally quase perder as forças, seu coração disparou e bateu de maneira acelerada contra seu peito e seu rosto esquentou quase parecendo um tomate. Ele se virou para o homem, implorando pelos olhos para que ele não dissesse absolutamente nada daquele sonho.

      Gally amaldiçoou Paulo, implorou aos céus para que a memória do homem fosse ruim como a de um velho, mas estava enganado. Paulo tinha uma memória excelente.

 — O que tem ele, Paulo? Algum crime grave que ele cometeu? – ela alternava o olhar para os dois ali.

 — Não, não foi crime. – Paulo respirou fundo, limpou a garganta e olhou para o chão pensativo. Cada um de seus atos demorou longos segundos, apenas para perturbar mais ainda o garoto que estava prestes a ter um infarto. – Ele… Uns dias atrás ele… – ele olhou demoradamente para Gally, que parecia mais vermelho ainda – Ele deu uma boa resposta para Triz! 

       Gally quase perdeu as forças das pernas, ele respirou fundo aliviado e pode sentir suas bochechas perderem o tom avermelhado. Ele encarou o velho e viu que ele estava com os ombros trêmulos, segurando-se para não explodir em risadas.

 — Oh, é mesmo é? – Annie cruzou os braços enquanto mantinha as sobrancelhas arqueadas – e o que rolou?

 — Triz queria levar Gally para fora da base e ele respondeu que ficaria. 

 — Você queria ir? – ela olhou para Gally curiosa.

 — Não. – A resposta foi mais rápida do que as lembranças daquele dia, então sentiu um arrepio incômodo e a sensação do toque de Triz em seu corpo. Era repulsivo e dava desespero no garoto.

 — Que bom, então. – Annie olhou para ele com um olhar brilhante de aprovação – Não precisa fazer nada que não queira, fico feliz que tenha tomado forças para recusar. – ela respirou fundo e olhou para Paulo – E como estão as coisas?

 — Tudo está igual. Ele progrediu no treino, mas não comecei a treinar combate e nem o manejo de armas. – o homem respondeu com uma expressão séria.

 — Okay. Vou pedir que uma outra pessoa inicie esses treinos com ele.

 — Ah, é? Quem? 

 — Vai saber logo. – Annie sorriu de lado. – Bom, eu tenho que resolver umas coisas, continuem o treino.

       Os dois apenas balançam a cabeça e Annie anda até a saída, mas antes de fechar a porta atrás de si, ela se vira e olha para Gally. O garoto estava parado com os braços cruzados, quieto, sua expressão era de desconforto com alguma lembrança ou acontecimento e a garota ficou preocupada com aquilo. Então ela disse:

 — Gally. – ele se virou para ela – Sobre o acontecimento com Triz… Sobre você responder ela conforme o que queria… Só queria dizer que estou orgulhosa de você e de sua evolução. Continue assim e logo as pessoas irão respeitá-lo.

        Os olhos de Gally brilharam, suas bochechas ficaram rosadas e ele não conseguiu reagir. Annie apenas sorriu e saiu dali sem esperar que ele respondesse, mas o garoto ficou ali com o coração acelerado e uma sensação quente e confortável em seu peito. As palavras dela ressoavam por sua mente e ficariam marcadas em seu ser por longos e longos dias.

*

         O dia de treino seguiu normal para Gally, tão intenso quanto das outras vezes e, ao fim, apenas desejava encontrar sua cama. Embora sua mente voltasse para Annie e o desejo de conversar com ela crescesse mais, superando o cansaço e dor de seu corpo. Ele juntava os equipamentos, Paulo tinha ido resolver alguns assuntos com Annie e logo voltaria, então ele estava sozinho.

        Ele escutou passos se aproximando, mas sua mente não estava preocupada e pensou ser Paulo. Nos piores dos casos, então seria Luana, mas definitivamente era Paulo já que ele se aproximava de maneira ruidosa e sem falar nada.

 — É, Paulo, eu já…

        Ele se levantou e se virou para encontrar Paulo, mas no segundo seguinte um forte impacto contra seu rosto o fez cair com tudo ao chão. Levou sua mão até a face, o sangue escorrendo por seus dedos e tingindo sua pele de vermelho vivo. Um punho forte e rápido golpeou sua cara em questões de segundo, a dor o impedia de pensar ou sequer raciocinar, principalmente quando a presença feminina, alta e imponente parou a sua frente com as mãos postas na cintura e um sorriso largo em seus lábios.

  — A partir de hoje você conhecerá o inferno na Terra! Querido, você vai querer morrer. – tinha um sorriso em seus lábios, seus olhos o observavam com tanta intensidade quanto um predador vendo sua presa, além de sua voz ter um entusiasmo assustador. 

 — Mas uma dica, garoto: não morra! – um homem alto e grande disse com a mesma animação assustadora no canto da sala. 

 — Nos chame de Jade e Eleazar, seus professores particulares. Você vai aprender a lutar, a usar todo tipo de arma e matar tantos crancks e soldados do cruel você conseguir. Além disso, se não passar no teste e for um fracasso, eu mesmo mato você, garoto. Tá entendendo?

 — Que… merda? – foi a única coisa que ele conseguiu dizer.

INFECTED (Gally Maze Runner)Where stories live. Discover now