𝐗𝐈𝐈𝐈: 𝐄𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨ʳ

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       Gally seguiu cauteloso pela cidade sentindo o toque gélido de sua arma na cintura, o coração palpitava com força em seu peito enquanto seus olhos varriam a cidade. Era uma confusão, pessoas maltrapilhos andavam de um lado para o outro, pequenos grupos de homens com expressões sérias e olhares de gelar a alma se juntavam em diversos cantos das ruas. Não conversavam, não interagiam entre si, apenas olhavam o fluxo de pessoas.

       Pessoas bêbadas, pessoas caídas em poças de sangue, pessoas conversando com expressões sérias, construções com barulhos extremamente altos, tudo era um caos generalizado. Gally tinha uma expressão de horror, a respiração começou a acelerar assim como seus passos.

Um dia. Só um dia. Só um dia de mértila! – ele pensava consigo mesmo.

      Os passos se apressaram, mas a condução mental e o desconforto crescente que fazia seu coração palpitar mais rápido o fizeram tropeçar e trombar com um homem de jaqueta escura e gasta. Ele o encarou sentindo o sangue sumir de sua face, mas engoliu em seco e começou a andar apressado para longe dali.

      Respirou fundo algumas vezes tentando acalmar o coração e conseguir pensar com clareza, mas era impossível. Olhou de canto por cima do ombro e não viu mais o grupo ali, pode suspirar aliviado já que sentia que não iriam incomodá-lo. Não como aquele grandão da base onde foi levado.

      Continuou andando totalmente perdido, já tinha andado por quase quinze minutos, mas não sabia onde deveria ir e nem o que faria. Poderia procurar um canto afastado, longe de toda aquela confusão, então ficaria ali até o dia passar. Dessa forma conseguiria vencer a aposta contra Annie. Notou quando a movimentação diminuiu, as pessoas daquele ponto não pareciam muito perigosas já que estavam chapadas e com os olhares distantes e perdidos. 

       Ele apertou o passo, toda hora apertava e relaxava o punho, as palmas das mãos totalmente suadas e pegajosas assim como todo seu corpo. Sua garganta estava seca, extremamente seca, o estômago doía em fome, mas lutaria contra isso e aguentaria para passar o restante do dia. Com esses pensamentos, Gally virou em uma rua escura e estreita, não havia ninguém ali e poderia encontrar algum canto para se esconder. Não foi isso que aconteceu, seu estômago se apertou e por um segundo esqueceu como se respirava quando viu um homem parado a alguns metros à frente dele. Mãos nos bolsos, olhar furioso e ao mesmo tempo divertido, um sorriso de lado que revirou o estômago do garoto. Sem esperar, ele se virou para voltar, mas travou quando viu outros dois homens impedindo a passagem. Eles tinham lâminas visíveis em mãos, um até brincava com uma faca jogando-a para o alto e a pegando.

      A garganta do garoto se fechou, ele os encarou e sua mão foi até a arma. Os dedos trêmulos seguraram com firmeza o material agora quente graças ao calor de seu corpo, olhou novamente em volta vendo os três que não pareciam se intimidar com a arma.

 — O que vocês querem? – perguntou, mas não obteve nenhuma resposta. – Seus trolhos de mértila, o que vocês querem? 

      O homem sozinho se aproximou, passos lentos e gatunos, seus olhos avaliavam o garoto de cima abaixo e parecia se divertir enquanto se aproximava. Gally não perdeu tempo e apontou a arma para ele, mas os dedos trêmulos o entregavam, mesmo assim tentou se manter firme.

 — Se afasta! – gritou, mas ele continuou se aproximando – Mandei se afastar.

       Ele estava preparado para disparar, mas o breve descuido com os outros dois foi suficiente. Antes de disparar ele sentiu um golpe forte abaixo da axila e bem próximo às costelas, o jovem arfou de dor e se contorceu. Tudo aconteceu rápido demais, o primeiro golpe e então mais outros. Mais um golpe e a arma voou longe, logo em seguida seu tronco foi o alvo já que protegia sua face com os braços. Sentia eles o chutarem com força de modo que todo o ar de seus pulmões sumisse.

        A dor era tanta que mal conseguia raciocinar, os pontinhos brilhosos voavam pela visão do jovem que estava prestes a desmaiar, a mente estava distante e não conseguia ouvir direito. Não entendeu quando eles gritavam contra ele nem quando se viraram gritando para algo, mas ele escutou uma coisa extremamente clara.

       O disparo da arma. Estou morto -  pensou. O som do tiro ecoou por sua mente mesmo após desmaiar.

INFECTED (Gally Maze Runner)Where stories live. Discover now