𝐈𝐈. 𝐔𝐦 𝐧𝐨𝐯𝐨 𝐩𝐫𝐨𝐛𝐥𝐞𝐦𝐚ʳ

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      Annie andava pisando forte pelos corredores da base, uma construção enorme cercada e bem protegida que ficava alguns quilômetros de distância da Cidade base de operações do CRUEL

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      Annie andava pisando forte pelos corredores da base, uma construção enorme cercada e bem protegida que ficava alguns quilômetros de distância da Cidade base de operações do CRUEL. As pessoas evitavam olhar-lá não só pela situação atual, mas sua expressão estava tão furiosa que era capaz de sair fumaça de seu nariz. Qualquer um que sequer tentasse conversar com ela levaria uma resposta áspera, isso no melhor dos casos, pois a chance de levar um soco era muito maior.

      Assim que passou por dois guardas que protegiam a entrada de uma sala, ela desceu as escadas vendo o homem molhar a terra das rosas que cultivava, o odor forte e doce proveniente das plantas pinicou o nariz da garota. Em uma situação normal iria amar inalar aquela fragrância, mas naquele momento poderia tacar fogo nas flores só por sentir seu odor devido a sua raiva.

Laís roubou meu nariz, eu acho, eu acho. – o homem murmurava – Laís roubou

QUE HISTÓRIA É ESSA, LAWRENCE? – gritou descendo os poucos degraus de ferro que tinha ali.

 — Não eleve o tom, querida. – ele disse com a atenção ainda nas plantas, então pegou o ferro com as bolsas de enzima conectadas ao seus braços e andou observando as flores – Isso é o que ganha quando desobedece as ordens.

 — Eu desobedeci uma vez, UMA VEZ, e você já faz isso? Tirar meu cargo só por ter resgatado aquele garoto, é sério isso?

 — Nós não precisamos de mais gente. Quando ele acordar, de um pouco de comida e o leve embora daqui.

 — Nós sempre precisamos de mais gente, ele pode ser útil e Marcelo pode ensiná-lo a lutar e usar armas.

 — Não precisamos agora, garota. As ordens foram claras, vocês não deviam nem ter entrado naquela construção com o risco de terem sido pegos. – ele se virou para ela, revelando sua face desfigurada pelo Fulgor, a falta de seu nariz sendo o mais impactante em tudo. Annie estava acostumada, então não ligava mais para aquilo. – E se tivesse soldados do CRUEL lá dentro? E se eles te capturassem e visse que é imune? O que faríamos? 

 — Eles não iam me capturar, pai. – sussurrou respirando fundo e tentando controlar a raiva.

 — Com licença. – uma voz feminina surgiu no topo da escada e os dois encararam a mulher, ela tinha um pequeno tubo fechado em mãos.

 — O que foi, Agata? – perguntou Lawrence.

 — Estou com o resultado aqui, Anastácia. 

 — Venha. – a garota gesticulou com uma das mãos e a mulher desceu rapidamente entregando o tubo transparente com uma pequena quantia de um líquido azulado. O mesmo líquido que estava nas bolsas de Lawrence. – Está dispensada. Obrigada. – a mulher se virou e saiu apressada, evitando olhar para Lawrence. A sós, Annie levantou o frasco próximo da face e encarou fixamente o homem – Ele é útil, pai! Útil! Podemos usar a enzima dele em você e não será só a minha. O meu tiro no escuro deu certo, entrar naquela construção abandonada foi arriscado, mas olha o que conseguimos. Armas, medicamentos, comida e um imune quase morto! Então, por favor, devolva meu cargo. Por favor, pai!

      Lawrence pegou o tubo e observou o material com o líquido entre seus dedos, ficou em silêncio enquanto a garota implorava com a voz não passando de um sussurro, então devolveu o tubo para ela e a encarou.

 — Ele fica. – decidiu.

 — Ótimo, e quanto a mim? Posso dar a ordem a Marcelo…

 — Marcelo não irá fazer nada. – ele a cortou – Terá seu cargo de volta. – Annie abriu um largo sorriso animada – Mas você será babá dele e irá ensinar tudo que precisar. A partir do momento que ele acordar, levará ele com você para cima e para baixo como um cachorro, coloque uma coleira se quiser, não ligo. Mas a vida e a morte desse garoto está nas suas costas. – enquanto falava, o sorriso de Annie ia desaparecendo e a expressão de choque e raiva voltavam.

 — Você tá brincando, não é? – ela sussurrou entre os dentes, como um rosnado, com os olhos fixos no homem.

 — Não. Nem um pouco. Agora pode ir.

      Ele se virou e voltou a cuidar de suas rosas. Annie o encarou sem reação por alguns segundos, então se virou com o maxilar travado, a força aplicada em seus punhos foi tanta que o tubo de vidro quebrou em sua mão e os cacos cortaram sua pele. Ela soltou um palavrão enquanto subia as escadas pisando firme e então saiu da sala.

      Na enfermaria, Ágata cuidava dos pequenos cortes na mão da garota enquanto o garoto ao lado ainda estava desacordado. Annie o encarava, um misto de curiosidade pelo que passou e a raiva por ter de cuidar dele gritando em seu peito, queria poder soca-lo ali e agora, mas seria covardia bater em alguém que nem sequer estava consciente.

 — Em poucos dias vai ficar melhor. – Ágata comentou quebrando o silêncio e tirando a atenção de Annie do garoto e levando até a mulher. – Vai precisar descansar por uns dias após acordar, mas você salvou a vida dele. Um pouco mais e ele teria morrido.

 — Vamos ver se valeu a pena ou se é só um novo problema. – murmurou observando a mesma enfaixar sua mão – Quanto tempo até ele acordar?

 — Não sei. – ela suspirou – Provavelmente amanhã.

 — Ótimo. – grunhiu, irritada.

 — Prontinho. – ela esboçou um sorriso gentil.

 — Valeu. – Annie se levantou – Tenho que ir caçar uma coleira para ele. – bufou.

 — Boa sorte.

      Ágata riu e Annie saiu. A jovem andou por toda a base respondendo alguns comentários e brincadeiras que faziam pelo caminho.

 — Tem novo cachorrinho, Ana? – um homem calvo e barrigudo perguntou, rindo. Ao seu lado tinha outros dois homens tão velhos quanto ele.

 — Pois é. – respondeu – Vou ensinar ele a morder para atacarem vocês. Cuidado, viu. 

      Os três explodiram em risadas altas enquanto ela se afastava, um sorriso de lado no rosto que aos poucos foi se desfazendo e então se tornou em uma linha reta, enquanto a raiva fervilhava em seu interior. Ela andou até uma área afastada e pouco movimentada, foi até uma porta abrindo a mesma e adentrou o quarto. Estava escuro, mas ela sabia o caminho de cor.

      Assim que chegou na cama, puxou a coberta e os ombros do garoto para que ele se virasse. Então subiu em cima da cama até ficar em cima dele, deitando-se sob seu peito o abraçando com força.

 — O que foi? – Mattie perguntou com a voz arrastada pelo sono.

 — Ganhei um novo cachorro. – murmurou irritada, Mattie riu fraco com a voz ainda rouca. – Vai, pode falar, tô ouvindo.

 — Bem feito.

INFECTED (Gally Maze Runner)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora