capítulo 11

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⚠️ Aviso: Este capítulo contém cenas que podem ser gatilho para pessoas sensíveis ou que já passaram por situações de violência doméstica. Se você é uma dessas pessoas, pode ser melhor pular esta parte da história ou ler com cautela.

Não deixem passar nunca qualquer tipo de agressão, seja em qualquer tipo de relacionamento.

Não deixem passar nunca qualquer tipo de agressão, seja em qualquer tipo de relacionamento

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Capítulo por Ayana

📍 Rio de Janeiro, Lagoa, 2022
🗓️ Terça-feira

Saímos do quarto e fomos até o Jardim. Lennon então me apresentou seus amigos.

- E aí, meninos, tudo bem? - dei um sorriso gentil. - Meu nome é Aya. - me apresentei e cada um dos meninos apresentaram o seu.

- Nem precisava falar seu nome, já que o nome Aya não saiu da boca do Lennon desde segunda. - Léo disse em tom de brincadeira e todos ali deram risada, inclusive eu, que fiquei me achando.

- Espero que tenha sido coisas boas.

- Ó, se foram...

- Coé, Léo, para de ficar me explanando. A cara de convencida que ela fica... - Lennon apontou para mim.

- Verdades são para serem ditas, Lennin. - esbocei meu melhor sorriso.

- Se liga só, gente. - Diego chamou a atenção do pessoal que estava aqui e eu já esperei vir merda. - Eu inventei até um nom- dei um beliscão no abdômen de Diego antes que ele terminasse de falar.

- Nossa, Aya, sua desequilibrada. - resmungou enquanto passava a mão no local onde eu dei um beliscão.

- Você fala demais e quem fala demais merece castigo, seu seboso.

- Ih, gente, se assusta não que aqui as linguagens de amor são daí pra trás. - disse Patricia. O pessoal deu risada e embarcou em outro assunto, e eu só observei a tromba que o Pedro estava fazendo desde que eu desci do quarto.

Queria chamar ele para conversar, mas não queria deixar um clima ruim de tensão no meio do pessoal, já que Pedro estava se fazendo de simpático com os meninos. Eu via que ele percebia que eu estava doida para conversar com ele, mas estava sem graça de chamar.

Fui até onde Pedro conversava com os meninos e dei um abraço seguido de um selinho bem rápido. Fiquei ali fazendo a sonsa, só observando ele e Lennon quase se comendo com os olhos. Pelo visto, os dois não se gostaram, e dou total razão ao Lennon.

Pedro apertou minha cintura discretamente, querendo me beijar, mas eu pedi licença para o pessoal e chamei ele para a cozinha. Como qualquer homem com fogo no rabo, ele foi junto comigo. Cheguei na cozinha e já fui cortando Pedro, que veio pra cima de mim querendo me agarrar.

- Pedro, acho melhor você ir embora. E já vou adiantando que eu não gostei da forma soberba que você tratou o Lennon. E nem vem me tirar pra maluca se fazendo de vítima, dizendo que você não falou e nem fez nada de mais, até porque um "olhar" só diz tudo. - Fui o mais direta possível, tentando encerrar logo esse assunto e aproveitar minha noite.

- Esse cara chega agora e você já me trata assim? Porque você nunca me falou que conhecia o L7 ou pelo menos tivesse falado que vocês se encontraram segunda?

- Eu não te devo satisfação nenhuma sobre nada, nem sobre quem eu encontro ou vejo na rua. Que porra de satisfação você está esperando da minha parte? - Pedro esfregou a mão nos olhos e suspirou. Comecei a ficar estressada. Se tem uma coisa que infelizmente não tenho e não me orgulho disso, é paciência, principalmente para homem palhaço.

- Ayana, se coloca no meu lugar. Nós estamos ficando há mais de três meses, mas você me trata como se eu fosse qualquer um, e esse cara que você não vê há anos e acabou de encontrar, trata com mais importância do que eu? Fala sério -  Se não fosse pelo som minimamente alto, iria parecer que estávamos gritando, mas até o momento era só o tom de voz um pouco alto.

- E daí que a gente está ficando há mais de três meses? Em algum momento, eu te dei esperança de algo além do que tínhamos? Eu sempre fui bem clara, e você sempre concordou comigo. E eu sempre te tratei da melhor forma, mesmo que eu não tivesse a mínima paciência.

- Ayana, eu estou tentando resolver e conversar contigo da melhor maneira, mas você está dificultando. - Nós já não estávamos conversando civilizadamente, e se via de longe. Peguei no pulso de Pedro e o empurrei levemente em direção à sala.

- Chega, Pedro. Não quero mais te escutar, e essa conversa acaba aqui. Então, por favor, vai embora. - Pedi pela última vez, e para te falar um desabafo bem breve de todo meu coração, eu abomino de formas indescritíveis pessoas que, depois de um milhão de palavras ditas, continuam insistindo no que eu já disse: NÃO.

- Ayana... - Apontou o dedo na minha cara, e eu juro que não sei como e nem o porquê, mas esse gesto é um gatilho que pode me levar a um nível de desequilíbrio, e nem que seja feito na brincadeira, eu suporto.

- Não coloca o dedo na minha cara! - Aumentei o tom de voz e empurrei Pedro - Vai se fuder, caralho! Qual parte você não ouviu que a porra da conversa acabou?

No momento em que terminei de falar, Pedro segurou forte meu braço e me prensou na parede.

- Eu tentei resolver e ser calmo com você, mas você não me escuta - sussurrou firme, me prensando mais na parede. - Quando você estava tendo uma crise de ansiedade, sem ninguém te ajudando, eu cheguei e te ajudei. E agora você me trata assim?

Eu achava que conhecia o básico do Pedro o suficiente e não imaginava que ele poderia chegar a tomar essa atitude. Sabia que ele era de aumentar o tom de voz, esse tipo de coisa, mas essa atitude... E mesmo que eu esperasse, a gente sempre fala que, se acontecer, vai fazer isso ou aquilo, mas quando acontece, grande parte das vezes não temos reação NENHUMA.

- É por isso que você está sozinha, sua mãe, antes de apagar de vez, com certeza agradeceu a Deus por não ter que aguentar mais você e seus problemas. - Agora, com certeza, quem estivesse o mais perto possível da cozinha teria escutado Pedro. E nesse momento eu derramei algumas lágrimas. Quem me visse, não acreditaria na Ayana que estava ali, uma Ayana vulnerável e omissa, totalmente o contrário do que eu mostrava ser.

Basta uma palavra específica para me fazer desmoronar e virar uma menina chorona. Era o nome das duas pessoas que eu mais amei e sentia falta na vida, e principalmente para alguém que não supera e desde que aconteceu o que aconteceu, tenta fingir que está tudo bem, quando na verdade não tive a coragem de passar pelo luto e viver em paz.

Tirei força de onde eu não tinha e empurrei Pedro para longe de mim. Pedro, como se fosse um ioiô, veio na minha direção novamente, mas parou exatamente no mesmo lugar no momento em que Lennon e Diego apareceram na sala. E eu acho que desde que o mundo é mundo, nunca ninguém mudou o semblante tão rapidamente como eu fiz agora.

 E eu acho que desde que o mundo é mundo, nunca ninguém mudou o semblante tão rapidamente como eu fiz agora

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Jamais romantizem essa merda.

Velha infância | L7NNON Where stories live. Discover now