Dois olhares se cruzam novamente. Memórias antigas voltam à mente, palavras tímidas são trocadas, emoções antigas são relembradas.
Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro.
- Mano, eu não acho que ela esteja errada, papo reto. Por mais que o lado que ela puxou naquele momento foi um pouco precipitado, você sabe que não foi mentira, foi como se ela já adiantasse o que futuramente iria acontecer - disse Léo, tinha explicado para ele o que aconteceu.
- Mas a questão não é essa, cara. Foi o modo que ela levou a conversa, como se eu fosse um cara que ela conheceu há pouco tempo.
- Mas o que você tá sentindo?
- Não sei, irmão. Só sei que a minha cabeça tá uma bagunça, papo reto. Não foi só um beijo, foi além disso. Se fosse só isso, tava tranquilo, mas parece que o que aconteceu destravou um sentimento que a gente sabia que tava ali, só não via. Sei lá, mano. Não sei explicar.
- Deu pra entender, pô. Mas e a Juliana? Ela sabe disso?
- Ela deve tá chegando aí. Eu acho que o melhor agora é eu me afastar e organizar direito os pensamentos.
Desde aquela discussão, eu e Aya não nos falamos, mas hoje, talvez eu vá lá para a gente, pelo menos, resolver decentemente. A campainha tocou, e eu já sabia que era a Nalu.
- Oi, amor - ela me deu um abraço seguido de um beijo - Oi, Léo.
- Opa, aí irmão. Tô vazando, depois a gente se fala - fiz um toque com ele, e ele foi embora.
Chamei Juliana para sentar no sofá e fiquei alguns segundos em silêncio buscando as palavras certas.
- Deixa que eu começo, pode ser? - disse Juliana, e eu concordei.
- Antes de tudo, eu queria te falar que, independente do que você for falar, por mais que eu já imagine, eu vou te entender, e não quero que você se sinta pressionado por isso, okay? - eu balancei a cabeça concordando, sem entender onde ela queria chegar.
- Tem um tempo que eu não venho me sentindo bem. Mas aí, no mês passado, minha menstruação não desceu, e cada vez mais eu tinha certeza do que era. Então, decidi fazer um exame, e o exame só confirmou o que eu tinha certeza. Eu sei que a gente sempre pensou em construir uma família futuramente, e não agora, mas aconteceu. Lennon, eu tô grávida.
Eu vou ser pai? Só consegui prestar atenção nisso. Foi como se tudo de repente tivesse parado. Juliana estava grávida.
- Lennon, você não vai falar nada? Tá me deixando nervosa - disse ela.
Meu sonho sempre foi ser pai, mas isso não era o que eu planejava para agora e, principalmente, nessa situação. Mas eu senti um misto de felicidade, medo, um pouco de tristeza, não sei explicar. Era um sonho se realizando, mas, ao mesmo tempo, uma sensação estranha no peito.
- Amor, me desculpa. Eu não queria que você ficasse assim - saí do transe e olhei para Juliana, que começou a chorar - Pode falar que não gostou de ouvir isso. Não vai ser fácil, mas eu não posso te obrigar a ficar. Eu sei que você ia acabar com tudo que a gente tem - ela disparou, chorando desesperada.
- Calma - sentei do lado dela e a abracei - Eu só tô processando a informação. Fica tranquila. A gente tá junto nessa, e eu não vou sair do seu lado.
- Sério? - Parou de chorar e olhou para mim confusa. Concordei, dando um beijo na sua testa. Eu não podia fazer isso agora, principalmente nesse começo. Ela precisava de mim mais do que nunca. Eu sei que um filho não resolve a nossa relação, mas eu vou dar mais uma chance por enquanto.
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