capítulo 33

1.7K 125 44
                                    

Capítulo por Lennon

📍Rio de Janeiro, Lagoa - 2022
🗓️ Segunda-feira

Quando eu ia bater no portão de Aya, ela abriu o portão e acabou derrubando um saco de lixo e uma caixa.

- Porra, garoto! - ela botou a mão no coração.

- Tá assustando à toa - Dei uma risada sem graça e abaixei para ajudar ela a pegar o que derrubou no chão.

Como se fosse em algum filme de romance adolescente, agachamos juntos e nossos rostos ficaram próximos um do outro. Nos encaramos e Aya imediatamente cortou o contato, abaixando a cabeça e focando em pegar a caixa que ela derrubou e levantou.

- Achei que você não viria - disse Aya.

- Só tive tempo agora, foi mal.

- De boa - Fomos até o baú de lixo, deixando as sacolas lá, e entramos dentro de casa em silêncio. Segui Aya até a cozinha.

- Como você tá? - disse enquanto mexia em uma panela no fogão.

- Tô bem, e você?

- Tô bem - respondeu, virando na minha direção e se encostando no balcão.

- Acho que a gente precisa conversar direito - balançou a cabeça em concordância.

- Deixa que eu começo - disse Aya e eu cheguei mais perto e percebi ela ficar tensa - Aquele dia eu não me expressei direito e te peço desculpas, mas o que eu queria dizer era que se não tivesse havido aquela ligação, você sabe onde a gente ia parar. Tô errada?

- Não - respondi.

- E isso não pode acontecer. O beijo já não era pra acon-

- Mas aconteceu, e a gente queria - cortei ela.

- Aconteceu, a gente queria, okay. Mas você consegue entender que não pode mais? A nossa amizade não serve de forma nenhuma pra ser 'colorida', então foi errado.

- O que a gente faz então, preta? - cheguei mais perto - Eu não paro de pensar naquele dia e sei que você também não - aya se afastou, indo pra outro lado do balcão.

- Segue o fluxo e não repete o erro. Isso que está acontecendo com a gente vai passar. Agente acabou absorvendo o que a galera fica falando e tá dando isso, e sem contar que você também tem a Juliana. Tá tudo errado.

- Juliana tá grávida - Aya ficou surpresa ao ouvir isso, o que refletiu no seu semblante. Não era a surpresa comum de alguém que não tinha ideia do que estava acontecendo, mas sim uma reação mista de choque, como se ela reprovasse o que eu acabei de falar - Você sabia?

- Não.

- Ayana...

- Não tinha certeza.

- Por que você não tinha certeza? - perguntei.

- No dia que eu fui fazer exame de sangue, encontrei ela no laboratório, mas ela praticamente me ameaçou dizendo para eu calar a boca.

- Por que você não me falou que tinha encontrado com ela?

- Lennon, isso não cabe a mim. Eu não tenho nada a ver com esse assunto - Balancei a cabeça.

- Você não me parece feliz.

- Não é isso, mas hoje eu ia
"terminar" - fiz aspas com os dedos - mas não é o momento.

- E você acha que ficar empurrando com a barriga vai adiantar alguma coisa?

- Não, Aya, mas ela tá vulnerável e talvez se eu falasse que não queria mais, ela pudesse passar mal, sei lá, ela já tava chorando pra caramba, dizendo que já sabia que eu queria acabar com tudo - Aya riu sem humor.

Velha infância | L7NNON Where stories live. Discover now