capítulo 27

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Capítulo por Lennon

📍Rio de Janeiro - 2022
🗓️ Sábado

Acabei de sair da casa da minha mãe. Ela pediu que eu viesse pegar um negócio para entregar para Ayana. Ela queria ir vê-la, mas achei melhor não.

Desde quinta-feira, não falo com Ayana e, pelo visto, ela não conversou com ninguém. Agora, estou indo lá para ver se consigo conversar com ela. Não gosto de ver quem amo mal. Pedi para Bruna abrir a garagem e entrei.

- E aí, Bruninha, tudo bem? - perguntei.

- Tudo indo, né - respondeu.

- Aya tá lá em cima? - perguntei.

- Está, mas provavelmente dormindo...

- Conseguiram conversar com ela?

- Não, ela não dá abertura, cara - riu sem humor, dando os ombros. - Quinta-feira, depois da discussão, saiu com Patrícia. Não avisou para onde ia, voltou sexta de manhã, caindo de bêbada, se trancou no quarto e ficou o dia inteiro enfurnada naquela porra. Saiu de novo à noite, voltou só hoje de manhã. Para ela, boa é a Patrícia, porque falar comigo ela não quer. Como tenta ajudar alguém que não quer ser ajudado? - desabafou, visivelmente cansada.
Fui até ela e dei um abraço.

- Calma que já já ela bota a cabeça no lugar - desfiz o abraço. - Vou subir lá.

- Boa sorte - desejou.

Subi as escadas com as flores e a carta que minha mãe me pediu para entregar. Bati na porta perguntando se podia entrar, mas não ouvi nada.

Segurei a maçaneta, conferindo para ver se estava aberta, e estava. Abri a porta e não vi Ayana por ali, mas ouvi um barulho do chuveiro desligando. Sentei na cama esperando ela sair e fiquei ali.

Ouvi o celular tocando, conferi para ver se era o meu, mas não era. Passei o olho procurando e vi o celular de Ayana em cima da mesinha de cabeceira, do lado da cama, mas minha atenção foi para um pino que estava ali, aberto, sem nada, mas se via vestígios e um cartão. Não é possível...

Ayana saiu do banheiro e se assustou quando me viu. Seu rosto estava um pouco inchado, os olhos cansados, indicando que ela não dormiu direito.

- O que você tá fazendo aqui? - perguntou.

- Vim te ver, mas pelo visto, sua noite foi longa, né? - encarei ela.

- Lennon, se você veio aqui para me dar sermão, pode dar meia volta. Vocês não querem me ver feliz? Então eu estava curtindo.

- Você chama isso aqui de diversão? - levantei da cama, apontando para o pino.

Ayana olhou, e seu semblante mudou para surpresa, como se não estivesse esperando o que viu. Ayana voltou seu olhar para mim e negou com a cabeça.

- Não vai falar nada? Você acha que isso aqui vai te ajudar em alguma coisa? - perguntei.

- Não é meu, eu nem usei isso ontem. Eu só bebi. Isso daí é da Patrícia - respondeu.

- E Cadê a Patrícia?

- Foi embora. Pergunta pra Bruna, que ela vai te responder que ela estava aqui. Lennon, você veio aqui para isso? Ficar me acusando? - virou o jogo.

- Não tô te acusando. Você jura que não está usando isso, Ayana? - desviou o olhar - Olha para mim. É a sua palavra.

- Não estou usando essa merda, Lennon. Que saco! - bufou e se jogou na cama.

- Se você tá falando, eu confio em você - sentei do lado dela, peguei as flores junto com a carta e entreguei para ela.

- Minha mãe pediu para te entregar, o pessoal lá em casa mandou um abraço e disse que quer te ver - soltou um sorriso e seus olhos encheram de lágrimas.

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