Capítulo 12

33.8K 3.7K 1.9K
                                    

– Kieran? – arquejo, encarando-o. Seus cabelos louros parecem cinzentos à penumbra. – O que faz aqui?

Ele segura minha mão e uma onda de calor atravessa todo o meu corpo, fazendo-me perceber o quanto estive com frio desde que saí de casa. Aperto seus dedos levemente.

– Fui até sua casa agora a pouco – diz ele, quase sussurrando. Sua voz parece rouca, trêmula. – O senhor seu pai me disse que você estaria aqui, então eu vim buscá-la.

– Buscar-me?

Kieran ri e algo em meu peito se derrete. Quero que ele ria outra vez e que corra seus dedos por meu rosto. Quero-o mais perto.

– Tenho uma surpresa, Anna.

Arqueio as sobrancelhas.

– Uma surpresa? Para mim?

– Basicamente – ele confirma. – Vem comigo?

Estou prestes a desaparecer pelas árvores com Kieran, mas algo me detém. Klaus deve estar na praça, à minha procura, imaginando onde raios eu me meti. Não é certo deixá-lo me esperando feito um bobo.

– Eu... preciso fazer uma coisinha antes – digo a Kieran, apoiando uma mão em seu ombro. – Por favor, espere aqui. Estarei de volta em dois tempos.

Ele confirma com a cabeça, sem sorrir e sem dizer nada. Agarro minha saia e saio a longas passadas em direção a praça, procurando pela cabeça ruiva de Klaus. Ele, porém, não está em lugar algum. Estou prestes a voltar para as árvores e para Kieran, quando uma carruagem belíssima para e todos – inclusive eu - a encaram, admirados.

Cubro os lábios, completamente chocada, quando é Kieran quem desce dela. Seus olhos percorrem toda a praça, ávidos por encontrar algo. Quando pousam em mim, finalmente, sua testa enche-se de vincos e ele caminha até mim com ar decidido.

Mas o que Kieran está fazendo naquela carruagem se eu o deixei ali atrás há menos de dois minutos?

As pessoas abrem passagem para ele e, quando finalmente está a dois passos de mim, vejo algo que deixa seu semblante sombrio: preocupação. 

– Kieran? – sibilo, totalmente confusa. – Como... como você...?

Ele fecha os olhos e respira fundo, como se tentasse ficar calmo.

– Onde ele está? – Kieran pergunta, de modo que só eu posso ouvir.

– Quem? – minha voz estremece.

– Príncipe Klaus, do Sul. O homem que a trouxe para cá.

Quero cobrir meu rosto e me esconder em minha saia. Reidi estava certa, eu não devia ter vindo, não devia ter saído de casa acompanhada de um homem que não é meu noivo. Kieran parece furioso. E Klaus é um príncipe?

– Eu... Kieran, e-eu... – gaguejo.

Ele segura minha mão e me trás para mais perto dele. Pega de surpresa, não posso evitar corar.

– Pensei que estivesse machucada – Kieran sussurra, os olhos vidrados nos meus. Minha testa roça seu queixo e eu fecho os olhos. – Onde estava com a cabeça, Anna?

Não há acusação ou raiva em sua voz, apesar de sua expressão estar dura e fechada.

– Kieran, me desculpe – sussurro de volta. – Não achei que haveria problema se um dos senhores que negociam com papai me acompanhasse à noite de música... já que você não podia.

Ele suspira.

– Precisamos conversar sobre isso, mas não aqui.

Assinto, totalmente de acordo. Mas então me lembro de algo que ele disse.

Amor e Liberdade #1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora