Capítulo 13

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Espreguiço-me nos lençóis de minha cama e levanto-me, assustada. Já é de manhã? Afasto as cobertas e olho para o que estou vestindo. Estou de camisola. Mal me lembro de nada da noite anterior até ser atingida pelo flash de memória do beijo de Kieran.

O beijo de Kieran.

– Oh, céus - cubro meus lábios, sorrindo até as bochechas arderem.

Aquilo foi real? Aquele beijo na carruagem realmente aconteceu?

Salto da cama e corro até a janela. Está nevando mais forte do que ontem e anteontem, o que é estranho, pois estamos às vésperas da primavera. Procuro pela carruagem dos Bjorgman no portão, mas não a vejo em canto algum. Queria que Kieran estivesse aqui para me dizer que o que aconteceu ontem não foi apenas fruto de minha imaginação, que nós realmente trocamos um beijo.

E não foi um simples beijo, penso, sentindo o corpo todo esquentar. A mera lembrança dos dedos de Kieran em meu rosto é suficiente para me provocar arrepios e me fazer dar risadinhas bobas.

Visto meu roupão de veludo e corro escada abaixo, à procura de meu pai.

– Anna! - esbraveja madame Daisy no corredor, de modo irritado. - Você não é mais uma garotinha, não corra pela casa!

Encontro papai lendo documentos na sala de estar, junto à lareira.

– Bom dia, papai - abraço-o pelos ombros, cobrindo seu rosto com meus cabelos vermelhos.

Ele ri, mas parece exausto.

– Olá, raio de sol.

– Parece cansado - sento-me no sofá, de frente para sua poltrona.

Papai suspira.

– Ossos do ofício, querida.

Baixo meus olhos para as minhas mãos sobre o colo.

– Receberemos alguma visita hoje?

Papai me encara com um sorriso zombeteiro nos lábios. Ele parece mais jovem quando está brincalhão.

– Oh, Anna, isso soaria melhor se você admitisse que com "alguma visita" quer dizer "Kieran".

Sinto-me corar.

– Bem... - reviro os olhos.

Papai ri.

– Não sei ao certo se ele virá hoje. Mas vocês dois pareciam bem íntimos ontem - ele arqueia as sobrancelhas. - Espero não ter que me preocupar, Anna.

Levanto-me como se tivesse levado um choque.

– Papai! Kieran é um homem honrado.

Meu pai cruza os braços.

– Não é com Kieran que me preocupo.

Antes que eu possa responder, madame Daisy irrompe na sala.

– Anna! Oh, o que farei com você, menina? - ela apoia as mãos nos quadris. - Ande, precisa se preparar.

– Me preparar para quê?

Madame lança as mãos para cima, exasperada.

– Oh! O que seria de você sem mim! - exclama. - Hoje é aniversário da senhorita Reidi, não se lembra?

– Reidi? Como pude esquecer...?

Papai dá risada.

– Precisamos ir à boutique comprar um presente maravilhoso para ela - diz madame. - Por isso, venha. Precisa se aprontar.

Amor e Liberdade #1Where stories live. Discover now