- Rainha Sonya! - ouço vozes gritando ao longe.
A luz do sol já se foi há muito tempo, substituída pela brisa fria do outono que nunca tem fim em Coronte, e eu me arrependo de não ter trazido aquele manto azul que o general me entregou. Fiquei tão desesperada para sair em busca de rei Kilian que não pensei em mais nada - nem na noite que logo chegaria. Cavalguei por horas, refazendo o caminho que as tropas trilharam para a praça pública, e finalmente cheguei aos limites de Coronte, à floresta de árvores alaranjadas.
Eu esperava encontrar alguma pista - qualquer uma - que sustentasse minha crença de que meu marido está vivo, mas não encontrei nada. Ainda assim, não vou desistir. Hoje foi apenas o primeiro dia e eu sei que preciso avançar ainda mais para encontrar rei Kilian. E mesmo que eu tenha que cavalgar até o reino de Omem, eu vou atrás dele.
- Majestade! - a voz do general Soren me surpreende por sua proximidade.
Seu cavalo alcança o meu e eu não tenho escolha a não ser puxar as rédeas e diminuir a velocidade. Nunca cavalguei muito bem e estou exausta. Preciso descansar um pouco. General Soren chega ainda mais perto e toma as rédeas de minhas mãos.
- Rainha Sonya, pare, por favor! - há súplica em sua voz.
Só então me dou conta de quantas pessoas devem estar preocupadas comigo - e com a minha criança. Afinal, eu sou a rainha e carrego o futuro de Coronte comigo. Agora que todos pensam que o rei está morto, a atenção sobre o bebê será redobrada. Meu limitado sossego já não existe mais.
- Ele não está morto, general - digo, com mais tranquilidade do que pensei ser possível.
As sobrancelhas grossas de Soren se arqueiam.
- O corpo não foi encontrado, Majestade, mas em uma situação como essa...
Meu coração parece dar um pulo. Não encontraram o corpo? Isso é uma ótima notícia.
- Então ainda há esperança - sinto um sorriso se formar em meus lábios. - Não entende? Ele deve ter tido problemas para retornar e está desaparecido. Por isso precisamos...
- Não, rainha Sonya - o general puxa as rédeas outra vez. - Recebi ordens para não deixar que nenhum mal aconteça a Vossa Majestade e sua criança, em hipótese alguma!
Trinco os dentes.
- E quem foi que deu essa ordem?
Os olhos dele se fixam nos meus.
- Rei Kilian.
Oh.
- Então ele recebeu minha mensagem.
- Sim - general Soren assente. - E, se me permite dizer, nunca o vi tão feliz desde que nos conhecemos na infância. Ele até mesmo escreveu uma resposta para Vossa Majestade com o próprio punho.
- E onde está essa carta? - franzo a testa. - Eu nunca recebi.
Soren sacode a cabeça.
- A maioria de nossas cartas estava sendo interceptada pelo inimigo. Eu teria pessoalmente informado sobre o falecimento do rei se soubesse que essa notícia nunca chegaria aqui.
Meu peito sobe e desce, num soluço.
- Ele não está morto - repito, com ainda mais convicção. - E eu preciso encontrá-lo.
General dá um longo suspiro impaciente, mas solidariza comigo.
- Certo, eu irei com Vossa Majestade - ele assente. - Amanhã, quando houver bastante luz e uma escolta adequada. Por ora, vamos retornar ao palácio, sim?
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Amor e Liberdade #1
Fantasy[Volume 1 da Saga das Quatro Rainhas] Anna é a filha única do duque de uma pequena e adorável vila. É uma encantadora jovem que acaba de completar dezoito anos, amada por todos e muito cortejada pelos rapazes que vivem por ali. Certo dia, um comerci...