Capítulo 33

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      - Rainha Sonya! - ouço vozes gritando ao longe.

     A luz do sol já se foi há muito tempo, substituída pela brisa fria do outono que nunca tem fim em Coronte, e eu me arrependo de não ter trazido aquele manto azul que o general me entregou. Fiquei tão desesperada para sair em busca de rei Kilian que não pensei em mais nada - nem na noite que logo chegaria. Cavalguei por horas, refazendo o caminho que as tropas trilharam para a praça pública, e finalmente cheguei aos limites de Coronte, à floresta de árvores alaranjadas.

     Eu esperava encontrar alguma pista - qualquer uma - que sustentasse minha crença de que meu marido está vivo, mas não encontrei nada. Ainda assim, não vou desistir. Hoje foi apenas o primeiro dia e eu sei que preciso avançar ainda mais para encontrar rei Kilian. E mesmo que eu tenha que cavalgar até o reino de Omem, eu vou atrás dele.

     - Majestade! - a voz do general Soren me surpreende por sua proximidade. 

     Seu cavalo alcança o meu e eu não tenho escolha a não ser puxar as rédeas e diminuir a velocidade. Nunca cavalguei muito bem e estou exausta. Preciso descansar um pouco. General Soren chega ainda mais perto e toma as rédeas de minhas mãos.

     - Rainha Sonya, pare, por favor! - há súplica em sua voz.

     Só então me dou conta de quantas pessoas devem estar preocupadas comigo - e com a minha criança. Afinal, eu sou a rainha e carrego o futuro de Coronte comigo. Agora que todos pensam que o rei está morto, a atenção sobre o bebê será redobrada. Meu limitado sossego já não existe mais.

     - Ele não está morto, general - digo, com mais tranquilidade do que pensei ser possível.

     As sobrancelhas grossas de Soren se arqueiam.

     - O corpo não foi encontrado, Majestade, mas em uma situação como essa...

     Meu coração parece dar um pulo. Não encontraram o corpo? Isso é uma ótima notícia.

     - Então ainda há esperança - sinto um sorriso se formar em meus lábios. - Não entende? Ele deve ter tido problemas para retornar e está desaparecido. Por isso precisamos...

     - Não, rainha Sonya - o general puxa as rédeas outra vez. - Recebi ordens para não deixar que nenhum mal aconteça a Vossa Majestade e sua criança, em hipótese alguma!

     Trinco os dentes.

     - E quem foi que deu essa ordem?

     Os olhos dele se fixam nos meus.

     - Rei Kilian.

     Oh.

     - Então ele recebeu minha mensagem.

     - Sim - general Soren assente. - E, se me permite dizer, nunca o vi tão feliz desde que nos conhecemos na infância. Ele até mesmo escreveu uma resposta para Vossa Majestade com o próprio punho.

     - E onde está essa carta? - franzo a testa. - Eu nunca recebi.

     Soren sacode a cabeça.

     - A maioria de nossas cartas estava sendo interceptada pelo inimigo. Eu teria pessoalmente informado sobre o falecimento do rei se soubesse que essa notícia nunca chegaria aqui.

     Meu peito sobe e desce, num soluço.

     - Ele não está morto - repito, com ainda mais convicção. - E eu preciso encontrá-lo.

     General dá um longo suspiro impaciente, mas solidariza comigo.

     - Certo, eu irei com Vossa Majestade - ele assente. - Amanhã, quando houver bastante luz e uma escolta adequada. Por ora, vamos retornar ao palácio, sim?

Amor e Liberdade #1Where stories live. Discover now