Capítulo 14

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O príncipe Klaus me conduz até a pequena praça que fica próxima a floricultura. Nós nos sentamos num banco de madeira de frente para uma fonte, onde uma estátua de anjo de asas abertas despeja água de seu jarro. Olho para o anjo, distraída por um momento. Klaus suspira, atraindo minha atenção.

– Sabe, eu... eu simplesmente preciso me desculpar por ontem à noite. Não devia ter deixado você sozinha. Fui um tolo - Klaus me olho fundo nos olhos. - Perdoe-me, Anna.

Dou um meio sorriso. Sei que ele está sendo sincero.

– Está tudo bem. Não se preocupe com isso.

Klaus faz uma careta, como se sentisse dor.

– E... sabe... quanto ao que dizem sobre mim e aquela garota...

Arqueio as sobrancelhas, inclinando-me para ele com curiosidade. Espero por alguma desculpa. Klaus parece aquele tipo de pessoa que tem desculpas e justificativas para tudo.

Ele suspira e curva os ombros, sem me encarar.

– Estou envergonhado.

Engulo em seco.

– Hum - murmuro. - Envergonhado de que exatamente?

Klaus me encara.

– Anna, eu... eu... não fiz nada àquela garota - declara ele, um tanto irritado. - Nem mesmo sei o nome dela. Nós apenas... trocamos algumas palavras entre as árvores na praça. Mas eu não passei a noite com ela como dizem que fiz. Puxa... que tipo... que tipo de pessoa acham que eu sou?

Franzo a testa. Acredito em Klaus, de verdade. As filhas do contador sempre tiveram certa fama de oferecidas e esse não é o primeiro rumor que surge sobre a vida amorosa agitada de alguma das duas. Ele parece envergonhado por ter sido alcançado por esse tipo de fofoca.

Além disso, Klaus confia em mim. Por que não confiar nele também?

– Acredito no que diz - eu digo, olhando-o com firmeza. - Mas este é um voto de confiança que estou dando a você, Klaus. Você disse que confia em mim...

– E confio.

– Então me dê motivos para confiar em você também. Se não mentir para mim, podemos ser amigos.

Klaus abre um sorriso fraco e lisonjeado e segura minha mão entre as suas.

– Ganhar sua confiança é minha única missão - ele brinca.

Suspiro e sorrio de volta. Puxo minha mão das dele.

– Devo ir agora.

– Sim, deve - ele engole em seco, soando chateado. - Seu noivo a espera, não é?

– Sim.

– Espero que ele atenda às suas expectativas, Anna.

Sorrio levemente.

– Ele atende.

Coloco-me de pé, segurando a rosa que ele me deu.

– Anna... uma última coisa...

Olho para Klaus por cima do ombro.

– Sim?

– Obrigado por me ouvir. Foi importante para mim.

Assinto, sorrindo. Sinto-me mais leve sabendo seu lado da história. Klaus não é um depravado. Aliás, ele é um príncipe e um cavalheira. Não posso culpá-lo por ser uma das inúmeras vítimas dos rumores que rodeiam as filhas do contador. Foi tudo um mal entendido. Ele é meu amigo.

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