capítulo um.

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Rita Silva.

Subi aquele morro no calor das oito horas da manhã, eu estava quase passando mal e só esperava que meu filho não acordasse antes de eu chegar, porque iria ser um inferno aquele menino colocando a casa de cabeça pra baixo.

2d: E aí patroa, patrão tá aqui não! - Foi o primeiro a se pronunciar e eu sorri, colocando as mãos na cintura.

Rita: E ele tá aonde, filhão? Se Menor colocar o pé na rua fora do morro, volta sem cabeça, tá querendo enganar a boba? Bora, abre a porta da salinha.

Fogueteiro: Que isso patroa, a chave num tá com nós não! - Cruzei os braços, sem paciência.

Rita: Eu quero a porra dessa chave, caralho.- Gritei batendo palma. Segui até a salinha e tentei abrir, realmente tava trancada.

2d: Nós tá dizendo, o patrão não tá aí não.- Respirei fundo, escutando uma risada que eu conhecia muito bem.

Menor: Tava me procurando, dona? - Olhei pra trás, indo pra cima dele.

Rita: Aí namoral, eu tô me cansando de você Menor, tô cansando! Falei dando tapa no peito dele.- O teu filho passou a noite com febre e tu desliga o celular, vai tomar no cu moleque!

Menor: Olha o respeito, porra! - Falou alto, me dando um tapa no rosto.- Mantém a tua postura, caralho.

Rita: E a tua postura, fica aonde? - Gritei.- Fica com as piranhas que tu come, seu merda? Imbecil, moleque do caralho.

Menor: Tu tá pedindo, vai levar! - Agarrou a mão no meu cabelo e saiu me puxando pra dentro da sala de drogas. Chegando lá ele me empurrou no chão e me deu um chute nas pernas.- Tu tá achando que tu é quem? Fala, caralho.

Rita: Eu sou tua mulher, porra! Mãe do teu filho, Davi passou a noite com febre chorando, eu passei a madrugada tentando te ligar caralho, eu não podia deixar ele sozinho pra sair.

Menor: E por que tu não mandou um vapor ir comprar? Eu tava ocupado, caralho.- Falou sentando no sofá e acendendo um cigarro de maconha.

Rita: Porque ele só queria o pai em casa, mas você tava muito ocupado comendo mais uma.- Ele desviou o olhar, balançando a cabeça.

Menor: Eu vou mudar pra nós, tô te dizendo! Anota o papo que eu tô te tanto, preta.

Rita: Vai mudar quando? Quando me matar ou machucar seu filho? Fui eu quem te ajudei a subir e tu tá fodendo comigo, dá pra ver a consideração que tu tem por mim. Bebendo até altas horas, comendo várias piranhas, tá certo demais!

Menor: Vou mudar, Rita. Bote fé em mim, tô tomando rumo aí pra nós.- Balançou a cabeça, me puxando pra sentar do lado dele.

Rita: Eu só queria nossa família feliz e junta, como no começo.- Falei chorando, deitando a cabeça no peito dele.

Ele me deu dois tapinhas no braço e soltou a fumaça, levantando meu rosto e me beijando. Eu amava ele com toda certeza do mundo, queria ele pra sempre do meu lado!

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Não se apeguem a nenhum personagem.

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