Cidade De Deus

Capitulo três

Rita: Chegou cedo.- A minha mulher falou em um tom de deboche assim que eu entrei.

Menor: O papo reto pra tu, se é pra abrir a boca pra falar merda, fecha o bico.- Apontei pra ela.

Davi: Pai! - Meu filhote falou correndo e eu me baixei abraçando ele.

Menor: Como tu tá, moleque? - Estendi a mão e ele bateu.

Davi: Eu tava com saudades...- fez carinha de triste.- Parece que o senhor nem gosta de mim...

Rita: Vem comer, amor...- A Rita falou colocando prato na mesa e olhando pra gente.- Já lavou as mãos?

Davi: Sim, mãe.- Falou baixo, saindo da minha frente e sentando na cadeira.

Respirei fundo e fui pro quarto, peguei a toalha e fui tomar banho, quando eu saí a Rita tava colocando o celular dela pra carregar, cheguei puxando o braço e apontando na cara dela.

Menor: O que tu tá colocando na cabeça do meu filho, ein porra? - Puxei o braço dela mais forte.

Rita: Eu? Tem certeza que é porque você não vem em casa, você não brinca com ele, não pergunta como foi o dia ou como tá sendo a escola. Deve ser porque você não chama ele pra passar o dia com você, nem joga de bola com ele. Talvez seja por isso, mas você é muito ocupado comendo rapariga por aí né? Ele tem que entender que elas são mais importantes que ele.- Sorriu e eu levantei a mão, dando um tapa na cara dela.

Menor: Nunca mais abre a boca pra falar comigo assim.- Segurei o rosto dela com força.

Rita: É só não querer pagar de bom pai se você não abraça nem o seu filho.- Falou com os olhos cheios de lágrimas.

Menor: Tu sempre fode com tudo, Rita! Eu tô tentando melhorar, fazer um bagulho por nós e tu me ajuda assim? - Ela sorriu debochada, deixando uma lágrima cair.

Rita: Até quando, me diz? Você não está tentando mudar, nem se esforçando pra isso. Sempre vai ser assim, eu te conheço, essa semana vai ser de promessas e juras de amor, mas no baile do sábado? Tu só vai faltar tá comendo piranha em cima do palco pra todo mundo ver.

Menor: Não é assim, caraí.- Ela negou, tentando se soltar.

Rita: Tu tá me machucando.- Falou sem me olhar.

Empurrei ela pro lado e ela passou a mão no rosto, respirando fundo e saindo do quarto. Peguei qualquer parada que tava na cômoda e joguei na parede, sem nem saber o que era.