CINQUENTA E TRÊS

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Fiquei bem menos surpresa do que esperava ao ver Luciano na filmagem onde mostrava claramente ele mexendo no meu carro na mesma data do acidente que tirou a vida do meu marido.

— Isso significa que ela não está envolvida? — pergunto a Hugo sem conseguir processar tudo direito.

— Não, amor, ela está. — diz abrindo a pasta que tirei dele. — Joelma e Luciano se encontraram algumas vezes na semana anterior e também no dia do acidente. Antes de tudo, ela depositou uma grande quantia para ele, nem se deu ao trabalho de esconder que ela estava fazendo isso.

— Mas...

— O que você quer fazer?

— Eu quero denunciá-la imediatamente. Ela é a responsável pelo que aconteceu com Mauro, meu filho está crescendo sem o pai por perto por culpa dela. — choramingo sem conseguir me controlar. — Que tipo de monstro é capaz de fazer algo assim? — Hugo me abraça.

— Desculpa, mas precisamos voltar, Helena. — escuto o meu advogado. — Aconteceu algo?

— Tenho novidades, Samuel. — aviso. — Consiga uma reunião particular coma juíza, por favor.

— Acho que isso não é possível, Helena.

— Por favor. — peço e ele assente com a cabeça antes de sair.

As chances eram baixas, mas Samuel conseguiu. Tão logo entrei na sala, comecei a falar sem dar a chance da juíza me interromper.

— Isso não está certo. A senhora sabe disso. Não sei se é mãe, mas deve saber que um filho deve sempre ficar com a mãe desde que seja o melhor para ele. E eu sou o melhor para o meu filho. A senhora tem que saber bem onde está se metendo ou além de estar prestes a destruir a minha vida e do meu filho, também vai destruir a sua. — aviso. — E isso não é uma ameaça, que fique claro. Mas eu sei que a senhora aceitou dinheiro da minha ex-sogra. Não sei os seus motivos e não me interessam, mas isso é o menor dos seus problemas. Acabei de conseguir provas que comprovam a participação da minha ex-sogra na morte do meu marido. Se a senhora não quer afundar ainda mais, sugiro que abandone o caso imediatamente ou faça o que acha melhor.

— Não vou ser ameaçada por uma empregada! — grita soberba.

— Então aproveite seu cargo enquanto pode. Estou saindo daqui agora mesmo para denunciar todos vocês. — aviso sem dar chance de que ela retruque. — Vamos para a delegacia. — Hugo assente.

~*~

MESES DEPOIS

Que a justiça no Brasil não é exatamente justa eu já sabia, mas, ainda sim, consegui me surpreender com a soltura da minha sogra apenas alguns dias após a sua prisão. Sua fuga para fora do país, no entanto, foi completamente previsível.

Felizmente, Luciano não teve a mesma sorte. Ele até tentou fugir, mas tão logo minha ex-sogra foi solta, Luciano foi capturado. Sua pose de machão murchou no momento em que começou o interrogatório e ele contou até mesmo coisa que não tínhamos imaginado, como o fato de que minha ex-sogra estava praticamente falida e precisava da guarda de Léo para conseguir ter acesso a uma conta no nome do meu filho que Mauro havia deixado para garantir o futuro do meu bebê.

Tornou-se publico que Joelma Perez havia encomendado a morte da própria nora e acabara matando o próprio filho. Contra a vontade de Vic, também descobriram que Luciano a havia trancado em uma clínica psiquiátrica e tudo mais o que aconteceu. Minha amiga não ficou feliz, mas vê-lo atrás das grades foi, com certeza, reconfortante. Tão logo foi possível, ela conseguiu a anulação do seu casamento e também uma ordem de restrição que garantia que ele não podia chegar perto de nenhum de nós.

— Eu espero que o Hugo volte logo. — Vic diz inquieta. Sua barriga está enorme para uma mulher magra como ela, está prestes a ter neném e ainda nem consegui contar a ela sobre a minha gravidez. Minha barriga até já começou a aparecer, estou no início do quarto mês, mas com tudo que aconteceu, ela sequer notou.

— O que você acha que eles querem afinal?

— Espero que tenham simplesmente desistido de vez daquela ideia idiota de processá-lo novamente. — se senta ao meu lado. — Eu estou tão nervosa, Helena. Me distrai.

— Você... tem certeza que não quer saber o sexo do bebê?

— Não. Quero que seja uma surpresa. Mas tenho quase certeza de que é uma menina. — diz com um sorriso alisando a barriga. — Quando você e o Hugo me providenciarão outro sobrinho, afinal?

— Outro?

— É, ué. O Léo é o primeiro. Já quero outro também! — dá de ombros. — Sabe, nós duas mandamos muito bem na reforma dessa casa. Longe de mim falar dos mortos, mas eu odiava o que a Jaqueline tinha feito com essa casa.

Apesar da casa ter ficado moderna, com aparelhos de última geração e alguns toques na decoração, optamos por tentar remeter a decoração clássica e original que a casa tinha quando Hugo a comprou. Meu namorado ficou muito feliz quando viu o resultado, inclusive comentando que havia escolhido a casa justamente pela personalidade que ela tinha.

Escutamos um bater de porta e rapidamente corremos até próximo da porta para saber o que o pai da falecida esposa de Hugo queria falar com ele.

— E aí? — Vic questiona logo que Hugo abre a porta. — Conta, garoto!

— Ele queria se desculpar.

— O que? — nós duas perguntamos juntas.

— Depois da história da Helena, ele resolveu procurar para ver se tinha deixado algo que pudesse me incriminar passar. — Hugo ainda está parado segurando a maçaneta da porta. — A mãe dela escondeu o diagnóstico de esquizofrenia de todos nós. A única forma de ter evitado o que aconteceu, era com os devidos cuidados médicos, que nunca puderam acontecer porque para a mãe dela era uma vergonha ter uma filha doente.

— Aquela vaca! — Vic solta. — Sempre a odiei!

— Todos nós. — Hugo dá de ombros. — Eu sei que eu não podia ter evitado a doença, mas podia ter percebido ou cuidado dela, talvez se eu tivesse aceitado sua sugestão de levá-la a uma clínica...

— Hugo, aquele lugar era horrível. Com certeza acabaria com a Jaque. — minha amiga avisa indo abraçar o irmão.

— Eu sei, mas...

— Amor, tenho certeza de que fez tudo o que foi possível naquele momento. — eu entro no abraço. — Agora vem, precisamos almoçar. Fiz frango assado com batatas.

— Nossa, Hugo, o cheiro está maravilhoso.

— Você já até roubou um pouco, Vic, deixa de ser sonsa. — reclamo sorrindo enquanto os dois me acompanham até a cozinha.

Por mais que Hugo quisesse que eu ficasse apenas em repouso com medo de que qualquer coisa pudesse prejudicar minha gravidez, ele não resistia ao sentir o cheiro exalado da cozinha.

— Helena, eu sou tão feliz de ter te contratado. — minha amiga fala com a boca cheia. — Melhor comida do mundo.

— Eu sou muito feliz de você ter contratado ela, irmãzinha. — Hugo avisa beijando meu rosto rapidamente. — Pensei em pegarmos o Léo e ir assistir um filme. O que acham?

— Acho maravilhoso. Tem um filme mesmo que eu tô querendo assistir e...

— Vic, entendo que ficou empolgada, mas não consegue mais segurar sua bexiga? — Hugo questiona enquanto verifico o que ele falou.

— Ai, meu Deus, isso não é xixi, Hugo! — grito. — Vic, a sua bolsa estourou!

— Merda, bebê, você não podia esperar até amanhã para ser Sagitariano igual a mamãe? — questiona pegando mais coxas de frango. — Se vamos pro hospital, preciso de um lanchinho. — nos avisa enquanto encaramos ela calma com a comida.

Meu Viúvo - (COMPLETO)Where stories live. Discover now