TRINTA E CINCO

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O sábado começou complicado. Depois de ter esquecido de colocar o alarme para obrigar Hugo a sair da minha casa antes do horário de Léo acordar, meu filho nos encontrou dormindo abraçados na cama.
— Mamãe? — Léo me acorda falando baixinho. — Por que o tio Hugo tá dormindo aqui?
— Droga! — me assusto percebendo Hugo ao meu lado e bato nele que desperta imediatamente.
— Eu prefiro ser acordado de um jeito mais sensual, Helena. — diz e o acerto novamente. — Você quer tran...
— Hugo, o Léo tá aqui. — praticamente grito o interrompendo.
— Bom dia, tio Hugo. — abraçando seu dinossauro de pelúcia, Léo fala baixinho com um pequeno sorriso, apesar de claramente confuso.
— Você pode ir, por favor? — peço e graças a Deus eu ainda estou menstruada fazendo com que estejamos vestidos, já que não fizemos nada durante a noite. Não por falta de vontade de Hugo.
— Mamãe, o tio Hugo é o seu namorado igual a Bru é da Carina? — pergunta esfregando os olhos e bocejando. — Foi por isso que ele dormiu aqui?
— Tem certeza que quer que eu vá? — Hugo sussurra e eu sequer consigo falar desconcertada.
No fim, acabei assumindo para Léo que, sim, eu o “tio” Hugo estamos namorando. E a única pergunta que ele fez após explicarmos, foi:
— Eu posso comer o bolo da Bru depois do banho? — após eu confirmar, ele saiu do quarto animado.
— Foi mais fácil do que pensamos. — Hugo diz me abraçando. — Léo é um garoto esperto.
— Falando nisso, eu conversei com a Gardênia ontem. — aviso e o sinto ficar um pouco tenso. — O Léo precisa de um professor particular.
— Posso providenciar isso. — avisa beijando o topo da minha cabeça.
— Acho que sim, afinal, segundo a própria, você é um excelente professor. — resmungo me levantando.
— Ela disse isso?
— Disse. — começo a organizar o quarto que nem bagunçado está. — Inclusive me mandou perguntar a você e disse que você talvez possa ensiná-la um pouco mais.
— Não acredito que ela disse isso, é ridículo. Eu não... nós não... Foi só algumas vezes e... ela não deveria estar te falando esse tipo de coisa. Já faz muito tempo. Eu sequer tinha me casado...
— Deixa pra lá. — resmungo. — Parecia que ela queria me irritar.
— E conseguiu? — volta a me abraçar.
— Menos do que pretendia.
— Mas?
— Mais do que eu esperava. — admito e sorrindo ele me beija. — Como um homem tão bonito pode ter um hálito tão ruim? — questiono quando nos afastamos e rimos juntos.
— Meu hálito poderia estar a pura menta se você permitisse que eu trouxesse uma escova de dentes.
— Você mora há dois minutos daqui. Literalmente.
— Você pode levar a sua pra minha casa. — diz me fazendo soltar a blusa que já dobrei e desdobrei pelo menos três vezes.
— E por que eu faria isso? Você está quase se mudando para cá. — brinco o abraçando de volta e olhando em seus olhos.
— Talvez vocês possam se mudar para lá. — uma de suas mãos acaricia meu rosto enquanto o encaro sem ter certeza de que ele realmente falou o que acho ter ouvido. — Sim, você ouviu direito.
— Mas... mas... ninguém pode subir as escadas e eu... tem o Léo e...
— Helena, não sei se você me ouviu direito, então, vou perguntar de outra forma...
— Não, não pergunta, Hugo. — peço. — Por favor, não pergunta. Eu ouvi o que você disse, mas a prioridade não sou eu ou você, é o Léo. A vida dele tem sido inconstante por tanto tempo que eu não quero fazê-lo passar por uma mudança tão grande agora.
— Eu entendo. — diz, apesar de estar claramente magoado. — Peço desculpas se eu me precipitei. Mas, Helena, eu quero que você saiba que a minha vida, o meu coração, não se abriu apenas para você. O Léo me conquistou. — com um sorriso, ele continua. — Vocês dois me conquistaram e não me imagino mais... Não me lembro mais como era antes de tê-los comigo. — beija minhas mãos.
— Hugo, eu...
— Não precisa fazer ou dizer nada que não esteja pronto, ok? — confirmo com a cabeça. — Você é uma mulher incrível e faço questão de te conquistar um pouco mais a cada dia. Agora vou em casa escovar os dentes para poder te beijar da forma que você merece.
— Vem comigo. — o seguro pela mão e o levo até o banheiro vasculhando no pequeno armário a escova que havia comprado no dia anterior para trocar a minha. Mas isso podia esperar. — Sei que isso não é me mudar para a sua casa, nem dizer o que você quer ouvir, mas é a minha forma de mostrar que eu quero isso. Que eu quero nós dois. E que você precisa escovar os dentes. — entrego a escova a ele que ostenta um grande sorriso.
— Mamãe, corta o bolo pra mim? — escuto Léo me chamar da cozinha.
— Já vou, meu amor.
— A próxima vez que estivermos tão pertos, vou te seduzir com meus beijos de menta. — Hugo diz fechando a porta comigo do lado de fora.
~*~
Mal tomamos café da manhã, Hugo e Léo me fizeram trocar a camisa que uso de pijama por uma roupa para sair. Eles planejaram um dia inteiro para nós e disseram que a única coisa que eu tinha que fazer era ir sem fazer muitas perguntas.
Mandei uma mensagem para Vic procurando saber como ela estava antes de finalmente entrar no banho para podermos sair.
Léo insistiu que eu usasse um gravata de Hugo como venda logo que entramos no carro e sem querer estragar o entusiasmo dos dois, fiz o que foi pedido, mesmo que não tenha conseguido não ficar perguntando a cada segundo para onde estávamos indo ou se já estávamos chegando.
Fizemos algumas paradas que eles garantiram serem programadas e após sentir o cheiro de batatas fritas, meu estômago roncou mesmo cheio.
— Mamãe, o tio Hugo e eu vamos surpreender você. Vai ver. — Leo insistiu animado.
— Tenho certeza que sim. Vocês dois são muito bons em guardar segredos de mim. — brinco relembrando como eles me esconderam que Hugo já sabia da existência de Léo.
Depois do que pareceu uma eternidade, finalmente parecemos chegar e os dois me ajudam a sair do carro.
— Vou pegar a cesta, tio. — Léo avisa e logo os lábios de Hugo se encostam aos meus suavemente.
— Espero que goste. — Hugo diz antes de tirar a gravata dos meus olhos.

Meu Viúvo - (COMPLETO)Where stories live. Discover now