TRINTA E UM

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Beijos purpurinados,
Kami ❤️
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Sequer era a área de Vic, mas ela acompanhou Léo em todos os momentos tão preocupada quanto eu. E também assinou o seu gesso, como ele fez questão, e ela também.
Léo literalmente chorou para ir à escola na segunda-feira. Estava louco para ter o gesso assinado pelos coleguinhas, assim como Victor Hugo falou que ele poderia fazer e mostrou em uma foto da própria infância.
Apenas na quarta-feira deixei que Léo voltasse para escola porque ele e Victor Hugo azucrinaram minha cabeça em um nível que se eu não fizesse isso, os dois me enlouqueceriam.
Paloma e Luís fizeram amizade desde que começaram a trabalhar na casa, antes, nós até tomávamos um lanche a tarde juntos, mas Luís estava me evitando e, mesmo que eu não tenha saído espalhando aos quatro cantos  que Hugo e eu estamos namorando, Paloma até mesmo me encurralou certo dia para perguntar e, aparentemente ficou decepcionada.

— Meu Deus, como esse lugar está lindo! — Victor Hugo não me deixou trabalhar nos três dias que Léo ficou em casa, foi uma das formas de eles me convencerem, então eu mal tinha colocado meus pés para fora de casa desde que voltara no domingo a noite.

O jardim está completamente transformado. Com flores para todos os lados, plantas trepadeiras contornando boa parte da casa e também grama por toda a parte perfeitamente aparada, assim como os arbustos.

— Que bom que gostou! — Luís sai de trás de uma roseira sem camisa.

— Demais! — afirmo, não me referindo apenas ao jardim.

— Vem ver isso, Helena. — ele me chama e o acompanho até chegar aos fundos da minha casa onde tem um pequeno jardim suspenso na minha janela que foi simplesmente reformado enquanto eu estava cuidando da cozinha de Victor Hugo.

— Você plantou cravos! — afirmo indo até as plantas que preenche o pequeno canteiro da janela e sinto o inegável e delicado cheiro das flores vermelhas que Luís plantou em minha janela. — Como sabia que eu gostava?

— Apenas imaginei. — responde com um sorriso. — Posso fazer uma pergunta?

— Claro que pode. — não consigo tirar minha atenção das flores.

— O que está acontecendo entre você e o patrão?

— Eu... hum... a gente...

— Foi por causa dele que não voltamos a sair? Quer dizer, você se divertiu, não se divertiu?

— Claro que sim, Luís. — finalmente tomo coragem para encará-lo. — Acontece que o Hugo...

— Tarde demais! — ele decreta.

— Como assim?

— Você já o chama por "Hugo", Helena. Nem mesmo se eu tivesse tido chance, não teria mais...

— Luís, eu gosto de você...

— Como amigo.

— Sim.

— Acontece que eu não quero ser só o seu amigo. Te dei espaço, quando descobri que você tinha um filho, fiquei calado...

— Como? O que?

— Eu estava trazendo umas flores para você, escutei ele te chamando. — chuta uma pedra qualquer para o lado com a cabeça abaixada e as mãos no bolso. — Não esperava que o patrão fosse aceitar.

— Eu também não, pra ser sincera. — admito. — Eu ainda não consegui processar que ele aceitou tão bem.

— Então, vocês estão mesmo juntos? — aceno positivamente. — E eu não tenho chances? — começa a se aproximar e eu me afasto instintivamente.

— Sinto muito por ter feito você achar que sim, Luís, mas entre nós, só irá existir a amizade. — aviso e ele parece aceitar.

— Tudo bem, eu só espero que ele não magoe você, ou o enterrarei vivo. — avisa e juntos voltamos ao jardim. — É sério. — reforça quando eu sorrio.

— Tudo bem, eu acredito. 

— Eita, você sujou a blusa, Helena. — aponta perto da minha cintura para a mancha de tinta e paro na frente dele enquanto Luís pega sua camisa no chão e coloca no ombro.

— Devo ter me aproximado demais do jardim da minha janela. — dou de ombros e escuto um pigarro alto que nos chama a atenção, é Victor Hugo parado próximo da piscina. — Não tem problema, eu adorei.

— Helena, pode vir aqui? — me chama claramente irritado.

— Acho que meu trabalho por hoje foi o suficiente.

— Quer alguma coisa? Eu fiz um bolo de...
— Helena... — a voz de Victor Hugo soa mais alta e irritada.

— Até a amanhã. — diz dando um beijo no meu rosto e recolhendo suas coisas. — Até amanhã, patrão.

Victor Hugo não responde além de um breve aceno e vira as costas entrando em casa.

— Você tem meu número, Helena. — avisa antes de sair.

~*~
Respiro fundo por alguns minutos antes de entrar na mansão. Nossas últimas discussões foram de cabeça quente e sempre acabamos falando ou fazendo alguma besteira. E a última coisa que eu quero é repetir, por exemplo, a última discussão que tivemos por causa de Luís.
Me sentindo mais calma, vou ao encontro de Victor Hugo. Com um copo de bebida na mão, ele está apoiado na bancada da ilha da cozinha de costas para mim.

— Do que precisa? — abraço-o por trás e deposito um beijo no meio das suas costas. — Precisa ver as flores que o Luís plant...

— O que faziam atrás da sua casa? — seu corpo fica tenso.

— Como eu dizia, você precisa ver as flores que Luís plantou no jardim suspenso da minha janela. — concluo.

— Ele estava sem camisa.

— Hugo... — ele volta o copo aos lábios terminando de sorver o líquido escuro.

— Os olhos dele estavam no seu corpo. Nos seus peitos, Helena. — conclui deixando o copo na bancada e virando para mim com meus braços ainda o envolvendo. — Se você desse abertura...

— Você está com ciúmes atoa, Hugo. — aviso deitando minha cabeça em seu peito e ele me abraça. — Tenho Luís como um bom amigo. Você percebeu como ele mudou completamente a imagem da casa, trouxe uma alegria que esse lugar não tinha quando eu cheguei.

— Não é ele o responsável por isso. É você. — beija o topo da  minha cabeça. — Virou minha vida de cabeça pra baixo. Você e o Léo. Antes mesmo de saber que ele fazia parte da minha vida, ele já tinha feito a diferença aqui.

— Por que você é tão fofo depois de ser tão carrasco? — brinco levantando meu rosto em direção ao seu com um sorriso.

— Porque eu amo você, Helena. E eu quero você agora e sempre. Mesmo que você ache que é precipitado, que estamos indo rápido demais, eu acho que estamos indo até devagar demais. Mas eu te amo, não importa quanto tempo leve, eu vou te conquistar...

— Você é bem pretensioso. — tento brincar para diminuir a seriedade de suas palavras.

— Vou esperar ansiosamente as três palavras saindo da sua boca. — rapidamente os seus lábios encostam aos meus. — Enquanto elas não vêm, eu faço questão de te dizer que eu te amo, Helena. Amo como nunca amei ninguém.

— Eu...

— Você tem o tempo que precisar para retribuir as palavras. Já me mostra isso com suas atitudes há tempos. — novamente seus lábios voltam aos meus.

Meu Viúvo - (COMPLETO)Where stories live. Discover now