VINTE E NOVE

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Beijos purpurinados,

Kami <3
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Vic foi embora cedo no dia seguinte. Havia decidido pegar o turno de um colega de última hora me garantindo que apesar de não estar cem por cento, já estava bem melhor e logo conseguiria se acertar com o marido.
Quando chamei Léo para conversar comigo e com Victor Hugo, meu filho se assustou e começou a me pedir desculpas. Naquele momento me senti uma péssima mãe. Eu coloquei tanto na cabecinha dele que Hugo não podia saber dele que isso acontecer o intimidou.
O assegurei que estava tudo bem, que eu não estava brava e que eu nunca poderia me zangar com ele. Animado após toda a conversa, Léo me deixou de lado para conversar com o "tio" já que, segundo ele, não conversavam fazia tempo e me expulsaram pedindo café da manhã. Se já não fosse o meu trabalho, e meu filho não estivesse tão feliz, eu até ficaria irritada.
— Vamos lá, mocinho. A van está chegando. — tento apressar Léo que foi convidado por Hugo a tomar café na mesa com ele.
— Não quero ir hoje, mamãe...
— Uma pena que você não tem querer, não é mesmo? — dou um beijo no topo da sua cabeça e pego sua mochila. — Vem, Léo.
— Eu posso levar ele. — Victor Hugo avisa terminando de toar uma xícara de café.
— O que? Não. Sem chance! — Tudo bem que ontem eu até aceitei namorar com Hugo, mas não dá para acelerar as coisas assim e eu sinto que está rápido demais.
— Deeeeeixa, mamãe!!! — Léo se ajoelha aos meus pés com as mãozinhas juntas implorando. — Por favooooor! — Victor Hugo se junta a ele fazendo exatamente a mesma coisa.
— Hugo, você não tem cadeirinha. Além do mais, a mamãe paga a van para te levar, meu amor. — Victor Hugo parece entender, ao contrário de Léo.
— Mas, mamãe... — Léo tenta argumentar.
— Quem sabe outro dia, campeão. — Hugo avisa bagunçando o cabelo do meu filho.
— Vamos lá, vou te levar para pegar a van. — aviso e, mesmo contra sua vontade, Léo me acompanha após se despedir de Victor Hugo.
~*~
Mesmo que eu não tivesse a certeza de que Léo deveria conviver tanto com Victor Hugo, acabou por ser inevitável. Até mesmo uma cadeirinha para o carro, Victor Hugo comprou prometendo que algumas vezes levaria Léo para a escola.
Não me senti muito confortável, admito, mas era nítida a felicidade do meu filho e devo admitir que de Victor Hugo também. Os dois juntos eram sinônimo de alegria e não seria eu a impedir.
Conversei com Hugo sobre como faríamos a respeito do meu emprego e se eu não deveria procurar outro, mas, prontamente ele recusou.
Vic ainda não havia se resolvido com o marido quando me fez um pedido que, em qualquer outro momento, eu teria recusado. Minha amiga pediu para fazer uma festa de aniversário para Léo. Vendo o quão triste ela e estava e me dizendo que aquilo a ajudaria a espairecer, acabei permitindo, mas garantindo que eu ia pagá-la cada centavo investido na festa, portanto, deveria ser algo pequeno.
Léo ficou apaixonado com a ideia e me agradeceu de forma tão exagerada que me fez pensar nas coisas das quais ele foi privado nos últimos anos por minha causa e de Mauro.
Lembro que quando Mauro morreu, tentei recorrer a minha família, mas meu pai fez questão de deixar claro que eles haviam me esquecido, que era como se eu nunca tivesse existido e simplesmente não voltei a procurá-los.
A vida da minha família não era ruim, nunca foram ricos. Apenas vivíamos bem. Diferente da família de Mauro que tinham dinheiro o suficiente para que os filhos, netos e talvez os bisnetos nunca precisassem trabalhar, o que não era o caso. De qualquer forma, as duas famílias nos viraram às costas.
Quando conheci Mauro no carnaval do Rio de Janeiro, não tinha a intenção de casar, nem mesmo ser mãe tão cedo. Estava morando em São Paulo há pouco tempo. Tinha deixado a casa dos meus pais no interior para estudar e no fim, minha vida mudou de cabeça para baixo.
~*~
— Ei, você precisa ir. — tento acordar Hugo e ele resmunga. — Vai, Hugo, o Léo já vai acordar. — mesmo dormindo juntos todos os dias, combinamos que não seria bom para meu filho vê-lo dormindo comigo.
Todos os dias, após Léo dormir, eu aviso Hugo e ele vem. Todos os dias, antes de Léo acordar, faço Hugo ir embora. É apenas a minha decisão para não bagunçar a cabeça do meu bebê.
— Não está na hora de contarmos pra ele? — questiona se esticando na cama e deixando o lençol deslizar do seu corpo, mostrando-o completamente nu.
— Ele só tem seis anos, Hugo. — argumento jogando suas roupas em cima dele.
— Léo é um garoto esperto, Helena. — Hugo me puxa e caio em cima dele. Meu velho pijama foi substituído pela sua camisa favorita que acabei roubando para mim. — Além do que, um dia eu vou pedir para você morarem comigo e...
— Tá louco? — sorrio nervosa.
— É uma ideia tão ruim? — ele parece magoado e antes que eu tenha chance de me justificar, Victor Hugo se levanta e começa a se vestir. — Eu preciso ir antes que perca meu voo.
— Volta pro aniversário dele?
— Vou tentar. — me dá um rápido selinho. — Prometo.
— Hugo...
— Te amo. — diz antes de sair.
Droga!

Meu Viúvo - (COMPLETO)Where stories live. Discover now