7: Homens Lagarto

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- Não, não tem a menor chance de eu sair com aquele esquisito

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- Não, não tem a menor chance de eu sair com aquele esquisito.

Mari nem deixou que eu terminasse de falar para me dar aquele tapa metafórico na cara.

Eu estava praticamente correndo atrás da loira pelos corredores do colégio, já que um passo seu era equivalente a dois meus, enquanto tentava puxar o ar e não morrer por insuficiência respiratória no meu processo nem um pouco fabuloso de perseguição que se iniciara há duas manhãs, quando vi a garota pela primeira vez depois da instauração do plano e comecei a insistir na ideia do encontro com Jader.

Desde então, continuava sussurrando a ideia como o diabo em seu ouvido sempre que tinha a oportunidade, na esperança que cedesse, e não que me mandasse ir de volta pro inferno.

- Olha, não vai te custar nada. Ele é muito legal. - falei com o máximo de convicção que pude, ainda tentando convencê-la de que seria um arco-íris maravilhoso sair com o Jader e com certeza não custaria muito da sua sanidade mental.

- Carmelita, ele usa estampa de bolinhas misturada com xadrez! - exclamou, dor quase palpável inundando as palavras. - Aquele garoto é um assassinato à moda!

Eu discordava da sua afirmação, até porque o conceito de moda é algo extremamente subjetivo. Alguns a veem como harmonia de tons e estampas, mas eu enxergava uma arte diferente na forma como Jader se vestia. De alguma forma meio torta, achava estiloso, apesar de esquisito para caramba.

- Vai, Mari, só tô pedindo um encontro. Por favor. - Súplica refugiou-se nas sílabas. - Ele tá me ajudando com uns negócios e só pediu isso em troca. Preciso de você, em nome da nossa falecida amizade!

Ela riu. Era um bom sinal.

Então, parou de andar e girou sobre seus tênis salpicados de brilho, as argolas douradas que pendiam nas laterais do rosto balançando no processo e, assim que as íris castanhas encontraram as minhas, um biquinho pensativo se formou nos lábios embebidos de batom rubro.

Mari era a garota mais estilosa que eu conhecia. Ela era o tipo de pessoa que conseguia encontrar, no mínimo, quinze combinações de roupas com pleno equilíbrio de padrões para um único sapato.

Toda vez que víamos Jader, na época que andávamos juntas, eu sentia que ela estava prestes a ter um infarto diante da forma incomum com que o ruivo se vestia.

- Um encontro, só isso. - cedeu, após alguns segundos.

Não pude conter um pulinho de felicidade.

- Olha, que eu só faço isso porque é você que tá pedindo. - Seu tom foi suave, seguido por um pequeno curvar de lábios que, automaticamente, replicou-se nos meus.

Perguntei-me, naquele instante, como tínhamos nos distanciado tanto.

Gostava de mentir para mim mesma e dizer que tinha sido um processo natural, mas sabia, no meu interior, que não era verdade.

Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Estou Fazendo AquiWhere stories live. Discover now