37: Todas as Constelações Inventadas

827 146 129
                                    

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

- Cactozinho, o que diabos você está fazendo aí atrás?

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

- Cactozinho, o que diabos você está fazendo aí atrás?

Era a milésima vez que Jader perguntava a mesmíssima coisa, com uma curiosidade quase palpável. E, como em todas as outras vezes, eu apenas soprei um riso baixo, ocultando o que meus dedos estavam esboçando nele.

Eu me colocara a inventar constelações nas suas costas, ligando os sinais que se espalhavam ao longo da pele clara com uma caneta, enquanto sorvia cada detalhe que o véu diáfano do crepúsculo alaranjado proveniente da janela derramava sobre o garoto.

Observava os movimentos preguiçosos dos seus ombros caídos em relaxamento perto do meu nariz, os cachos de concha escorrendo pela nuca em uma bagunça de fios e a iluminação suave que se desmanchava na parte de trás dos braços munidos de contornos sutis.

Sua pele repleta de sardas se abraçava aos ossos, evidenciando as curvas que eu sentia, rígidas, sempre que escorregava a ponta da caneta ao longo das suas escápulas.

A voz de Cássia Eller reverberava pelo quarto, entoando Por Enquanto da vitrola em cima da mesa repleta de lápis e papéis amassados, fruto de tentativas falhas minhas de fazer desenhos mais bonitos do que os Jader em um campeonato de ilustrações que resolvemos inventar, pouco depois de chegarmos na sua casa.

Perdi miseravelmente, é óbvio. Ele conseguiu fazer, até mesmo, um ouriço melhor do que o meu, sendo que ouriços são apenas bolas cheias de riscos que simbolizam espinhos. E, no caso dos esboços do ruivo, uma carinha sorridente habitual.

Quando não havia mais estrelas de sinais possíveis para traçar rotas, fiz um coração meio torto graças à minha coordenação motora duvidosa perto de onde o verdadeiro haveria de estar, irradiando suas flores e cores sob a pele. Depois, soltei a caneta no chão e pincelei um beijo em seu ombro, apoiando o queixo na região.

- Agora, me diz o que tu fez nas minhas costas. - pediu, quase suplicante, inclinando o rosto na direção do meu.

Seus lábios alcançaram minha bochecha, e eu reprimi o ímpeto de rir quando os pontinhos que começavam a se aflorar no seu queixo roçaram a pele.

Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Estou Fazendo AquiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora