11: Água-viva Multicolorida

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Talvez, você já tenha reparado que paciência não é o que eu mais cultivo no meu interior

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Talvez, você já tenha reparado que paciência não é o que eu mais cultivo no meu interior.

Pelo contrário; se a salvação do mundo dependesse de mim e necessitasse do uso abundante dessa virtude, o coitado certamente iria se desfazer em mil pedacinhos torrados no vácuo do espaço.

Portanto, dá para imaginar que a única coisa que se passou pela minha cabeça no meio daquela praça, suja de um suco estomacal que sequer era meu, foi pegar Jader pelas orelhas e lhe dar um chute no saco por ter batizado minha blusa com seu vômito.

O que dissipou meus pensamentos trucidantes foi a voz que ecoou no instante seguinte:

— Ei, tá tudo bem aí?

Merda.

Mil vezes merda.

Meus olhos se direcionaram até o foco do som e, em um segundo, se cruzaram com os de Antônio, que mirava nós dois há alguns metros com as sobrancelhas estreitas em uma expressão preocupada, o skate repleto de desenhos debaixo do braço.

Ele tirou as mechas do cabelo molhado de suor da testa com a mão livre, ressaltando sua expressão de galã de novela desenhada por entre as feições marcadas do rosto.

De fato, não dava para negar que ele era bonito para caramba.

— Sim! Tudo certíssimo! — afirmei, pondo-me de pé o mais rápido que pude, e Jader fez o mesmo.

— Desculpa, desculpa... — O ruivo se apressou em dizer, com uma expressão de pânico que, em circunstâncias normais, eu acharia hilária, mas naquele momento só servia para aumentar a minha vontade de escalpelá-lo.

— Desculpa é a minha testa, Jader! — Segurei-me para não aumentar o tom, aproximando meu rosto do seu para nenhuma parte daquela conversa ser audível para mais nenhum ser humano. — O que eu vou fazer agora? — Reduzi meu timbre a um paradoxal sussurro gritado, enquanto mirava a expressão analítica de Toni não tão distante de nós.

Quando o moreno começou a reduzir ainda mais esse espaço logo que se pôs a andar, pensei que meu corpo não seria capaz de comportar toda a raiva fumegante que ameaçava cozinhar meus órgãos internos.

Prendi a respiração assim que Toni estacionou na minha frente e suas orbes caíram, de forma imediata, até a região do meu tronco pintada de laranja.

Uma ânsia me subiu quando olhei a mancha que pincelava minha camiseta, mais uma vez. 

— Derramei refrigerante. — Foi a única coisa que consegui pensar.

Seus lábios se entreabriram em compreensão, o que quase me fez suspirar por constatar que não tinha visto o espetáculo de um minuto atrás.

— Você tá bem? — questionou para mim, genuinamente atento.

Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Estou Fazendo AquiWhere stories live. Discover now