Capítulo 48

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Talvez o mundo estivesse mesmo voltando pro lugar. Blair foi conseguindo, aos poucos, voltar a se alimentar normalmente, e não houveram novas recaídas ou episódios, pra paz geral. O processo levaria mais tempo no normal, mas ela era uma Herrera, e Robert estava usando tudo o que tinha a mão pra salvá-la (o que não era pouco). Não importava o quanto Blair progredisse, Anahí não saía de perto dela. Chuck a visitava, porém cada vez menos. As conversas dos dois morriam com facilidade, sendo que ela nunca deixava um assunto durar. Na verdade queria perguntar a ele sobre seu dia, sobre sua rotina, sobre coisas alheias, dizer que sentia sua falta... Mas se limitava a assentir.

As visitas eram as mais variadas. A família ia com freqüência, Rose ia todos os dias depois da escola, Clair era presença cativa. Mas houveram visitas inusitadas.

Blair: Oh, droga. – Gemeu, puxando o edredom. Não queria que Douglas a visse daquele jeito, mas ele permanecia normal.

Juliet: Não seja idiota. – Repreendeu, indo pro lado da mãe, que estava perto de Anahí, em uma poltrona.

Douglas: Ei, sumida. – Brincou – Certo que nós não somos a companhia mais interessante, mas você podia avisar antes de parar de aparecer. – Concluiu.

Blair: Sempre fui horrível dando desculpas. – Admitiu, dando de ombros.

Douglas: Blair... Você quer morrer? – Perguntou, tranqüilo. Anahí, em uma poltrona, virou o rosto de imediato, pronta pra partir pra briga. Que diabo de pergunta era essa? Ela viu a filha hesitar, o olhar distante e ia levantar, mas Kristen a deteve pelo ombro.

Blair: Não. – Concluiu – Cheguei a achar que sim, mas agora não. Só quero ficar boa e sair daqui. – Douglas sorriu, assentindo.

Douglas: Ótimo, então. Eu te trouxe um presente. – Disse, erguendo a mão – É pra você.

Blair apanhou o pequeno pote, que cabia na mão dela, sem entender direito, e desembrulhou. Era um pote de cerâmica clara decorada, com motivos florais, com terra dentro. Havia um sache preso no fundo do pote, sem identificação. Ela olhou a terra, confusa. A verdade é que Douglas sabia o nível das flores que estariam ali, e ele que ele não poderia competir com isso. Nate, por exemplo, todos os dias levava um buquê novo de flores diferentes pra irmã, flores que custavam o que dava pra sustentar uma família pequena por mês. O quarto sempre tinha o cheiro leve, a cabeceira da cama rodeado de arranjos caros. Ele nunca conseguiria levar nada que não fosse se destacar por ser inferior em meio aquilo tudo.

Então ele fez melhor.

Blair: Eu não... – Ela olhou de novo – Um jarro de terra. – Disse, como se talvez ao dizer em voz alta fosse fazer mais sentido.

Douglas: Tem uma flor plantada ai. Isso no sache é adubo. – Explicou – Cuide dela e de si mesma, assim enquanto você melhorar, ela vai florescer. – Concluiu. – Uma vez você me disse que adorava O Pequeno Principe. A metáfora da rosa. – Lembrou.

Blair: "Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que fez a tua rosa tão importante." – Citou, em uma lembrança agridoce. Fora Chuck que lhe dera aquele livro de presente, enquanto ainda eram muito novos, quase crianças – Obrigada.

Blair hesitou um momento, captando a mensagem, então sorriu. Era a primeira vez que sorria desde que soubera da morte do filho, e era um sorriso lindo, genuíno. Anahí sorriu levemente ao vê-la sorrir, sentindo como se finalmente tivesse um pouco de sossego após uma tormenta muito grande.

Juliet: É por isso que eu amo ele. – Comentou pra mãe, em tom baixo, sorrindo enquanto olhava o namorado. Kristen riu de leve.

E Blair cuidou. De si e da flor. Com ajuda da mãe molhava ela e quando o sache acabou, pediu ao pai que trouxesse mais. Enquanto a flor germinava, ela melhorava aos poucos. Enquanto isso, Clair e Nate não fizeram questão de esconder que estavam juntos. Blair adorou a novidade.

Ultimo Ato (Efeito Borboleta - Livro 5)Where stories live. Discover now