Capítulo 56

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*Musica começa nos 3:00m de video.


- Pressão em 9x6, caindo.

- Oxigenação oscilando. – Noticiou outro medico, acompanhando um monitor acima do rosto de Clair – Ela vai fazer uma parada cardiorrespiratória. – Alertou, soltando o monitor que olhava e puxando um carrinho pra perto.

No final, tendemos a lembrar do começo. Talvez por isso Robert, olhando Clair a sua frente, se lembrou do dia em que a trouxe a vida. Era Madison desacordada e a menina era pequenina, um choro frágil de dar dó quando ele a retirou da barriga da mãe. Ele viu a movimentação de médicos se agitar em volta dela, tentando reverter a situação, e se lembrou dela pequena... Uma Clair diferente dessa, de cabelos mais escuros e olhar doce, correndo e rindo com Juliet no jardim da torre branca.

É por isso que não se permite que médicos participem de operações onde existem situações emocionais envolvidas. Ele sabia o que aquilo significava; o transplante era a ultima cartada a dar. É claro, podiam tentar reverter a parada, estabilizá-la novamente com o pulmão direito... Mas haviam suturas por toda a parte, externas e internas, e ela estava muito debilitada pela operação. A falha no transplante era como o primeiro dominó caindo em uma fileira enorme, e ele sabia qual era o final. A idéia era tão horrível que o enojou.

Joseph: Ok agora, Robert. – Murmurou, afastando-o de perto. – Inclinem a cama, 45 graus pra baixo na cabeceira. – Instruiu, os olhos sérios acompanhando os monitores dela. A cama começou a baixar, deixando Clair inclinada na direção do chão. – 2mg de adrenalina.

Um enfermeiro se aproximou com uma seringa branca, apanhando o tubo do soro dela e injetando o liquido branco. A inclinação da cama fazia o sangue correr na direção da cabeça dela (sendo que ela estava na posição de rampa, a cabeça na direção do chão). Joseph puxou o cobertor azul marinho que a protegeu durante a cirurgia, revelando a nudez da garota, que vestia apenas uma calcinha azul claro. Clair certamente teria alguma piada pra fazer em relação a isso, mas agora não tinha como, branca como estava, o rosto tapado pela mascara.

Joseph: Você, apóie as costas dela com as duas mãos. Tente imobilizar a sutura. Você também. – Duas enfermeiras se aproximaram, e eram quatro mãos nas costas dela, mantendo-a reta. Joseph levou as duas mãos ao peito esquerdo dela, começando uma massagem que parecia querer encorajar o coração a bater.

Robert: Você vai romper os pontos. – Murmurou, se aproximando, os olhos observando. A massagem era a primeira idéia nesse caso, mas ela tinha um talho enorme nas costas – Segure o cabeça dela. – Direcionou. O rosto de Clair oscilava com os impactos no peito. Um enfermeiro segurou a cabeça dela delicadamente.

Joseph: Não vou. – Murmurou, continuando o que fazia como se o mundo dependesse daquilo.

- Pressão 9x6... Mantendo. – Atualizou. Robert franziu o cenho, olhando os monitores. – Oxigenação oscilando.

Robert: 1mg de adrenalina. – Joseph assentiu, os olhos concentrados – Aumentem a pressão do BIPAP.

Joseph: Vamos... Sua mãe me mata, garota. – Incentivou, reposicionando as mãos e continuando com o que fazia.

- Pressão em 12x8, subindo. – Robert sorriu, respirando fundo.

Robert: Sutura? – Checou, fazendo a volta a mesa. As quatro mãos mantinham ela firme no lugar.

- Estável. – Ele assentiu, erguendo o rosto.

- Pressão em 14x9, mantendo. – Atualizou, e Joseph sorriu parando o que fazia aos poucos. Clair tinha um tom vermelhinho no rosto – Oxigenação estabilizada.

Ultimo Ato (Efeito Borboleta - Livro 5)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora