01 - Ella

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Faltavam algumas horas para meu horário de trabalho começar. Estava nesse momento sentada no bar mais calmo do hotel observando os enfeites que os decoradores colocaram mais cedo. Algumas cascatas de pisca-pisca caiam do teto e acabaram por deixar o ambiente mais aconchegante. Com o ar condicionado ligado, até poderíamos fingir que estamos em um país Europeu frio. Só fingir mesmo pois tenho certeza que se pisar lá fora vou cair na realidade com o asfalto quente. Mesmo com a chuva caindo.

Havia também um vaso novo e decorado no fundo ao lado do piano preto, mas ninguém perceberia já que a maioria só entrava aqui preocupados com a parede de bebidas.

- Moça, Você está ocupando um lugar de cliente, se não for pedir nada, peço que se retire.

Eu olho pra frente e encaro Ian que está me olhando seriamente.

- Me dê uma água, da torneira, por favor.

Ian solta uma risada exagerada.

- O que te deu hoje? Está tão pensativa. Aconteceu alguma coisa? - Ele pergunta enquanto enxuga alguns copos e os coloca em ordem abaixo do balcão de vidro escuro.

- Nada, só pensando que o tempo tá passando rápido.

- Pois é. Nem me lembre disso, o aniversário da Dani tá chegando e esse ano irei passar com a família dela e queria morrer por um tempo pra não precisar ir.

- Não deve ser tão ruim.

- Ariella, a família da Dani é vegetariana. Você já passou um fim de semana sem comer carne? Pois é. Nem eu.

Eu acabo rindo do desespero dele. Deve ser realmente ruim passar três dias com uma família desconhecida. Porém, sei que ele não se importa realmente, no fundo ele está remoendo de felicidade por viajar com Dani. Esses dois deveriam se casar de uma vez e poupar os outros humanos de aguentar os dramas de quando eles se separam e voltam em seguida.

- O que vai fazer no feriado prolongado? Já decidiu?

- Sim, eu vou pra casa de uma amiga. Ela me convidou e eu aceitei. - Minto. Se eu dissesse que iria passar três dias trancada no quarto, ele provavelmente desistiria de viajar para ficar lamentando comigo pela minha falta de vida social.

- Certo, isso é bom. - Ele sorri amigavelmente e sai para a porta que leva ao armário. Provavelmente irá dormir enquanto não chega a hora de subir para o restaurante que é onde ele trabalha realmente.

Virei meu olhar em direção a janela alta de vidro da rua. Está chovendo e o clima com cara de frio. Seria divertido se subisse para meu quarto e assistisse algum filme fofinho até a hora de trabalhar, mas de repente minhas pernas só queriam ficar paradas, estava entediada e a simples ideia de subir para meu quarto depois descer novamente me prostrou. Eu deveria me exercitar, deveria não ser sedentária, mas poxa, meu quarto era sempre uma opção mais atraente do que uma academia.

- Entediada? - Uma voz em tom sorrateiro fez meus olhos desviarem da janela para o bar. Um homem vestindo uma camiseta branca e calças pretas havia entrado no bar e como se fosse em sua casa, pegou um copo e lhe serviu uma bebida. - Aceita? Por conta da casa hoje. - Ele diz entre uma risada baixa pra ele mesmo.

- Não posso, vou trabalhar daqui a pouco. - Digo ainda o observando. Ele da a volta passando pela entrada do balcão e senta-se na banqueta ao meu lado.

- São nove e meia, já não deveria estar no trabalho?

- São nove e meia, você vai mesmo começar o dia bebendo? - Devolvo com outra pergunta.

- Isso não é da sua conta. - Ele responde, mas no fundo há um tom amigável. Pelo menos meu inconsciente espera que sim.

- Eu digo o mesmo então.

O muito que Ella senteTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang