36 - Ella

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O quarto que Lara me arrumou era o menor de todo o hotel. O menor de todos os outros quartos de funcionários. Eu sabia que ela fez de propósito pois me odiava depois que ferrei seus planos com Miguel. Bom, não fui eu, mas indiretamente foi...

No quarto havia uma cama, um armário embutido e um criado mudo. A janela era apenas um vasculhaste pequeno no alto da parede. Se fosse debaixo de alguma escada, poderia me sentir o próprio Harry Potter só que um pouco mais claustrofóbica.

Hoje eu teria que focar um pouco nos estudos pois minha prova seria amanhã e estava ansiosa pois saberia se me formaria ou não no ensino médio... felizmente acho que estou preparada, não deve ser tão difícil se pegar de base os simulados que fiz nos últimos dias. Estava voltando de uma das minhas aulas de piano quando meu telefone tocou. Era um número desconhecido.

- Professora, o papai tá dormindo no chão. Ele não acorda, eu to com medo, professora! - A voz de Maria era desesperada. Ela chorava e fungava entre as palavras embaralhadas.

- Maria, você tá em casa? Está só você e o papai?

Essa não era a primeira vez que ela inventava desculpas para que eu fosse até sua casa então precisava ser cautelosa.

- Sim, eu to com medo.

Por mais que não fosse a primeira vez que ela fala isso, dessa vez eu sabia que ela não estava fingindo. Aquilo era um choro real. Ela estava desesperada.

- Eu estou indo. Abra a porta pra mim, você pode?

- Sim.

Desliguei a chamada e abri meu bloco de notas. Abri o endereço que Maria já tinha me passado e estendi para o motorista do carro que peguei.

- Eu preciso ir para esse endereço, por favor.

Em cinco minutos estava na porta da casa de Miguel. Aparentemente estava diferente. Maior talvez.

Toquei no interfone e a voz de Maria atendeu e logo abriu.

- Professora Ella. - Ela grita chorando e correndo para me abraçar. - Ele vai morrer?

- Onde ele está?

- No quarto dele.

Ela me guia com a mão na minha e eu não deixo de perceber que a casa parece outra nova. Está totalmente diferente.

Entramos em uma porta e encontramos um quarto. Logo avisto Miguel deitado no chão e inconsciente ao pé da cama. Um desespero me bateu. Não colocava tantos créditos na voz de Maria, mas agora... Meu Deus... eu preciso ligar para uma ambulância.

- Ele está dodói?

- Eu não sei.

Me aproximei e bati levemente em sua bochecha. Ele não acordava.

O que eu faço!?

- Miguel, por favor, acorda, por favor.

Eu acho que terei que ligar para ambulância. Certo?

- Maria, busque água por favor. - Peço a ela para que ela saia do quarto por um instante.

- Tá bom. - Ela sai apressada para fora.

- Miguel. Por favor, Maria está assustada. Por favor, acorde. Não faça isso com ela.

Verifiquei sua respiração e estava normal. Só me restava ligar para o socorro.

Peguei meu celular e com as mãos tremulas digitei os números. Eu estava nervosa.

- Não liga para médico. - Escutei ele dizer. Mirei meu rosto para ele.

O muito que Ella senteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora