59 Ella

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-- Professora, eu não quero viajar. - Maria choraminga deitada em meu colo.

Havia algumas horas que estávamos voando em uma espécie de jatinho que tinha o logo das empresas dos pais de Lucas. Ele me garantiu que estaria tudo certo quando chegássemos a ilha onde Miguel estava. Haveria um carro nos esperando onde já haveria um carro que nos levaria para o hotel onde já haveria também uma reserva no meu nome.

-- Vai ser divertido, Mia. Faz tanto tempo que não vou a praia. Fiquei sabendo que há um parque de diversões ao lado. Você vai gostar.

-- Eu queria ficar com tio Lucas e a tia Isa. -- Ela resmunga.

-- Tá me dizendo que prefere ficar com seu tios do que comigo? Assim me magoa, Maria Renler.

-- O que eu estou dizendo é que eu queria ficar quietinha em casa. A gente pode voltar? Você fica comigo em casa. Por favorzinho. -- Maria implora agora se sentando e abraçando meu pescoço como uma macaquinha se pendurando em mim.

-- Mas a gente já ta chegando. Você vai me deixar sozinha nesse lugar que não conheço ninguém? E se aparecer alguma pessoa ruim e quiser me machucar? Eu grito pra quem me ajudar?

-- Tudo bem, eu acho. -- Ela parece pensativa. -- Mas só por isso.

Chegamos a conclusão que seria melhor não contar a Maria o motivo da viagem. O motivo, bom, não querermos criar falsas esperanças nela. Se Miguel não quiser vê-la, isso a deixará pior que já está. Apenas dissemos que ela faria uma viagem comigo a lazer. Não era bem uma mentira pois Lucas me garantiu que era um resort ou algo assim.

Tempo depois quando o avião finalmente pousou, precisei de um tempo para fazer Maria acordar do sono que acabou de entrar. Ela resmungou bastante e estava claramente mal humorada.

-- Isa Bianchi e Maria ? -- Um homem bem vestido se aproxima de nós quando descemos no aeroporto.

-- Sim. Você é?

-- Pode me chamar de João. Trabalho no resort que a senhorita está hospedada. Você gostaria de ver a identificação?

-- Ah, não há necessidade...

Digo, mas ele já me mostrava o crachá com uma foto dele sorrindo. Era até bonitnho.

João nos levou pelas ruas da ilha até entrarmos por um portão enorme. Foi então que meu espanto começou. Aquilo era um hotel? Era enorme. Havia cascatas de agua, lagos, piscinas e jardins por todo o local. Fora o hotel que conseguia ser mais luxuoso que o que eu trabalhava meses atrás.

Quanto seria a estadia num hotel desses? Jesus misericórdia.

Chegamos no estacionamento e Maria se arrastou lentamente para fora do carro. Ela parecia um lagarta preguiçosa e pouco interessada em qualquer parque ou qualquer piscina do local.

-- Eu quero dormir, professora. -- Ela reclama segurando minha mão enquanto andamos por uma estrada que leva ao hotel. Maria ignora todos os detalhes do local e eu me sinto a unica criança entre nós duas pois diferente dela, observo cada canto e cada pedacinho. Também porque estou a procura de um detalhe em específico.

Mas não encontro.

Passamos na recepção e pegamos a chave do quarto. Fiz Maria subir quatro andares de escada e ela reclamou mais ainda. Quando a porta do quarto se abriu ela apenas se jogou na primeira cama que viu e ali ficou.

Eu realmente não sabia o que fazer. Tinha três dias para encontrar Miguel e convence-lo a voltar comigo e com Maria. Além de convencer uma criança irritada a sair para brincar.

O muito que Ella senteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora