61 Ella

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Eu conseguia segurar meu choro. Estava me sentindo vazia.

Entrei no quarto e fechei a porta. Respirava com força, mas não conseguia me acalmar.

O peso de tudo começou a me bater.

Miguel não ligava para Maria... como eu contaria isso a ela? Ela estaria sozinha agora?

Lara conseguiu estragar meus últimos anos e agora ela realmente pagou para alguém fingir ser pai do meu filho para que Miguel não soubesse que era dele.

Eu estava sozinha com uma criança em um quarto de hotel pagado pela família do cretino do meu ex.

Eu seria mãe solteira e ainda teria chances de ser gêmeos.

Como eu cuidaria de gêmeos se sou louca?

Como vou conseguir cuidar de duas crianças se minha cabeça não é certa!?

Como vou me mudar para a casa dos meus avós e dar essa responsabilidade para eles?

Eu não tinha mais controle das minhas mãos. Minha respiração estava descompassada. Estava sentada no chão e não sabia o que fazer. Meu corpo todo se remoía e se encolhia.

Eu precisava alcançar meus remédios.

Me arrastei até a mesa, mas não estava lá. Estava na minha mala. Eu teria que entrar no quarto se quisesse pegar.

Eu não iria acordar Maria.

Respira, Ariella... Respira... eu repetia em minha mente.

Vai ficar tudo bem.

' Não vai ficar tudo bem' minha mente gritava em resposta. ' você não consegue controlar nem sua respiração, imagina a vida'

- Vai ficar bem, está tudo bem. -- Eu repetia em sussurros desesperados.

Meu corpo balançava pra frente e para trás.

-- Ariella. Foca na minha voz. Para de pensar nisso.

A voz era de Miguel.

Não, eu acabei de brigar com ele, ele não viria atrás de mim.

E eu tranquei a porta.

Eu tranquei a porta, não tranquei? Eu não me lembro.

Meu Deus, eu não me lembro, eu estou ficando doida.

-- Você não está louca, Ariella. Olha pra mim, eu estou aqui.

Abri meus olhos por um instante e avistei Miguel abaixado ao meu lado.

Eu falei tudo aquilo em voz alta? Eu não sei...

-- Vem comigo, meu amor. a gente vai resolver tudo.

A voz dele era calma. Muito calma e me deixava um pouco mais na direção certa.

-- Eu não sou perfeito, Ariella, mas eu preciso que você tenha paciência comigo. Você consegue. Eu sei que sim.

-- Eu estou ficando louca, Miguel. -- Choramingo.

-- Não, não está. Você só está em uma fase ruim. Mas ela já está acabando.

Respirei um pouco mais com dificuldade.

Demorou um tempo para que eu votasse a abrir o olhos. Me deparei então com uma cena um pouco constrangedora. Estávamos  embaixo da mesa. eu como sempre encolhida e Miguel me abraçando.

O muito que Ella senteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora