48 Ella

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Acordei e por instinto tentei me levantar para procurar as horas, mas meu corpo foi puxado para baixo com um braço sobre minhas costas.

O quarto estava meio escurecido, mas já era dia pela fresta de luz vinda da cortina que descia a parede do quarto de Miguel, esse que dormia tranquilamente ao meu lado. Hoje ele não iria para o jornal, mas eu sabia que logo acordaria procurando seu notebook para começar a digitar algum texto. Ele era viciado em trabalho. Completamente.

Sua expressão leve e natural me fizeram sorrir. Miguel era tão lindo. Sua expressão de paz me comoveu pro alguns instantes. Eu não era acostumada com ele assim. Um dia ele estava todo sarcástico e brincalhão e nos outros era sério e cansado.

Ele tinha apenas vinte e quatro anos e lida com responsabilidades que eu mesma não conseguiria.

O observei dormir por mais algum instante. Naquele momento meu coração batia um pouco mais rápido que o normal.

Miguel era dedicado ao trabalho, se esforçava ao máximo para cuidar da filha e ainda por cima está me ajudando a mudar minha vida. Ele não podia ser real. Não, eu nem o merecia. De todas as más sorte que deu na vida, ele foi a melhor de todas.

Certamente não queria me levantar, mas preciso realmente fazer xixi.

Com todo cuidado, tirei o braço de Miguel de mim e saí da cama pela parte de baixo. Catei meu pijama e o vesti com rapidez para poder sair e procurar um banheiro.

Encontrei o banheiro, mas depois de usá-lo decidi não voltar ao quarto, já eram oito e meia e logo teria que procurar algum rumo na vida, como por exemplo procurar a mãe de Miguel e implorar um emprego.

Sentei no sofá com meu celular e tomei a decisão mais difícil até agora: mandar mensagem para Ian. Disse apenas que parei de trabalhar e me mudei do hotel. Ele me responderia somente mais tarde.

- Professora Ella? - A voz de Maria me faz virar em sua direção. Ela estava com um pijama todo azul com bolinhas e arrastava uma manta branca pelo chão.

- Oi Lindinha. - Eu Sorrio para Ela. - Vem cá.

Ela se arrasta sonolenta pela sala até se deitar ao meu lado e se apoiar no meu colo.

- O Papai sabe que você está aqui?

- Sim. Ele me convidou.

- Convidou? - Ela pergunta se levantando um pouco para me observar.

- Sim. Eu parei de morar no hotel. Seu papai deixou que eu dormisse aqui até encontrar uma casa pra mim.

- Você vai morar com a gente!? - Ela pergunta animada. Animada demais.

- Não, Maria. Vou apenas passar alguns dias. Só essa semana provavelmente.

- Ah. - Suspira desanimada.

- Que desanimo é esse? Assim vou pensar que não está feliz com minha presença.

- Não estou desanimada. É que pensei que...

- Pensou o que?

- Nada não.

- Nada não?

- Sim.

- Ah mas você vai me contar. - Me aproximo dela e começo a fazer cócegas nela que começa a rir em disparada.

- Para, por favor. - Ela pede sorrindo e tentando dar o troco, mas eu a cubro com a manta tampando sua cabeça também.

Maria salta em minha direção e acaba caindo em cima de mim. Ela tentava me fazer cócegas, mas suas habilidades eram bem vagas.

- Mas não se pode dormir sem ser incomodado nessa casa? - Miguel entra na sala fingindo um stress que não sentia de verdade.

O muito que Ella senteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora