OITO - Parte 2

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Alessio me coloca no chão assim que entramos na parte mais aberta da caverna, saindo da parte estreita que dá na mata.

— Vou pegar uma toalha — ele fala.

Não sei se uma vai ser o suficiente.

Encaro suas costas enquanto ele passa pela fogueira acesa. Isso foi uma péssima ideia. Era melhor ter voltado para a hospedaria não importa o tanto que eu fosse ficar ensopada. Mas não quero fugir disso, o que quer que isso seja que fez Alessio agir daquele jeito. Preciso entender.

Suspiro e inclino a cabeça para a frente. Meu cabelo está pingando, o que com certeza não é nenhuma surpresa considerando o temporal que está caindo, mas desse jeito vou precisar de três toalhas só para dar um jeito nele. Junto o cabelo todo na mão e começo a tentar a tirar o máximo possível da água da chuva.

Droga. Eu estou ensopada. Minhas roupas, meus tênis, tudo. Devia ter pensado melhor antes de falar que ia vir para cá, porque não faço ideia do que vou fazer sobre isso agora. Ugh.

Por que é que eu tenho que ser tão coração mole assim? Foi só Alessio olhar para mim daquele jeito que eu praticamente esqueci como ele foi grosso comigo, antes. Antes, quando ele me trouxe para a caverna também.

Se isso acontecer de novo, vai ser a última vez. Não vai ter mais nenhuma chance não importa como ele olhe para mim.

— Aqui.

Levanto a cabeça. Eu nem ouvi Alessio se aproximar, mas ele está parado na minha frente e segurando uma toalha.

— Obrigada.

Pego a toalha, jogo o cabelo todo para a frente e enrolo a coisa toda. Odeio fazer isso normalmente, meu cabelo fica uma droga quando deixo ele secar assim, mas vai ser o jeito mais fácil de secar isso agora.

Alessio me encara por mais um instante antes de suspirar e olhar para baixo.

— Posso pegar mais toalhas se quiser... Ou então pode só ficar perto do fogo mesmo e esperar até tudo secar. Eu só não vou ter nada para te emprestar.

Nada...? Roupas. É disso que ele está falando. É por isso que está olhando para o chão, porque está sem jeito.

Droga. Era mais fácil quando eu podia só falar que ele tinha sido um babaca.

Hmm. Faz sentido ele não ter nenhuma roupa aqui. Eu acho. Pelo menos nas vezes que vi ele, Alessio não estava usando nada. Até porque seria um crime esconder o corpo dele.

Ugh. Menos. Bem menos.

— Acho que a fogueira já resolve.

Ele assente e volta mais para dentro da caverna, para perto da fogueira. Vou atrás dele. O que eu me lembro da outra vez está certo: não tem nada para me sentar aqui perto. Não que ele precise de cadeira ou coisa assim – até porque não consigo nem imaginar como ele se sentaria em uma cadeira. Não. Até consigo. Mas não parece que seria tão confortável assim.

Me sento no chão ao lado da fogueira e paro. Meu celular. Tiro ele do bolso depressa antes de cruzar as pernas. Ótimo. Pelo menos não sentei em cima dele e ele não chegou a ficar molhado para valer. Bendito short jeans. Não vou reclamar, mesmo que eu tenha certeza de que vai demorar uma vida para ele secar.

E não tenho sinal no celular. Claro.

— Nós atravessamos os véus — Alessio fala.

Óbvio.

— E não tem sinal desse lado, certo.

Suspiro e coloco o celular no chão também. Pelo menos tenho bateria o suficiente para algumas tantas horas de joguinhos, se esse temporal não passar. Só espero que Vanessa não fique preocupada.

Água e Fúria (Entre os Véus 2) - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now