37. fifty cents and a yellow blanket

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AVISO: sei que não é mais uma surpresa pra vocês mas mesmo assim resolvi avisar. Esse capítulo contém cenas de estupro/relação não consensual, se você for sensível a isso, sugiro que pule ou de uma pausa, respira e volta a ler. Volto a lembrar que nem eu nem a tradutora somos a favor de relacionamentos desse tipo.

E pra quem leu as notas finais do último capítulo e viu o pedido de namoro que fiz k ela aceitou tá gente 💜

Boa leitura! :)

O anoitecer manchava o céu com azuis suaves e precisos, espalhando a cor através das nuvens enquanto Jihyun voltava para casa. O frio mordiscou sua pele, abrindo caminho através dos rasgos surrados em sua jaqueta. Ele estremeceu um pouco com o ar do outono, esfregando os braços enquanto se agitava entre lâmpadas de rua.

Não que ele não tivesse um lugar para ir. Ele só não queria ir para lá. Sua caminhada da escola para casa era a melhor parte do seu dia, e muitas vezes ele se viu perdido, andando e virando em novas ruas só para ver se ele poderia se perder por mais algumas horas.

Jimin geralmente estava com ele. Mas seu irmão mais velho começou a dançar na rua, passando mais e mais tempo longe de casa. Longe de Jihyun.

Mas Jihyun não se importou. Jimin ainda o atormentava durante todas as horas do dia, chegando mesmo a abandonar as aulas para tentar localizar Jihyun sozinho. De alguma forma, encontrou uma maneira de fazer as senhoras do almoço lhes darem comida, mesmo que não tivessem dinheiro. Invadiu o achados e perdidos procurando por casacos ou jaquetas que eles pudessem usar, sempre dando a Jihyun a mais calorosa, a melhor. Fez com que Jihyun estivesse sempre seguro, sempre alimentado, sempre aquecido à noite.

Então Jihyun ficou feliz em ver seu irmão fazer algo por si mesmo. Significava apenas que Jihyun andava mais longe toda noite, nunca querendo voltar para casa. Porque, embora a mãe deles tivesse prometido parar com as drogas, e mesmo que o pai prometesse repetidas vezes não beber, sempre era a mesma coisa quando ele entrava pela porta.

Promessas quebradas.

Agulhas

Punhos

Jihyun vagou um pouco mais, empurrando-o de sua mente. Perambulou e vagou até que a luz fosse arrancada do céu, enlaçada em sua cabeça. Até que ele olhou para as estrelas e se perguntou quanto tempo ele estava andando. Até que o frio começou a queimar sua pele, dando a ele motivo suficiente para encontrar um lugar quente novamente.

Então ele se virou. Caminhou de volta, lentamente traçando o caminho que ele havia tomado. Honestamente, não se importaria de nunca mais voltar para casa se não fosse pelas pessoas que o forçaram a ficar com seus pais. Não queria deixar Jimin também.

E então ele voltou para casa, sabendo que sua mãe provavelmente estaria chapada e seu pai ainda nos bares. Apenas preocupado com Jimin preocupado.

E quando chegou aos degraus de cimento rachado, a grama morta, as pontas de cigarro e as janelas cheias de tábuas, ele sabia que estava em casa. Apenas olhou para a porta da frente como ele fazia todas as noites, imaginando por que ele tinha que entrar. Por que uma criança de dez anos não poderia simplesmente viver sozinha, fazer o seu próprio caminho pelo mundo porque os adultos eram inúteis.

Ele suspirou, empurrando as pernas para avançar, encolhendo-se em cada passo. Não queria, não queria fazer o que fazia todas as noites. Não queria ver as pessoas que deveriam ser seus pais. Não se importava se ele os via ou não.

E foi aí que ele e Jimin diferiam.

Porque o apego de Jihyun a seus pais era apenas através de um lugar quente para dormir à noite, já Jimin realmente se importava. Na verdade, se importava com as pessoas que fizeram das suas vidas um inferno.

Love and Hate Sound Just the Same to Me || Jikook || {pt-br}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora