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ANY G.

Eu não achei que uma pessoa precisasse de tantas coisas, mas Noah me surpreendeu de verdade. O pior era que eu nem sequer havia começado o trabalho como sua secretária na empresa e só o cargo de assistente pessoal foi capaz de arrancar todas as minhas energias naquele dia. Eu tive até mesmo que fechar as cortinas da sala dele depois que seu expediente acabou. Sério, qual a dificuldade em levantar e fazer isso sozinho? E vale frisar que ele foi um dos últimos a deixar a empresa, então eu saí de lá bem tarde. Pelo menos eu pude ver a embalagem vazia dos cupcakes na lixeira. Ele disse que não gostava de doces, mas deixou apenas as migalhas.

Quando cheguei em casa, Nour estava meditando sobre um tapete de ioga no chão.

— Chegou tarde. — ela disse. — Como foi o seu primeiro dia?

— A palavra mimado não parece ser um termo bom o suficiente pra descrever o meu chefe. — bufei, me jogando no sofá.

— Suas calças estão sujas de terra. — apontou para minhas pernas.

— Ah, desculpe. — deslizei pelo sofá até chegar no chão. — E ele poderia ter me mandado vir pra casa trocar de roupa, mas você acha que ele se importou com o fato de eu estar parecendo uma sem teto dentro da empresa? Claro que não! — reclamei irritada. — Era pra isso ser mais fácil.

— O Noah não é um homem fácil quando se trata do trabalho, querida. — sorriu fraco. — Ele não é assim fora da empresa. A verdade é que eu tenho ótimas conversas com ele quando nos vemos, é um rapaz adorável quando não está sendo profissional.

— Acredito nisso. — fui sincera. Eu o vi ser adorável sozinho em sua casa, então por mais que estivesse com raiva do modo como ele me tratou, ainda estava esperançosa. — Apesar de tudo, acho que eu consigo lidar com ele.

— E como você faria isso?

— Bom, eu o obriguei a comer cupcakes hoje.

— Doces? Ele não gosta de doces. — falou com estranheza.

— Parece que ele mente para as pessoas sobre isso. — ri.

— Está de parabéns, isso é incrível. — riu também.

— Valeu. — tomei impulso para ficar de pé. — Agora eu só quero tomar um banho e dormir.

— Por que não vem meditar um pouco? Vai se sentir melhor. — sugeriu.

— Obrigada, Princesa Mad, mas eu estou atordoada de tanto sono. — bocejei, passando por ela.

— Me chamou de quê? — perguntou num tom sério.

— Uh? — virei para ela novamente, sem entender a pergunta.

— Do que você me chamou?

— De Nour. — falei como se fosse óbvio.

— Não. — ela ficou de pé e continuou com o rosto sério. — Você me chamou de Princesa Mad.

Eu tomei fôlego e depois soltei o ar lentamente. Eu havia cometido um deslize só por estar um pouco cansada.

— Você ouviu errado. — foi a única coisa que eu pensei em dizer.

— Não ouvi não. — deu alguns passos na minha direção como se estivesse prestes a me atacar.

Eu me afastei e olhei para ela com estranheza, tentando fazer ela achar que a situação era muito mais estranha para mim do que para ela.

— Por que eu te chamaria assim? — perguntei.

— Me diz você. — cruzou os braços. — A minha irmã me chamava assim. Só a minha irmã.

— Tem certeza que você ouviu bem? — insisti com a ideia de que ela não ouviu direito.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now